Aquicultura

Mestre em Dinâmica dos Oceanos e da Terra (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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Atividade voltada para a produção de recursos aquáticos como peixes e frutos do mar, a Aquicultura consiste na implementação de sistemas de cultivo em ambiente natural e controlado (tanques artificiais).

Breve histórico

A história da Aquicultura encontra-se entrelaçada com a Ictiologia: os primeiros registros de ambas as ciências datam de 4 mil anos atrás, no período Paleolítico, quando chineses e egípcios desenvolveram sistemas de criação de carpas e tilápias, respectivamente. A China, por sinal, é considerada o berço da aquicultura, visto que os chineses desenvolveram esta técnica intensamente durante várias dinastias (desde 618 - Dinastia Tang até 1911 - Dinastia Ching). Durante este período, várias obras foram publicadas abordando o cultivo de peixes, sua criação em tanques e reservatórios, métodos reprodutivos e de alimentação, tratamento de doenças, manejo de estoques, entre outros fatores. Tais informações serviram de base para o aprimoramento das técnicas de cultivo, abrindo caminho para a criação de outros organismos além dos peixes. O Japão e a Coreia, nações com forte desempenho no setor da aquicultura, introduziram o cultivo de moluscos, crustáceos e outras espécies de vertebrados e invertebrados. Por outro lado, durante o século 19, países da América do Norte desenvolveram o cultivo de espécies voltadas para a pesca esportiva, além de instituir a criação de ostras e mexilhões. A partir do século 20, a aquicultura expandiu-se mundialmente, e espécies mais rentáveis como o badejo, a garoupa, tilápia e alguns camarões, tornaram-se o foco desta indústria.

Descrição da atividade

A aquicultura é responsável pela produção de peixes e outros recursos aquáticos, para fins variados. Embora o principal objetivo da piscicultura (criação de peixes) seja a comercialização de pescado como recurso alimentício (incluindo seus ovos), estes animais também são cultivados para uso esportivo (pesca esportiva; também são utilizados como isca) e ornamental (aquários). Além dos peixes, a aquicultura também foca na produção de algas e outras plantas marinhas (Algicultura), utilizadas na alimentação e elaboração de medicamentos farmacêuticos; moluscos, como ostras e mexilhões (Malacocultura); e crustáceos, dentre os quais destaca-se o camarão (Carcinicultura). Estes animais podem ser cultivados em ambiente natural como lagos, lagoas e o próprio oceano, como também em tanques artificiais construídos pelo homem. Entre as metodologias utilizadas para produção aquícola, pode-se citar o uso de viveiros escavados no solo (reservatórios que permitem a entrada e saída de água), tanques-rede ou gaiola flutuante, e o cultivo em espinhel e balsas.

Tanques de criação de tilápia (Tailândia). Foto: Daracha Thiammueang / Shutterstock.com

Importância

A aquicultura destaca-se pela produção de recurso alimentar de qualidade em condições controladas, caracterizando-se como uma prática sustentável. Esta atividade pode ser utilizada, inclusive, para a restauração de estoques de pescado e mariscos, abalados pela superexploração comercial (pesca industrial). Neste processo, animais criados através da aquicultura são lançados em meio aquático para restabelecer as populações selvagens.

A aquicultura consiste no setor de produção de alimentos que mais cresce no mundo: estima-se que aproximadamente 50% de todo o pescado consumido seja proveniente desta prática. Além disso, outro benefício relacionado à esta atividade consiste no uso de sistemas de recirculação de água, que reduzem e reciclam a água utilizada, evitando o desperdício deste recurso.

Cenário atual

A aquicultura vem ocupando uma posição de destaque na produção mundial de proteína animal. Este setor encontra-se em expansão desde os anos 90, e apresenta uma taxa de crescimento anual global estimada em torno de 7%. No Brasil, o aumento do consumo per capita de pescado e as condições favoráveis ao desenvolvimento da aquicultura, têm estimulado a produção aquícola, que alcançou um total de 707 mil toneladas em 2015, alçando o país ao 12º lugar no ranking mundial de aquicultura. Entre as espécies que são destaque na produção brasileira está o camarão-marinho, cultivado especialmente na costa nordeste do país; a tilápia, que trata-se de uma espécie exótica, porém intensamente cultivada na região sudeste e sul do país; os tambaquis e pirarucus, alvo da aquicultura na região norte brasileira; e as carpas, ostras, mexilhões e vieiras cultivados na costa sul do Brasil.

Referências bibliográficas:

Agricultura, Pecuária e Abastecimento: Aquicultura. http://www.agricultura.gov.br/assuntos/pesca-e-aquicultura/aquicultura

European Comission: Fisheries. https://ec.europa.eu/fisheries/cfp/aquaculture_en

FAO: Corporate Document Repository. Title: History of aquaculture. http://www.fao.org/docrep/field/009/ag158e/AG158E02.htm

NOOA Fisheries. http://www.nmfs.noaa.gov/aquaculture/what_is_aquaculture.html

Portal Brasil. Aquicultura tem potencial para dobrar produção em cinco anos. http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/06/aquicultura-tem-potencial-para-dobrar-producao-em-cinco-anos

Arquivado em: Economia, Pecuária
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