Bilirrubina

Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

A bile é uma secreção produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar durante a digestão. Sua ação se dá principalmente no intestino onde esta secreção tem a função de emulsificar gorduras, quebrando a complexidade das moléculas em moléculas mais simples e mais fáceis de serem absorvidas pelo organismo.

Ela é formada por sais biliares, gorduras, água, ácidos e por pigmentos. O pigmento predominante da bile é a bilirrubina. Este pigmento amarelado é produzido pela quebra do grupo prostético heme presente nas células sanguíneas onde a hemoglobina contida nas células é catabolizada em biliverdina. Nesse momento a biliverdina sofre ação da enzima biliverdina redutase que reduz esta, em bilirrubina.

Molécula de Bilirrubina

Como a bilirrubina permanece no plasma sanguíneo e tem habilidade de se ligar a albumina, este pigmento então é responsável pelo transporte da albumina pelas células, principalmente os hepatócitos. Depois que internalizada na célula, a bilirrubina se dissocia da albumina e se liga às proteínas Y e Z formando um complexo proteico, que é transportado para a membrana celular e é então excretada chegando até o intestino. Lá, a bilirrubina que está conjugada às proteínas e que sofreu algumas modificações de enzimas, é usada pelas bactérias e microrganismos do intestino sendo metabolizada e gerando o estercobilinogênio. Esta bilirrubina que foi metabolizada pelos microrganismos é excretada nas fezes, e outra parte é reabsorvida e pode ser excretada pelos rins ou pode voltar à bile.

Alguns problemas tanto metabólicos como injurias do organismo podem gerar problemas hepáticos e alterações na bilirrubina sérica. Por isso a quantidade excretada dessa substancia é um indicador importante para diagnostico de certas doenças. O aumento da bilirrubina sérica indica alterações em seu metabolismo podendo ser causado tanto pelo aumento de células sanguíneas perdidas como excesso de produção ou baixa capacidade de catabolizar a substancia pelas células. Esse aumento de bilirrubina circulante causa o acumulo do pigmento em diversas regiões do corpo, principalmente pele e mucosas, fazendo com que estas regiões tornem-se amareladas. É o que acontece por exemplo com os recém-nascidos que possuem icterícia, pois não possuem fisiologia hepática completamente madura. Os altos níveis de bilirrubina circulantes são extremamente tóxicos e prejudiciais à saúde. Em bebês recém-nascidos por exemplo, é possível que a bilirrubina se acumule em certa região do cérebro, pois a barreira hematoencefálica não está totalmente desenvolvida, causando danos irreversíveis. Também é possível que o acúmulo da bilirrubina se dê por motivos de destruição das células hepáticas e biliares causado por infecções virais (hepatites) e também pelo consumo em excesso de certas drogas.

O aumento da bilirrubina indireta (bilirrubina não conjugada a albumina) é observado na icterícia neonatal, na síndrome de Crigler-Najjar, na síndrome hemolítica e na doença de Gilbert. Estes casos estão relacionados com a velocidade de produção e de remoção do pigmento na circulação e não estão relacionados com aumento da bilirrubina na urina. Já o aumento da bilirrubina direta (conjugada a albumina), cujo aumento é observado na excreção pela urina, são relacionados com a capacidade de excreção deste pigmento pelo fígado e, portanto, refletem sobre a integridade e funcionalidade das células hepáticas. As doenças relacionadas com o aumento da bilirrubina direta na urina são as hepatites, as reações à drogas e obstruções no trato biliar.

Referencias:

<http://www.hepcentro.com.br/gilbert.htm> acessado em 24/11/17

VanWagner LB, Green RM. “Evaluating elevated bilirubin levels in asymptomatic adults.” JAMA. 2015 Feb 3;313(5):516-7. doi: 10.1001/jama.2014.12835.

Kao TW, Chou CH, Wang CC, Chou CC, Hu J, Chen WL. “Associations between serum total bilirubin levels and functional dependence in the elderly.” Intern Med J. 2012 Nov;42(11):1199-207. doi: 10.1111/j.1445-5994.2011.02620.x.

Arquivado em: Bioquímica
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: