Plínio Salgado

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

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Plínio Salgado foi um jornalista do interior paulista. Nascido em 1895, iniciou sua carreira na imprensa em 1916 em um jornal de sua cidade natal “Correio de São Bento”.

Ao perder sua mulher, passa a dedicar seus estudos e leituras aos pensadores cristãos, até ali era ávido leitor dos filósofos materialistas. Muda-se para São Paulo onde vai trabalhar no “Correio Paulistano”, órgão oficial do Partido Republicano Paulista (PRP).

Durante os anos da década de 1920 manteve sua carreira focada na literatura, tornando-se um escritor renomado. Participou de forma discreta da Semana de Arte Moderna em 1922.

Plínio Salgado

Em 1928 se elege como deputado pelo PRP, já com posicionamentos claros de nacionalismo e antiliberalismo. Nas eleições de 1930 apoia o candidato da situação Julio Prestes. Não termina seu mandato de deputado, viaja para o Oriente médio e à Europa. Na Itália conhece Mussolini e se impressiona com o ideal fascista.

Ao retornar no fim de 1930, no auge da Revolução que derrubou o governo de Washington Luís, inicialmente se posicionou a favor do presidente em exercício, mas com a tomada de poder por Getúlio Vargas e a vitória dos revolucionários, Plínio muda de lado e declara apoio à Revolução. Plínio redige o Manifesto dos Revolucionários paulistas e passa a partir desse momento apoiar as decisões varguistas.

Em 1932 Plínio novamente se posiciona de maneira contraditória, enquanto os paulistas estão defendendo uma constituinte imediata, ele, no jornal para onde escrevia “A Razão”, defende uma ação contrária a constitucionalização do país. Por esse posicionamento o jornal sofre com depredação e tem sua sede incendiada.

É também a partir de 1932 que Plínio inicia a sequencia de ações que darão resultado na criação da Ação Integralista Brasileira. Plínio idealiza um movimento partidário, com posicionamento político de extrema-direita e inspiração fascista. Sob o lema de “Deus, Pátria e Família” Plínio Salgado Lança em o Manifesto da AIB em outubro de 1932.

Inspirado por sua passagem na Itália de Mussolini, a diferença do Integralismo para o nazi-fascismo era o discurso quanto a questão racial. Não havia intenção explicitamente racista na doutrina Integralista na qual seu idealizador pressupunha a miscigenação como formadora da sociedade brasileira.

Em 1937 os “Camisas verdes” como também era conhecidos os Integralistas, vão apoiar o Golpe do Estado Novo de Vargas. Plínio vê nos ideais nacionalistas de Vargas a oportunidade de favorecer as causas da AIB. No entanto a AIB é fechada tal como todos os outros partidos e os integralistas passam a ser perseguidos. Como forma de explicitar sua revolta a decisão governista os integralistas vão se organizar para um levante contra Vargas.

Nas ações da AIB contra Vargas no levante de 1938, Plínio, seu líder e idealizador, se mantém distante das ações, e quando as revoltas são aplacadas, principalmente pela falta de organização das mesmas, Plínio nega qualquer envolvimento com aquele movimento revoltoso.

Enquanto os integralistas passam a ser perseguidos em todo país, Plínio é poupado até 1939 quando passa algum tempo preso, mas logo é liberado. Volta a ser preso novamente em maio de 1939 e meses depois é exilado em Portugal.

Plínio só retorna ao Brasil em 1945 com a redemocratização.

Sua vida política continua ativa tendo fundado o Partido de Representação Popular (PRP). Apoiou JK (Juscelino Kubitscheck), ocupando a direção do Instituto Nacional de Imigração e Colonização. Em 1964 foi orador na Marcha da Família com Deus pela Liberdade em São Paulo contra o Presidente João Goulart.

Plínio apoia a Ditadura Militar e a extinção dos antigos partidos. Filia-se ao ARENA (Aliança Renovadora Nacional) onde iria se eleger duas vezes como deputado federal (1966 e 1970).

Plínio morre em São Paulo em 1975. Seu ideal Integralista, no entanto permanece vivo e organizado na “Frente Integralista Brasileira” que em 2009 lança um novo manifesto. Sua ideologia não encontra, porém o amparo social como nos anos de 1930 quando teve seu auge.

Referências bibliográficas:

http://cpdoc.fgv.br/

TRINDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro da década de 1930. 3ª ed. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2016.

SILVA, Giselda Brito. Estudos do Integralismo no Brasil. 2ª ed., Porto Alegre: EdiPUCRS, 2016.

BERTONHA, João Fábio. Bibliografia orientativa sobre o integralismo (1932-2007). Jaboticabal: FUNEP, 2010.

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