Colonização italiana na África

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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A colonização italiana no continente africano está relacionada a sua posição geográfica, pois a Itália tentou dominar regiões perto do Mar Mediterrâneo e do Mar Vermelho. A Itália já havia dominado uma parte da Líbia e da Eritréia em 1883 e parte da costa da Somália em 1886.

A Líbia só se tornou um território italiano em 1911, pois os italianos com o pretexto de proteger a cidade Tripolitânia, declaram guerra ao Império Otomano. Em 1914 todo o território já pertencia aos italianos. No início da Primeira Guerra Mundial a Líbia retoma seu território por completo. Em 1939 os italianos incorporam novamente a Líbia ao seu território. Entre 1942 e 1943 a Líbia libertou-se da Itália, e tornou-se uma possessão franco-britânica até a sua independência em 1951.

A Somália teve seu território dividido em duas Somalialândias, a britânica (1884) e a italiana (1889). Após a Segunda Guerra Mundial a Grã-Bretanha toma o território transformando em um protetorado. A Itália volta a administrar o território da Somália de 1950 a 1960, quando os somalis conquistam a sua independência.

A Itália, após a Conferência de Berlim, declarou a Etiópia como um protetorado. Em 1896 os etíopes organizaram um exército militarmente e numericamente mais forte que derrotou os italianos na batalha de Adowa. Após esta batalha a França, a Inglaterra e a Itália procuram exercer o controle da região, pois nenhum destes países aceitava o domínio do outro. Em 1906 fizeram uma Convenção Tripartite que dividia a Etiópia em três partes - uma para cada país europeu. Porém, com o desempenho do exército etíope na batalha de Adowa, as potencias europeias passaram a respeitar o país e a deixaram em liberdade.

Nas primeiras décadas do século XX a Etiópia viveu em liberdade ainda respondendo a pequenos atritos com a Itália. Em 2 de agosto de 1928 assinam um tratado de paz e amizade com validade de 20 anos. Na década de 1930 a Etiópia passa por vários conflitos étnicos (entre os oromos, os sidamos e os tigrinas) que abalaram todo o país. A Itália começou a pressionar as fronteiras da Etiópia e em 1934, rompendo o tratado de amizade, um pronunciamento Mussolini avisa para os outros países ficarem longe do seu expansionismo na África e dá início a um conflito contra a Etiópia. Em 1936 a Etiópia fica sob domínio Italiano, e as potências europeias fizeram vista grossa para o ocorrido. Internamente a Etiópia resistiu entre 1936 a 1939, e em 1941 durante a Segunda Guerra Mundial as forças britânicas reconhecem a independência do país.

Em 1883 a Eritreia é incorporada pelo expansionismo etiópe. Com ajuda dos britânicos, os italianos conquistaram a região usando como justificativa as antigas missões católicas e em nome de interesses comercias. Começaram dominando o porto de Massawa e em 1890 já ocupavam todo o território. A Eritreia possui uma localização geográfica estratégica que une os mundo árabe-africano, sendo um ótimo local para transações comerciais. A Itália manteve o domínio deste território até 1941, quando passa a ser administrado pela Etiópia, que transferiu logo em seguida aos britânicos como uma forma de agradecimento a sua intendência. Em 1952 a Etiópia, com ajuda dos Estados Unidos, consegue uma resolução na ONU para que o território seja federado à Etiópia.

Ao longo da segunda metade do século XX a Etiópia travou uma guerra com a Eritreia para manter o território. Após quase 30 anos de lutas contra a Etiópia, a Eritréia consegue sua Independência em 1998. As intervenções nos países africanos pelas potencias europeias só causaram danos políticos, econômicos e sociais ao continente, que tem sua imagem carregada de preconceitos e estereótipos.

Referência:

HERNANDEZ, Leila M. G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

Arquivado em: História da África
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