Fatores de crescimento

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

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Os fatores de crescimento regulam importantes vias de sinalização das células. São moléculas biologicamente ativas, que controlam diretamente o ciclo celular, atuando na divisão, proliferação, migração, diferenciação celular e síntese de proteínas. Também exercem função em processos de crescimento e sobrevivência saudável das células, contribuindo para a manutenção dos tamanhos adequados destas, durante a proliferação celular.

Sendo assim, os fatores de crescimento são proteínas, também conhecidas como citocinas, que atuam em nível de membrana celular, promovendo a ativação de diversas reações bioquímicas, que terminam no núcleo da célula.

Síntese

A síntese dessas moléculas ocorre naturalmente por várias células epidermais e epiteliais, tais como macrófagos, queratinócitos e fibroblastos. Essas células, além de produzirem os fatores de crescimento, também sofrem a sua ação, sendo ativadas por eles.

As citocinas, diferente dos hormônios, possuem um tempo de meia-vida curto e são secretadas apenas em pequenas quantidades.

Em situações de equilíbrio dinâmico, as células sintetizam as citocinas em quantidades adequadas, com o objetivo de garantir o estímulo das outras células e o correto funcionamento do tecido. Contudo, frente a uma patologia, ou até mesmo com o envelhecimento, se evidencia a perda desse equilíbrio, o que pode levar à necessidade da sua suplementação, para retomar a homeostasia tecidual.

Ciclo celular

Os fatores de crescimento controlam a divisão celular, comumente, por intervenção na fase G1 do ciclo, que compreende o crescimento da célula. Atuam ativando a transcrição de genes que codificam a síntese de moléculas específicas que regulam o processo, tal como as ciclinas. Também atuam regulando a síntese e degradação de fatores de transcrição do DNA, ou seja, de proteínas que irão capacitar a célula a dar início a fase S do ciclo, que compreende a síntese de DNA. Essas proteínas têm a função de induzir a mitose e divisão celular, dando início às cascatas de sinalização.

Diferenciação celular

A diferenciação da célula tronco adulta (CTA) ocorre por estímulos bioquímicos, produzidos pelo tecido onde a célula se encontra. Esses estímulos são provenientes dos fatores de crescimento, que induzem a CTA a assumir o padrão de expressão gênica da célula presente no tecido ao qual se fundiu. Como resultado, a CTA irá sofrer a diferenciação, tornando-se uma célula igual à do tecido onde está presente. Quando ocorre uma fratura óssea, por exemplo, dá-se início ao processo de reparação desse osso. As CTA passam a receber estímulos dos fatores de crescimento, fazendo com que se diferenciem nos tipos celulares do tecido conjuntivo e tecido ósseo.

Principais tipos de fatores de crescimento

Existem muitas proteínas com a função de promover a mitose celular, que podem atuar em diversos tipos de células. Dentre essas, o Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (PDGF) estimula a proliferação de fibroblastos, importante na reposição da matriz extracelular na pele envelhecida.

O Fator de Crescimento Epidermal (EGF) é considerado um potente agente mitógeno para fibroblastos, promovendo o aumento da produção do tecido de granulação e reepitelização de feridas. Estudos sugerem que esses fatores agem no processo do reparo tecidual, de forma a estimular principalmente a angiogênese, ou seja, a formação de novos vasos sanguíneos.

O Fator de Crescimento Fibroblástico (FGF) é capaz de estimular diversos tipos de células, incluindo os fibroblastos, macrófagos, queratinócitos e células endoteliais, além de estimular a proliferação e diferenciação celular.

O Fator Transformador do Crescimento β (TGFβ) desempenha importante função no processo de reparo, estimulando a migração de células inflamatórias para o local da lesão, além da diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos e angiogênese.

Desta forma, esses fatores possibilitam a cicatrização e reparo tecidual, estimulando a proliferação do tecido dérmico e a formação de um novo epitélio, substituindo as estruturas desorganizadas do tecido lesionado, por moléculas mais resistentes e estruturadas.

Já o Fator de Crescimento Insulínico (IGF), também conhecido como somatomedina, facilita o surgimento e manutenção de diversos tipos de câncer. Promove o aumento da proliferação celular, diminui a apoptose de células malignas e estimula a angiogênese, agindo em todas as fases do ciclo celular e acelerando a proliferação mitótica.

Bibliografia:

DEL CARLO, Ricardo Junqueira; MONTEIRO, Betânia Souza. CÉLULAS-TRONCO E FATORES DE CRESCIMENTO NA REPARAÇÃO TECIDUAL. Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 11, suplemento 1, p.167-169, abril, 2008. Disponível em < https://www.researchgate.net/profile/Betania_Monteiro/publication/228486606_Celulas-tronco_e_fatores_de_crescimento_na_reparacao_tecidual/links/53d66f570cf220632f3da100/Celulas-tronco-e-fatores-de-crescimento-na-reparacao-tecidual.pdf>.

Fatores de crescimento. Disponível em < http://www.biometil.com/wp-content/uploads/2016/07/Fatores-de-Crescimento.pdf>.

VIEIRA, Amanda Carla Quintas de Medeiros et al. Fatores de crescimento: uma nova abordagem cosmecêutica para o cuidado antienvelhecimento. Revista Brasileira de Farmácia, Recife, v. 3, n. 92, p.80-89, abr. 2011. Disponível em: < http://rbfarma.org.br/files/rbf-2011-92-3-1.pdf>.

Arquivado em: Bioquímica
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