Aprendizagem Significativa

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Sobre a aprendizagem significativa de Rogers, afirma-se que “a sugestão rogeriana não tem a ver com metodologias, mas sim com atitudes do professor.”, (GOULART, 2000). E, por esta óptica, o professor deixa de ser um mero emissor de informações à revelia da opinião e passa à uma situação de responsabilidade maior: o professor passa a transmitir o conhecimento de tal forma que este se torne pleno de significados para o aluno, isto é, enfocando a presença daquele conteúdo que está sendo trabalhado nas situações da vida prática do aluno ou de algo que lhe cause um conjunto de sensações e/ou percepções. O próprio Rogers entende que:

“uma aprendizagem deve ser significativa, isto é, deve ser algo significante, pleno de sentido, experiencial, para a pessoa que aprende. [...] Rogers caracterizou a aprendizagem significativa como auto-iniciada, penetrante, avaliada pelo educando e marcada pelo desenvolvimento pessoal.” (GOULART, 2000)

A partir da abordagem centrada no cliente, proposta psicológica inicial de Rogers culminando com a aprendizagem significativa, pode-se inferir que Rogers passa a encontrar-se na vanguarda de um movimento que mostra interesse pela individualidade e pela autonomia no processo de aprendizagem quando este entende que a aprendizagem é auto-iniciada. Sendo assim, conceitos a serem aprendidos precisam possuir significado para que o aprendiz possa registrar a informação a ser aprendida de forma mais precisa e objetiva relacionando, assim, o que aprendeu com o contexto ao seu redor.

A proposta acerca da aprendizagem significativa torna-se, então, um argumento plausível acerca da utilização da interdisciplinaridade em sala de aula com o fim de serem utilizados enquanto recurso metodológico de apoio ao processo de aprendizagem.

Outros autores mais recentes tratam acerca da aprendizagem significativa de forma similar, embora hajam pequenas diferenças como Ausubel, Novak e Hanesian (1978), Thagard (1992) ou Vosniadou (1994). Apesar de algumas diferenças, os autores tratam de aprendizagem significativa partindo dos mesmos pressupostos teóricos de Rogers.

Em suma, podemos ratificar o exposto até aqui com a seguinte passagem:

“A aprendizagem significativa implicará sempre tentar assimilar explicitamente os materiais de aprendizagem [...] a conhecimentos prévios que em muitos casos consistem em teoria implícitas ou representações sociais adquiridas por processos igualmente implícitos. Nesse processo de tentar assimilar ou compreender novas situações, ocorre não só um crescimento ou expansão desses conhecimentos prédios, como também, como conseqüência desses desequilíbrios ou conflitos entre os conhecimentos prévios e a nova informação, um processo de reflexão sobre os próprios conhecimentos, que, conforme sua profundidade [...] pode dar lugar a processos de ajuste, por generalização e discriminação, ou reestruturação, ou mudança conceitual [...] dos conhecimentos prévios.” (POZO, 2002).

Dentro de um contexto social, o nosso mundo moderno está permeado de mudanças rápidas que exigem que os educandos da atualidade possuam certas características inerentes ao mundo em que estamos vivendo. Isto é, reproduzir informações de acordo com uma instrução já ministrada (como notamos pelo panorama instrucionista) já não mais surte efeito no processo de ensino e aprendizagem ou, pelo menos, a maneira exigida pelo mundo moderno de aprender minimiza os efeitos deste tipo de aprendizagem.

O mundo moderno apresenta uma necessidade jamais vista em toda a história. Além de saber acerca de determinada área do conhecimento (a área de conhecimento mais específica de cada um), tanto alunos como professores precisam passar a um panorama onde esta informação deve ser trabalhada juntamente com outras (às vezes de áreas de conhecimento diferentes). Para que isto seja possível, é necessário que o processo de atualização das informações seja constante. Para a nossa época:

“estar formado para a vida significa mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar símbolos. Significa: saber se informar, comunicar-se, argumentar, compreender e agir; enfrentar problemas de diferentes naturezas; participar socialmente, de forma prática e solidária; ser capaz de elaborar críticas ou propostas; e,especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado.”(PCN+ Ciências da Natureza, p. 9)

Tratando a situação a partir de um panorama ainda mais abrangente, tomando por base as necessidades atuais quando o assunto é o processo de ensino e aprendizagem, o papel da escola e do professor não se restringe somente à facilitação no processo de aprendizagem por parte do aluno. O panorama mais abrangente refere-se à uma postura que incentive o aluno a promover mudanças significativa na sociedade em que vive. Grandes mudanças requerem grandes atitudes que, por sua vez, estão fundamentadas em uma aprendizagem sólida e com pressupostos pessoais definidos. Em outras palavras:

“Em nível do ensino secundário e superior, a formação inicial deve fornecer a todos os alunos instrumentos, conceitos e referências resultantes dos avanços das ciências e dos paradigmas do nosso tempo.” (Delors et al,1997)

Uma pergunta bastante freqüente em sala de aula é: “Pra que é que eu vou precisar de Física na minha vida?” As respostas a esta pergunta podem ser as mais variadas, no entanto não convencerão aos alunos que a fizerem se o conhecimento for tratado como algo que possua pouco sentido prático para o aluno.

É fato certo que, em alguns tópicos da disciplina (o Magnetismo, por exemplo), contextualizar para responder a tais perguntas não é uma situação tão simples. Contudo, se esta postura for tomada em tópicos que permitam esta abordagem de forma mais simples, explicar a aplicação de partes mais complexas tornar-se-á mais fácil. E esta facilidade será considerada dos dois lados: tanto por parte do professor, como por parte do aluno. Física é uma disciplina cujos conceitos são desenvolvidos obedecendo a uma sequência que parte do mais simples ao mais complexo. Sendo assim, exemplificar e problematizar podem adquirir um caráter cada vez mais complexo sem gerar problemas para o educando já que isso vem acontecendo a partir do primeiro contato com a disciplina.

“Passar a tratar a Física como parte da cultura contemporânea abre, sem dúvida, uma interface muito expressiva do conhecimento em Física com a vida social, seja através da visita a museus, planetários, exposições, centros de ciência, seja por meio de um olhar mais atento a produções literárias, peças de teatro, letras de música e performances musicais.” (PCN+ Ciências da Natureza, p. 85)

Bibliografia:

DELORS, J. ET alii. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Trad. José Carlos Eufrázio. 10ª Ed. Brasília: MEC, 2006.

GOULART, Iris B. Psicologia da Educação: Fundamentos teóricos. Aplicações à prática pedagógica. 7º edição. Petrópolis: Ed. Vozes, 2000

Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em:  <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12598:publicacoes&catid=195:seb-educacao-basica>. Acesso em 16, set, 2008.

POZO, J. I. Aprendizes e mestres. A nova cultura da aprendizagem. Trad. Ernani Rosa. Porto Alegre. Art Méd editora, 2002.

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