João Simões Lopes Neto

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Infelizmente João Simões Lopes Neto obteve consagração póstuma, apesar de que três de suas obras haviam sido publicadas em vida, com sucesso: Contos Gauchescos, Lendas do Sul e Cancioneiro Guasca. Conferências e peças teatrais, assinadas sob o pseudônimo de Serafim Bemol, permaneceram durante muito tempo inéditas, tendo sido publicadas as peças teatrais somente nos anos 90, do séc. XX. Surpreendente, uma vez que o escritor faleceu em 1916 e algumas dessas peças chegaram a ser representadas, amadoristicamente em Pelotas, terra natal do autor e depois relegadas ao esquecimento durante 74 anos, até que sob o patrocínio do CODEC, o material escrito foi exposto no Teatro Sete de Abril, em Pelotas.

Desse acervo teatral incluem-se roteiros para teatro de revista, comédia musical, comédias, cenas breves e drama e ainda parcerias, ou seja, obras escritas a quatro mãos.

A criatividade do escritor impulsionou-o a organizar uma coleção de postais sobre a história pátria, denominada “Coleção Brasiliana” revelando em seus belíssimos desenhos o artista que era, porém essa empreitada não obteve sucesso. Foi nesse mesmo ano de 1907 que se iniciou com entusiasmo no caminho da escrita, porém como dois anos antes havia se desligado do trabalho no cartório para dedicar-se, ainda sem sucesso, a uma obra para a Reforma Ortográfica, viu que necessitaria de uma vida mais modesta, abdicando do palacete onde vivia com sua família e agregados. Conseguiu um montante desfazendo-se de pratas, cristais, móveis e outras preciosidades. O ministério da Educação ao rejeitar a Reforma Ortográfica proposta por Lopes Neto, na voz de um senador, determina ser absurda a ideia de trocar o –ch por –qu (como por exemplo: machina por máquina) ou ainda phosphoro, pharmacia, trocarem o –ph por –f...

Desenvolveu o escritor uma nova obra dedicada às crianças, com uma série de contos nos quais realçava os nossos costumes e tradições, obra essa que teve o mesmo destino da anterior, ou seja, a rejeição do Ministério da Educação.

Inicia uma jornada de conferências, preparadas com esmero, por todo Rio Grande do Sul, era lente da Escola de Comércio e dava aulas particulares. É convidado, e aceita, ser diretor-redator do jornal “Correio Mercantil”. Levou consigo ao assumir a direção do jornal o livro que estava concluindo, Casos do Romualdo, e publicou-o em folhetins nesse periódico. Esses “casos” lhe foram relatados pelo próprio Romualdo de Abreu e Silva, amigo da família. Se os “Contos Gauchescos” foram a sua obra fundamental, o seu engenho de escritor floresce nas Lendas do Sul, destacando-se entre elas A Salamanca do Jarau inconteste a ‘pedra-de-toque’ que impressiona a todos que a leem, seja pela graça, pelo colorido, ou pela forma de relacionar fatos reais entrelaçados com a imaginação e a animação, dadas a cada página, ademais do histórico presentes na obra.

O escritor faleceu no dia 13 de junho de 1916, em Pelotas, aos 45 anos de idade, deixando inconclusa sua obra “História do Rio Grande”.

Fontes:
MASSOT, Ivete Simões Lopes B. Simões Lopes Neto na intimidade. Porto Alegre: BELS, [1974].

RUSSOMANO, Mozart V. O arquivo de Simões Lopes Neto. Prefácio. In: SIMÕES LOPES NETO, João. O Teatro de SIMÕES LOPES NETO. Porto Alegre: IEL, 1990.

Arquivado em: Biografias, Escritores
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