Rios subterrâneos

Mestre em Ensino na Educação Básica (UFG, 2021)
Licenciada em Geografia (UFG, 2003)

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Os rios subterrâneos são porções de água que correm por baixo da superfície, por razão natural, formados por processos de intemperismo. Os rios subterrâneos ocorrem em condições geomorfológicas e hidrológicas específicas.

Existem três tipos de reservatórios de água subterrânea: Poroso, Fissural e Cárstico. É nesse último, que acontece o fenômeno dos Rios Subterrâneos. Inclusive o nome que karst (alemão), do qual “cárstico” é derivado do nome dado por habitantes, há uma região na antiga Iugoslávia, que possui muitos rios subterrâneos e cavernas.

A formação dos rios subterrâneos

Esses rios se formam a partir do intemperismo físico e químico no contato da água com as rochas. Sabe aquele ditado popular? “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Pois é assim, que os sistemas cársticos são constituídos. As rochas do tipo carbonáticas, ricas no mineral calcita, são mais suscetíveis a sofrerem dissolução pela água.

Com o passar dos anos, o contato da água e suas propriedades químicas vão desgastando a rocha e formando fendas no subterrâneo por onde os rios vão correr. No entanto, esse processo é lento, leva centenas, milhares de anos para que o processo dê origem um curso d’água subterrâneo. O local onde um rio da superfície passa a correr pelo subterrâneo, é chamado de sumidouro, pois se tem a impressão que o rio desapareceu.

A presença de rios subterrâneos está fortemente ligada à existência de cavernas em regiões com predominância do relevo cárstico. Mas para que esse tipo de rocha chegue a ser perfurada é necessárias três condições:

  1. O fluxo de água precisa correr em velocidade elevada (gradiente hidráulico alto). Isso ocorre geralmente quando a água percorre um relevo acidentado, e que a água “descendo” rápido terá maior força na retirada de resíduos e na decomposição das rochas no caminho do fluxo de água.
  2. As rochas necessitam ser de origem carbonática, especialmente calcários, mármores e dolomitos, que são mais propensas à dissolução em água. Além disso, essas rochas já precisam contar com fraturas, falhas e poros, por onde água vai passar e aos poucos aumentar o diâmetro dessas fendas até a dimensão que abrigue o fluxo de um rio.
  3. O clima precisa ser úmido. Em regiões onde há grandes volumes de chuvas frequentes (alta pluviosidade), a possibilidade da formação de sistemas cársticos é maior. Esses sistemas submetidos à alta umidade dão origem a cavernas, sumidouros e rios subterrâneos.

Pesquisadores dos sistemas cársticos, entendem que os rios subterrâneos são uma das feições possíveis, entre várias, que constituem os agrupamentos de drenagens de um sistema cárstico. Este é constituído por cavernas e galerias que abrigam águas subterrâneas em fluxos ou estáticas, como no caso dos lagos de caverna.

O conjunto desse tipo de sistema, revela-se potencialmente com aptidão para o turismo. Esta atividade no entanto, nesses locais, precisa ser realizada levando em conta a relevância geológica e de manutenção dos recursos hídricos que este tipo de formação possui.

Rio subterrâneo de Puerto Princesa, Filipinas. Foto: View Apart / Shutterstock.com

Você sabia?

Pesquisadores revelaram a descoberta da existência de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros, situado no subsolo localizado embaixo do Rio Amazonas. Percorrendo o mesmo sentido do Amazonas, o Rio Hamza, nome dado em homenagem ao pesquisador que o descobriu, guarda uma vazão de cerca de 3 mil m³/s de água, a mesma quantidade que o Rio São Francisco.

Fontes:

Ríos subterráneos y acuíferos kársticos de Venezuela: Inventario, situación y conservación Carlos GALÁN y Francisco F. HERRERA - http://www.aranzadi.eus/wp-content/files_mf/1442327598Total.RSV.webSCA.pdf

TEIXEIRA et al. 2000. Decifrando a Terra, Ed. Oficina de Textos, São Paulo.

https://www.mma.gov.br/estruturas/167/_publicacao/167_publicacao28012009044356.pdf

Rio Hamza - https://www.estadao.com.br/noticias/geral,cientistas-anunciam-rio-subterraneo-de-6-mil-km-embaixo-do-rio-amazonas-imp-,763351

Arquivado em: Hidrografia
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