Império Colonial Holandês

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Recebeu a denominação de Império Colonial Holandês o conjunto de territórios ultramarinos controlados, em um primeiro momento, pelas Províncias Unidas (República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos), nos séculos XVI ao XVII, e posteriormente, pelo moderno estado dos Países Baixos, uma monarquia constitucional, indo do século XVIII ao XX.

Os holandeses foram responsáveis pelo estabelecimento de uma nova forma de colonialismo, que em certos pontos lembra as atividades das grande corporações capitalistas em atividade nos dias de hoje. As diferenças começam pelo fato dos holandeses não se envolverem muito nas atividades exploratórias, sendo poucos o navegadores holandeses a descobrirem territórios, como Abel Tasman, Willem Barents ou Henry Hudson.

A estratégia da nova potência, recém-independente da Espanha, em 1581, foi a de se estabelecer em entrepostos já consolidados pelas duas únicas forças ultramarinas à época, ou seja, a sua antiga metrópole, a Espanha, e Portugal. É assim, que quase ao mesmo tempo os holandeses irão ocupar os entrepostos lusos no Brasil, São Tomé & Príncipe, Angola, Índia Portuguesa, Sri Lanka, Formosa (Taiwan), Japão e Indonésia. A duras penas, os portugueses recuperariam parte desses territórios, mas abandonaria para sempre outros, em especial os territórios colonizados na Indonésia, onde começa a se constituir o Império Holandês.

O Império Holandês possuía ainda outras características que o diferenciava dos outros. Ao invés de manter políticas mercantilistas e impor as restrições do chamado Pacto Colonial aos seus territórios, eles optaram por "terceirizar" o trabalho a companhias especializadas, responsáveis por armar navios, manter entrepostos em todo o globo, transportar colonos para povoamento e trabalho, transportar escravos e coletar os produtos. Eram elas a Companhia Holandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oost-Indische Compagnie, VOC, em holandês), responsável pelos entrepostos localizados no oriente, e a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (Geoctroyeerde Westindische Compagnie, WIC, em holandês), destinada aos territórios holandeses no ocidente. Praticamente toda a atividade colonial era comandada por estas duas companhias, sendo o estado holandês responsável apenas nominalmente pela empreitada.

Os dois pilares da colonização holandesa eram a Colônia do Cabo e a já citada Indonésia, sob o nome de Índias Orientais Holandesas, sendo o primeiro ponto de povoamento e parada de navios, e o segundo fonte de várias matérias-primas que seriam distribuídas pela Europa através dos capitalistas em Haia e Amsterdam. Além destes territórios, estavam sob domínio das duas companhias o Sri Lanka, o entreposto em Deshima, Nagasaki, no Japão, onde os holandeses tinham a exclusividade de comércio com aquele país, Malaca, na Malásia, vários postos tomados aos portugueses na Índia, no oriente; no ocidente, estavam Nova Amsterdam (futura Nova Iorque, trocada pelo atual Suriname no fim do século XVII), Costa do Ouro (atual Gana), Antilhas Holndesas, Suriname, Tobago, Ilhas Virgens Britânicas e nordeste do Brasil.

A rivalidade com outras potências emergentes, como França, e Grâ-Bretanha iria desgastar aquela que foi a maior força marítima até então, com os melhores e mais velozes navios de sua época. A Grâ-Bretanha se apoderaria de boa parte de seus territórios, e a França de Napoleão invadiria a república, tornando-a um estado-satélite francês. Ao recuperar sua independência, em 1815, o país já era uma monarquia, que havia se unido à Bélgica e Luxemburgo, formando o Reino Unido dos Países Baixos, estado que duraria até 1830, com a independência da Bélgica. As duas companhias responsáveis pelas colônias tinham sido liquidadas, revertendo todos os territórios ao Estado. O que restou do império, ou seja, Indonésia, Suriname, Curaçao e Dependências e Costa do Ouro (Gana) foram administradas a partir de então, sem maiores investimentos.

Gana foi cedida aos britânicos em 1872, e a Indonésia se tornaria independente após breve luta com a metrópole, em 1949, sendo que a parte ocidental da ilha de Nova Guiné (Nova Guiné Holandesa) permaneceria holandesa até 1962. O objetivo era tornar o território um país independente, o que não ocorreu, pois no ano seguinte a Indonésia anexou o território e promoveu um dúbio referendo no qual a população escolheu por unir-se a esta; ainda hoje, oposicionistas dentro do território de Irian Jaya (nome que o território tomou como província indonésia) buscam a independência. Suriname teve sua independência concedida em 1975, e com isso, permanecem em poder holandês apenas as Antilhas Holandesas. Aruba, em referendo ocorrido em 1986 decidiu por ser um território à parte do conjunto de ilhas. Em 2010, as Antilhas Holandesas foram dissolvidas, sendo que Curaçao e Sint Maarten também optaram por serem administradas em separado, e Bonaire, Saba e Sint Eustatius formam o atual Caribe Holandês, parte autônoma dos Países Baixos.

Bibliografia:
RAMERINI, Marco . Colonial Voyage - Colonialismo Holandês (em inglês, alguns trechos em português) . Disponível em: http://www.colonialvoyage.com/pt/index.html . Acesso em: 22 jul. 2011.

Arquivado em: História
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