Vitamina B3

Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

A vitamina B3 é um micronutriente essencial formada pelas moléculas orgânicas niacina, nicotinamida e ácido nicotínico e que participam diretamente na geração da energia celular.

A vitamina B3 é obtida dos alimentos através da conversão do triptofano em niacina. Esta última molécula é parte formadora de duas coenzimas extremamente importantes em múltiplas reações bioquímicas celulares: a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) e a nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP+). Ambas coenzimas estão envolvidas em reações de óxido-redução que geram energia para a célula através da catálise de carboidratos, proteínas e lipídios. Além disso a niacina está envolvida na síntese hormonal.

A vitamina B3 é abundante na natureza, sob a forma de nicotinamida nos alimentos de origem animal e ácido nicotínico nas fontes vegetais. Alimentos como ovo, leite, grãos e cereais integrais, arroz, carnes magras, aves, peixes e legumes são as principais fontes de vitamina B3.

Deficiência em vitamina B3 podem causar sintomas como encefalites, diarreia, insônia, dermatite, irritabilidade e depressão nervosa. A doença que reúne maior parte destes sintomas é a pelagra: inicialmente a pele ganha um tom avermelhado como de queimadura solar e se torna bastante sensível à luz, depois os outros sintomas vão se somando principalmente a diarreia e danos neurológicos. A hipovitaminose B3 geralmente acomete pessoas em países subdesenvolvidos cuja deficiência nutricional é mais frequente.

Por outro lado, a hipervitaminose B3 pode fazer a pressão sanguínea baixar, causar diarreia, vomito, feridas e rubor na pele. Também é possível que haja problemas gastrointestinais como problemas no fígado devido hepatotoxicidade e indigestão. Além disso a niacina tem mostrado aumentar os níveis de açúcar no sangue e também aumentar o risco de desenvolvimento da mesma em 34%. Ainda, outros efeitos colaterais da niacina incluem arritmias cardíacas, aumento no tempo de coagulação, maculopatia (aparecimento de máculas na retina) e malformações congênitas em fetos cujas mães apresentam baixos níveis de colesterol.

A niacina é utilizada como uma molécula terapêutica para pacientes com altos níveis de colesterol. Seu mecanismo de ação tem como base a ativação de um receptor chamado proteína G cuja cascata de sinalização culmina na diminuição na produção de AMP cíclico em adipócitos, fazendo com que menos ácidos graxos e triglicerídeos fiquem disponíveis para o fígado sintetizar a LDL (low density lipoprotein) que é o colesterol considerado ruim. Dessa forma o fígado passa a sintetizar mais o colesterol bom, o HDL (high density lipoprotein). A niacina também tem sido observada participando do aumento da expressão de genes como fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, do inglês) e do receptor kinase de tropomisina (TrkB, do inglês).

Estudos recentes com modelos em camundongos têm estudado a niacina como uma molécula anti-inflamatória em diversos tecidos incluindo pele, trato gastrointestinal, cérebro e tecido vascular sugerindo seu potencial uso para tratamento de doenças como as neuroimunes e neurodegerenativas como o Parkinson.

Referências:

Offermanns S, Schwaninger M (2015). "Nutritional or pharmacological activation of HCA(2) ameliorates neuroinflammation". Trends Mol Med. 21 (4): 245–255. doi:10.1016/j.molmed.2015.02.002. PMID 25766751

Wakade C, Chong R (December 2014). "A novel treatment target for Parkinson's disease". J. Neurol. Sci. 347 (1–2): 34–38. doi:10.1016/j.jns.2014.10.024. PMID 25455298

Soga T, Kamohara M, Takasaki J, Matsumoto S, Saito T, Ohishi T, Hiyama H, Matsuo A, Matsushime H, Furuichi K (2003). "Molecular identification of nicotinic acid receptor". Biochemical and Biophysical Research Communications. 303 (1): 364–9. doi:10.1016/S0006-291X(03)00342-5. PMID 12646212

Villines TC, Kim AS, Gore RS, Taylor AJ (2012). "Niacin: The evidence, clinical use, and future directions". Current atherosclerosis reports. 14 (1): 49–59. doi:10.1007/s11883-011-0212-1. PMID 22037771

Barter P, Gotto AM, LaRosa JC, Maroni J, Szarek M, Grundy SM, Kastelein JJ, Bittner V, Fruchart JC (2007). "HDL cholesterol, very low levels of LDL cholesterol, and cardiovascular events". The New England Journal of Medicine. 357 (13): 1301–10. doi:10.1056/NEJMoa064278. PMID 17898099

Creider, JC; Hegele, RA; Joy, TR (September 2012). "Niacin: another look at an underutilized lipid-lowering medication". Nature Reviews. Endocrinology. 8 (9): 517–28. doi:10.1038/nrendo.2012.22. PMID 22349076

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Arquivado em: Bioquímica, Nutrição
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: