Crise Soviética

Mestrado em História (UFJF, 2013)
Graduação em História (UFJF, 2010)

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Quando a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim, o mundo viu nascer um novo conflito. Este seria travada entre os dois principais vencedores da guerra, Estados Unidos e União Soviética. A diferença é que, a partir de então, a disputa seria baseada em ideologia. Os Estados Unidos eram o país mais poderoso como representante do sistema capitalista, enquanto a União Soviética era a grande representante do socialismo. Ambos desfrutavam de grande poderio militar e de prestígio por esmagar e derrotar as tropas nazistas. É justamente por essa capacidade tão similar de poderio militar que os dois países sabiam que não poderiam entrar em conflito direto, sob o risco de destruição mútua. Essa nova fase da história mundial marcada por um conflito declarado, porém impossibilitado de se tornar concreto em batalhas passou a ser chamada de Guerra Fria.

A União Soviética, por sua vez, era a grande representante do sistema socialista. Possuía uma estrutura poderosa e uma grande capacidade militar que rivalizava equitativamente com os Estados Unidos. A disputa ideológica constituía-se em grandes investimentos para tentar angariar mais seguidores do sistema soviético no mundo. Um dos grandes projetos que sofreram investimento financeiro foi a corrida espacial, que rendeu muito prestígio aos soviéticos. Foram eles que enviaram o primeiro ser vivo ao espaço – a cadela Laika – e também os primeiros a fazer a primeira viagem espacial tripulada por um homem. Durante as décadas de 1950 e 1960, a União Soviética conseguiu se equiparar aos Estados Unidos e, inclusive, apresentar momentos de superioridade, como os exemplos da corrida espacial. Mas, a partir da década de 1970, a União Soviética apresentaria traços de crise que se tornariam cava vez mais agudos até culminar em sua fragmentação.

A década de 1970 demonstrou ao mundo que a União Soviética já não era mais a grande rival dos Estados Unidos, sua capacidade já havia sido reduzida consideravelmente. Os sinais de esgotamento econômico começaram a aparecer e isso se tornou evidente com a divulgação de problemas graves, como a falta de alimentos. A partir daí, seguiram-se uma série de estratégias erradas que só piorariam sua situação. Logo depois, a União Soviética invadiria o Afeganistão, aumentando a crise. Esta se consolidava, pois a maior parte dos recursos estava sendo consumida pelo setor militar, a capacidade industrial – especialmente no que se refere aos bens de consumo – não dava conta de atender à população, população esta que não era consultada em momento algum e, por isso, perdia a atração pelo sistema. A falta de liberdade para expressão do povo refletia-se diretamente na produtividade do país, pois os indivíduos sentiam-se desmotivados com a realidade que viviam.

O acúmulo de problemas ao longo da década de 1970 estourou como uma bomba na década de 1980. A situação ficou ainda pior quando a população passou a ter extremas dificuldades para adquirir produtos básicos como pão ou vestimentas. Já estava muito claro que a capacidade da União Soviética de se contrapor aos Estados Unidos na Guerra Fria não era a mesma do final da Segunda Guerra Mundial. Em 1985, Mikhail Gorbatchev assume o poder na União Soviética e dedica-se a uma possível solução dos problemas. Para conseguir algum resultado, o líder soviético tenta conquistar sua população e lança dois projetos: a Perestroika e a Glasnost. O primeiro deles tratava-se de uma tentativa de restruturação econômica. Já o segundo, propunha a transparência política. A população, contudo, já estava saturada dos problemas e parte dela queria o fim por completo do regime socialista soviético. Essa falta de apoio de uma população desconfiada serviu para impossibilitar mais ainda a tentativa de reorganização.

A Crise Soviética se expandiu pelos países que integravam o bloco socialista. A União Soviética estava saturada de problemas militares e políticos. A população se rebelava em vários países pedindo democracia e o fim do sistema socialista. Assim foi que, progressivamente, os países deixaram de integrar a União Soviética. Sua completa fragmentação já não deixava dúvidas ou qualquer esperança sobre seu futuro, a definitiva dissolução da mesma. No auge da crise, vários países abandonaram a União Soviética. Na Rússia, Boris Yeltsin assumiria o cargo de presidente, em 1991, e decretaria o final da União Soviética, permitindo a criação de novos países.

A Crise Soviética levou à dissolução da União Soviética e, por consequência, ao término da Guerra Fria. Neste conflito, os Estados Unidos consagraram-se como vencedores e o sistema capitalista tomou seu posto de liderança incontestada no mundo.

Fontes:
SEGRILLO, Angelo. O Declínio da URSS: um estudo das causas. Editora Record, 2000.
http://www.agb.org.br/files/TL_N9.pdf#page=101

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