Répteis escamados

Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)

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Os répteis escamados (Squamata) é o grupo dentro da Classe Reptilia com a maior variedade de espécies, sendo atualmente 10.450 espécies. No Brasil, até o atual momento, já foram registrados 731 répteis, sendo 266 lagartos, 73 anfisbênias (cobras-cegas) e 392 cobras. Eles possuem corpo recoberto por escamas e de tempos em tempos a parte externa da epiderme, mais antiga, é abandonada por estes animais, dando lugar a uma nova epiderme. No grupo dos lagartos estão as iguanas, os camaleões, outros tipos de lagartos e as cobras. No grupo das anfisbênias estão animais sem membros anteriores e posteriores que cavam o solo e são popularmente chamados de cobras de duas cabeças ou cobras cegas.

Lagarto-de-gola (Chlamydosaurus kingii). Foto: Susan Schmitz / Shutterstock.com

A Ordem Squamata foi agrupada por cladistas que se basearam em mais de 140 caracteres, sendo a principal característica a presença de órgãos copuladores pares e eversíveis (hemipênis). A Ordem Sphenodontida (das tuatara, família Sphenodontidae) é a linhagem irmã dos escamados e uma das características comuns às duas linhagens é a ocorrência de mudas da pele e a abertura transversal da cloaca ao eixo do corpo que nos demais grupos de répteis (crocodilianos e quelônios) são longitudinais. Os escamados estão distribuídos por todos os continentes, exceto Antártida. A hipótese cladística mais aceita atualmente subdivide os Squamata em dois clados (Subordens): Iguania (iguanas e camaleões) e os Scleroglossa (todos os demais lagartos, anfisbênias e serpentes).

Os Iguania são representados por uma diversidade de formas, divididos em duas Infra-Ordens, Acrodonta e Pleurodonta. Os Acrodonta estão distribuídos na Europa, África e Ásia e incluem os grupos parafiléticos Agamidae e os Chamaeleonidae. Já a Infra-Ordem Pleurodonta (conhecido também pelo nome Iguanidae) está mais amplamente distribuído pelas Américas, Fiji, Tonga e Madagascar. Estão representados pelas famílias Corytophanidae, Crotaphytidae, Hoplocercidae, Iguanidae, Leiocephalidae, Leiosauridae, Liolaemidae, Opluridae, Phrynosomatidae, Polychrotidae e Tropiduridae.

A subordem Scleroglossa é dividida em três infraordens: Gekkota, Scincomorpha e os Anguimorpha, bem como em anfisbênias e serpentes. O clado Gekkota é representado por pela família Gekkonidae (das lagartixas) que possuem hábitos de escalada e noturnos, assim como pela família Pigopodidae (dos ápodes) da Austrália. Este é um grupo considerado monofilético, sendo a pedomorfose um caractere importante na diversificação do grupo. Os Scincomorpha são os lagartos das famílias Scincidae, Cordylidae, Lacertidae e Teiidae. Os Anguimorpha são largamente reconhecidos como um grupo monofilético. Apesar de ainda não haver consenso no meio científico, os Anguimorpha compreendem os Anguioidea e os Varanoidea.

Em relação às cobras, elas são consideradas um grupo monofilético, que inclui dois táxons-irmãos, Scolecophidia e Alethinophidia. Os Scolecophidia são pequenas serpentes, de hábitos fossoriais (subterrâneos), popularmente conhecidas como cobras cegas, pela redução dos olhos, que em geral são recobertos por uma escama semitransparente. São representados por três famílias: Leptotyplodidae, Typhlopidae e Anomalepididae. A infraordem Alethinophidia é subdividida em dois clados, Anilioidea e Macrostomata. Os Anilioidéos são caracterizados por se alimentarem de presas relativamente pequenas que geralmente não excedem o diâmetro de suas cabeças. Já os Macrostomata são caracterizados pela alta capacidade de ingerir presas superiores ao diâmetro de suas cabeças (ex. Jiboias).

Jiboia. Foto: Anton_Ivanov / Shutterstock.com

Os Amphisbaenia (anfisbênias) são escamados que apresentam hábito de vida subterrânea (fossorial) e geralmente são ápodes. O clado é atualmente dividido em cinco famílias: Amphisbaenidae, Rhineuridae, Bipedidae, Trogonophidae e Blanidae.

Referências Bibliográficas:

Lopes, Sônia. Bio: volume único. In: Chordata II, Répteis. 1 Ed. 2004. São Paulo, Saraiva: 357-361 p.

Bérnils, R. S. & H. C. Costa. 2015. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2015.2. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/ Sociedade Brasileira de Herpetologia. Acesso em 31 de maio, 2017.

Nogueira, Cristiano & Hülle, Beto. Squamata: origens e relações evolutivas. <http://www.ib.usp.br/~crinog/origens.htm> Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, Acessado em 31 de maio, 2017.

Uetz, P., Freed, P. & Jirí Hošek (eds.). 2016. The Reptile Database. Disponível em:
http://www.reptile-database.org/ Acesso em 31 de maio, 2017.

Hsiou, Annie Schmaltz . Lagartos e serpentes (Lepidosauria, Squamata) do Mioceno médio-superior da região norte da América do Sul. Tese (doutorado). 2010. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. 238 p.

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