Encilhamento

Graduação em História (Universidade do Vale do Sapucaí, UNIVÁS, 2008)

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A “crise do encilhamento” ou simplesmente o “encilhamento” foi uma fase da economia brasileira, a primeira crise da República. Ocorreu no fim do período monárquico, mais precisamente no final do segundo reinado, mas se fez sentir propriamente durante o Governo Provisório de Deodoro da Fonseca, entre 1889 e 1891. O nome que se dá à crise (encilhamento) se refere à prática de corrida de cavalos. Encilhamento é a colocação dos cavalos em suas posições para a largada.

Marechal Deodoro da Fonseca. Foto: Albert Henschel (1881) / via Wikimedia Commons

Marechal Deodoro da Fonseca. Foto: Albert Henschel (1881) / via Wikimedia Commons

O Governo provisório de Deodoro da Fonseca visava, em primeiro lugar, manter a ordem no país após a brusca mudança de regime em 1889, pacificando conflitos e gerando certa estabilidade até que houvesse uma normalização política e legal através de uma Constituição.

Uma das primeiras e principais medidas do novo governo foi a instauração de um federalismo, onde antigas províncias passaram a ser estados de uma república. Essa mudança foi expressa inclusive no nome do país, que nesse momento muda e passa a ser “Estados Unidos do Brasil” numa clara alusão ao alinhamento brasileiro aos Estados Unidos da América.

A economia do país vinha sofrendo com as mudanças políticas. Entre os novos ministros escolhidos pelo governo, essa pasta foi colocada sob responsabilidade de Rui Barbosa, proeminente figura política da época.

O objetivo de Rui Barbosa era a modernização do país. Essa modernização, segundo ele, viria através de um forte investimento em industrialização. Esse avanço, no entanto, tinha um preço que o governo àquela altura não poderia pagar. O governo necessitava de reservas cambiais suficientes para a empreitada, a situação deixada pela monarquia era de fragilidade econômica e, por conta disso, o governo não poderia realizar empréstimos.

Diante do impasse, o ministro Rui Barbosa dá a ordem de aumento da emissão de papel-moeda (dinheiro) que favoreceria o crescimento econômico, aliado à formação de um mercado consumidor, advindo do trabalho assalariado, categoria que se ampliou com o fim da escravidão. Além disso, o governo resolveu facilitar empréstimos para iniciativas que visassem a industrialização e a recuperação econômica do país. Como consequências dessas medidas, o país experimentou séria inflação, com aumentos consideráveis de preços das mais variadas mercadorias.

Para estruturar e organizar essas atividades, o governo dividiu o Brasil em 4 grandes áreas de administração pública, sendo que cada uma delas teria um banco para organizar essas operações. As áreas determinadas foram a Bahia, o Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A oferta de crédito fácil, mesmo que tenha gerado crescimento econômico, também possibilitou atos criminosos. Especuladores criaram grandes expectativas e logo colocaram as ações na bolsa de valores para a venda. Houve grande volume de compras de mercadorias com o único objetivo de revenda com lucros. Esse efeito dominó causa uma grande desorganização econômica.

A crise é sentida e o ministro da economia se demite em 1891, deixando pra trás uma economia brasileira à beira do colapso.

Bibliografia:
Carvalho, José Murilo de (1987). Os Bestializados, o Rio de Janeiro e a República que não foi Cia das Letras

http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2490:catid=28&Itemid=23

Arquivado em: Brasil Republicano
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