Controle químico de pragas

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

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O controle químico de pragas consiste no uso e aplicação de substâncias químicas que levem a redução ou extinção das populações de organismos considerados pragas, tanto em áreas rurais quanto urbanas. As pragas constituem qualquer tipo de ser vivo que cause danos a bens de consumo ou patrimônios humanos ou representem risco a saúde através da disseminação de doenças. Para isso, são utilizados agentes praguicidas (ou pesticidas), que matem, expulsem ou incapacitem as pragas. Os inseticidas são uma classe específicas destas substâncias que afetam apenas insetos, podendo ter efeitos específicos sobre os ovos, as larvas ou os organismos adultos, matando-os ou bloqueando sua capacidade motora ou reprodutiva.

Desde que as comunidades humanas deixaram de lado o hábito nômade e começaram a construir cidades graças ao advento da agricultura, ficou claro que insetos e outros organismos poderiam se tornar uma ameaça à segurança alimentar bem como à saúde geral das pessoas. Um exemplo clássico disso são as grandes nuvens de gafanhotos que surgem esporadicamente, consumindo plantações inteiras e causando grandes prejuízos socioeconômicos. Assim, tornou-se necessário desenvolver mecanismos para controlar e erradicar essas pragas, diminuindo seus efeitos nocivos.

O "fumacê" é comumente utilizado para eliminar diversas espécies de mosquitos, como Aedes aegypti, transmissor da Dengue e Zika. Foto: Sukjanya / Shutterstock.com

Pragas rurais

As pragas que afetam plantações são muito variadas, ocorrendo desde insetos à fungos. Alguns exemplos das principais pragas agrícolas brasileiras são: o percevejo Dichelops barriga-verde (que afeta a soja e o milho), a lagarta Helicoverpa (que, dependendo da espécie, pode consumir milho, algodão ou soja), a planta daninha Amaranthus palmeri, o caruru-palmeri (planta que pode infestar qualquer cultivo), o besouro Anthonomus grandis, ou bicudo do algodoeiro (que ocorre em algodão), a mosca-branca Bemisia tabaci (que ocorre nas plantações de tabaco, soja e milho), o fungo da ferrugem-asiática da soja, Phakopsora pachyrhizi, a lagarta-do-cartucho do milho, Spodoptera frugiperda (praga do milho, soja e algodão) e a bactéria HLB que causa o greening em laranjeiras.

Para evitar a disseminação das pragas, existem uma série de protocolos para o uso de agentes químicos de controle. Na fase inicial de plantio, inseticidas podem ser aplicadas nas folhas no primeiro mês de cultivo, utilizando formas mecanizadas ou individuais (borrifadores) de aplicação. A maneira a ser escolhida depende de alguns fatores, como o orçamento, tipo de praga e escala da plantação. Quando utilizados aviões, por exemplo, deve-se ter em mente o risco de contaminação das áreas adjacentes. Neste estágio, é importante escolher produtos químicos diferentes daqueles utilizados na proteção da semente, para que haja sobreposição de efeitos protetores.

Pequenos aviões são utilizados para borrifar agrotóxicos em plantações. Foto: Gavin Baker Photography / Shutterstock.com

Ao longo do crescimento das plantas e dos ciclos de cultivo, o monitoramento eficiente das pragas auxilia o uso consciente de defensivos químicos. O Brasil possui uma lista extensa de produtos químicos com uso permitido pelo Ministério da Agricultura, incluindo até mesmo substâncias de uso proibido no resto do mundo, como o tricolfon, o forato e o carbofuran (que possuem efeitos tóxicos danosos a saúde humana e de animais). O mais aconselhado é sempre evitar o uso constante, buscando formas mais naturais de controle, como o uso de agentes biológicos ou a técnica de controle por cultivo (fazendo o plantio de uma espécie vegetal que não seja desejável para a praga em questão).

Pragas urbanas

As pragas que preocupam cidades são relativamente diferentes daquelas das áreas rurais, pois normalmente elas são vetores de doenças ou causam perdas econômicas relacionadas a danos estruturais. Métodos relacionados a armadilhas com substancias que causam envenenamento são empregados para controlar as populações de ratos, lesmas, baratas, cupins, formigas e algumas espécies de aves, como os pombos. Outra técnica de controle químico de pragas amplamente empregada no meio urbano é a fumigação, que pode ser preventiva (evitando a infestação) ou remediadora (depois de constatada a presença da praga). Nesta prática, produtos químicos em forma liquida ou gasosa são disseminados em ambientes fechados para combater pragas que causem danos estruturais, como besouros, traças, cupins e formigas, ou insetos vetores de doenças como mosquitos. Normalmente, para funcionar de modo efetivo, estes compostos tem uma janela de ação de algumas horas ou dias, causando a migração ou morte das pragas.

Referências:

https://blog.aegro.com.br/

Bonnefoy, X., Kampen, H. and Sweeney, K., 2008. Public health significance of urban pests. World Health Organization.

Graca, J.D., 1991. Citrus greening disease. Annual review of phytopathology29(1), pp.109-136.

Hoffmann-Campo, C.B., Moscardi, F., Corrêa-Ferreira, B.S., Oliveira, L.J., Sosa-Gómez, D.R., Panizzi, A.R., Corso, I.C., Gazzoni, D.L. and Oliveira, E.D., 2000. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado (p. 70). Londrina: Embrapa soja.

Arquivado em: Agricultura, Ecologia, Química
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