A relação entre o professor iniciante e a equipe diretivo-pedagógica

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Considerações iniciais

A carreira do docente não atinge o seu auge nos espaços acadêmicos, e sim no lugar onde a teoria antes conquistada ganha corpo, ganha vida: na escola. É na escola que o jovem profissional da docência se depara com os desafios reais da educação; é nela que ele se transforma em improvisador, ator, mímico, pai, mãe, psicólogo, médico, enfim, numa infinidade de personagens necessários a cada momento da convivência com o discente.

A sala de aula é o laboratório do professor iniciante. Porém, temos que entender laboratório como sendo um espaço para estudo e ampliação dos conhecimentos. Sendo assim, não é que o professor somente aprenderá a lecionar quando assumir a regência titular de uma ou mais turmas. Lá ele irá ampliar os seus conhecimentos, desta vez em contato com os fatores geradores dos problemas amplamente discutidos nos estudos sobre a educação.

Mas o que acontece quando o professor iniciante enfrenta a sala de aula sem um contato prático prévio, somente embasado nas teorias adquiridas no seu curso de formação inicial?

Qual a realidade encontrada pelo jovem mestre ao conflitar a teoria com a prática?

Quais os medos, insegurança, desestímulo e impossibilidades que o professor iniciante encontra ao iniciar a sua carreira?

O que se poderia fazer para que esse choque fosse pelo menos amenizado na transição entre a aquisição da teoria e execução destas pelo docente iniciante?

Estas e outras questões geram o produto de discussão deste compacto trabalho, que trata, principalmente, da recepção da equipe diretivo-pedagógica para com o professor recém-formado que acaba de ingressar na carreira da docência.

As surpresas da docência

Existe uma ampla discussão que se pode iniciar no que se trata de formação docente, principalmente sobre a qualidade desses cursos de formação e suas implicações no sucesso do professor concebido por eles.

Há muito tempo se discute a qualidade do estágio para os que escolhem ser professor. Geralmente, esse estágio acontece, nos cursos de formação inicial, de maneira muito irresponsável, para cumprir as exigências dos órgãos fiscalizadores das instituições de ensino superior. Na maioria das vezes, o professor titular da disciplina de estágio nem mesmo sabe o que realmente aconteceu com a prática docente que os seus alunos acabaram de executar. Eles simplificam essa tarefa tão complexa analisando um questionário simplista enviado ao professor titular da turma para preenchimento, onde este, por sua vez, em alguns casos, nem mesmo compreende o que as perguntas realmente querem coletar. Por fim, o futuro professor recebe um veredicto afirmando que ele está apto a ingressar na carreira docente pelos seus maravilhosos desempenhos que as aulas práticas apontaram.

O grande problema ocorre muito posteriormente a isso, no exato momento em que o professor assume a titularidade de uma classe e, verdadeiramente, precisa executar as práxis docentes. Agora, ele precisa traduzir para prática tudo – ou quase tudo – aquilo que aprendera em sua formação. A questão é que ele agora está de fronte a alunos de carne e osso, não mais seres imaginários. Os problemas agora são reais e não pertencem ao leque resumido de problemas resolvidos que o curso de formação pontuou. O sistema também é real e estará sempre no encalço dele, ora possibilitando a execução de seus planejamentos, mas na maioria das vezes o limitando.

Mas se bate o desespero, ou se aflora o desejo de desistir da carreira da docência, ou ainda se o jovem professor não souber aonde ir ou mesmo por onde começar, a quem ele deverá recorrer? Geralmente ele recorre aos colegas de trabalho, mas existem outras pessoas em que a ajuda deverá ser encontrada, seja por coleguismo, ou até pelas responsabilidades que suas funções lhes implicam: a equipe diretivo-pedagógica.

A ajuda mora na escola

Se é comum muitas cobranças por parte da coordenação pedagógica da escola ou mesmo da sua direção pelos resultados que se espera do corpo docente, não é somente essa a sua função. É muito importante que a equipe diretivo-pedagógica recepcione com cordialidade todos os professores, mas que dê atenção especial àqueles que iniciam a sua carreira profissional mostrando as diretrizes da escola, a estrutura do seu PPP, dando dicas de liderança em sala de aula, dando dicas de mediações de conflitos entre os discentes, até mesmo instruindo algumas tarefas simples como o devido preenchimento do diário de classe.

Esta recepção, seguida destas instruções, tornará a realidade da docência um pouco mais clara e diminuirá o choque que a quebra da ilusão adquirida em solos acadêmicos poderá trazer.

Muito importante também é a promoção de reuniões pedagógicas constantes para resolução dos problemas em andamento. O ideal é que essas reuniões sejam realizadas embaladas num clima de harmonia e respeito entre ambas às partes, sem distinção entre o experiente professor e o jovem calouro, sempre respeitando a liberdade de expressão e as particularidades ideológicas de cada um.

Considerações finais

À medida que o professor calouro começa a compreender os limites e possibilidades da docência, ele passa a sentir segurança em suas práticas, começa a ousar, a invadir pouco a pouco o território ainda não conquistado. Tudo isso sem o medo ou insegurança que o professor sem apoio costuma carregar.

As práticas da educação não acontecem num cenário de ilusões, mas sim num ambiente real, igualmente habitado por indivíduos reais. Se partilharmos os nossos conhecimentos entre os nossos colegas, estamos contribuindo para um êxito maior na efetividade dos objetivos educacionais. Se dialogarmos, se nos tornarmos aliados, consequentemente, nos tornaremos mais fortes para lutarmos contra os problemas que vierem a surgir. Receber e orientar o professor calouro são, também, funções da equipe diretivo-pedagógica, vista a importância que este ato trará para o sucesso da aprendizagem veiculado pela prática docente.

“A educação é, também, um ato de doação.”

(Robison Sá)

Arquivado em: Educação, Pedagogia
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