Revolta dos Muckers

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É conhecido pelo nome de Revolta dos Muckers o episódio ocorrido entre 1868 e 1874 na região da cidade gaúcha de São Leopoldo. Alguns incidentes derivados da recolta principal ainda iriam ressoar em datas longínquas, até mesmo 1898.

Primeira colônia alemã fundada no Rio Grande do Sul, o núcleo de São Leopoldo vinha se desenvolvendo desde a década de 1820 sem maiores sobressaltos. Os problemas começam com um certo fanatismo religioso que começa a tomar conta da comunidade. Ocupando uma região chamada Padre Eterno, atualmente o município de Sapiranga, que ficava próximo ao vilarejo Fazenda Leão e Campo Bom, entre Ferrabraz e Hamburgerberg, os "muckers" eram assim chamados pelos seus pares da comunidade alemã como um sinônimo para "beato", "fanático" ou "santarrão". Tal grupo era formado por imigrantes que se reuniram em torno do carpinteiro e agricultor João Jorge Maurer e de sua mulher Jacobina Mentz Maurer, inicialmente para obter esclarecimentos de natureza espiritual, e mais tarde, como seguidores religiosos.

Criança de saúde frágil, muito disposta a chorar, com dificuldade de aprendizado, sofrendo de insônia, agitada durante a noite com sonhos, sofrendo de convulsões, Jacobina era certamente uma mulher com sérios problemas nervosos, talvez até mentais. Com o passar dos anos os problemas se agravaram e Jacobina sofria constantes convulsões, pronunciando palavras sem nexo. Para a gente de origem humilde da região, aqueles sintomas eram interpretados como uma intervenção externa, possivelmente divina. Jacobina lia a bíblia, fazia pregações junto com o pastor João Jorge Klein e acreditava que Deus falava com ela, além de realizar curas e reunir um grupo cada vez mais crescente de devotos a reuniões em sua casa.

Um certo misticismo passa a envolver o grupo que a segue, que chega até mesmo a elaborar uma doutrina onde estes acreditavam serem eleitos por Deus para fundar na Terra uma nova era, começando a trabalhar concretamente neste sentido. De simples grupo religioso, os muckers estavam formando uma seita, que passaria a perseguir todos os seus críticos na colônia. Sua influência na comunidade cresce rapidamente, e Jacobina é presa, para logo depois ser libertada por falta de provas, o que aumenta sua fama.

Por volta de 1873 ocorrem os primeiros incidentes, como assassinatos e atentados, sendo os "muckers" apontados como responsáveis. Os adeptos de jacobina promovem um ataque em massa contra os principais adversários, ao que são deslocadas tropas do Exército e da Guarda Nacional para a região para conter os fanáticos. Os rebeldes chegam a resistir a três investidas, matando o comandante das tropas legalistas. A 2 de agosto de 1874, porém, a maior parte dos "muckers" é encurralada e morta, incluindo Jacobina. Os sobreviventes são condenados a altas penas, e mesmo depois de soltos, são alvo de violenta perseguição dos outros colonos.

Bibliografia:
DELPHINO, Cristine. Revolta dos Muckers. Disponível em: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-imperio/revolta-dos-muckers/>. Acesso em: 21 jul. 2012.

Arquivado em: Brasil Imperial
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