Primeiros povos da América

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

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As primeiras sociedades do continente americano, também chamadas pré-colombianas, são propriamente aquelas que ocuparam e desenvolveram-se nesta região no período anterior à chegada dos europeus. É importante ressaltar a diversidade desses povos, para que sejam compreendidas as diferentes características e formas de organização de cada grupo. As distintas realidades ambientais, sobretudo, condicionaram os modos de vida dessas sociedades.

A teorias acerca do povoamento da América relacionam-se à ideia de que esses primeiros habitantes seriam nômades, isto é, deslocavam-se de um lugar para o outro caçando grandes manadas de animais.

A teoria cientificamente mais aceita é de que, por conta do fenômeno da glaciação, houve a possibilidade de imigração entre os continentes asiático e americano. Os povos teriam chegado à América do Norte por meio de uma ponte natural formada de gelo, no Estreito de Bering (entre a Sibéria e os EUA).

Mapa ilustra o caminho percorrido pelos primeiros humanos na América. Ilustração: Roblespepe / via Wikimedia Commons / CC-BY-SA 3.0

A arqueologia foi fundamental para que o acesso a artefatos e vestígios (datados de 11.500 a 12 mil anos) fosse possível. Estudiosos traçaram, por meio destes artefatos, semelhanças entre os habitantes das américas e os da ásia. Há, no entanto, outra teoria, a partir de vestígios encontrados no Brasil e na América do Sul, de que teriam ocorrido diversas ondas migratórias no processo de povoação da América vindas da África e da Oceania. Povos teriam migrado gradativamente em direção à América do Sul utilizando embarcações, por volta de 30 mil anos atrás.

Em 1975, na região brasileira de Lagoa Santa (MG), arqueólogos encontraram um fóssil que foi batizado de Luzia, datado de mais de 12 mil anos. Este fóssil permitiu o desenvolvimento da segunda teoria, visto que a presença de traços negróides, indicava a possibilidade de ocupação africana e australiana nas américas, para além da colonização asiática advinda do estreito de Bering. Na imagem abaixo pode-se ver o crânio de Luzia, exposto no Museu Nacional, antes do incêndio ocorrido em 2018.

Crânio e rosto reconstituído de Luzia. Foto: Dornicke / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

Muitos desses grupos humanos desenvolveram-se em sociedades complexas e grandes impérios, como os Astecas e os Incas. Estes povos indígenas, assim como vários outros espalhados pelo continente, foram dizimados e encurralados em decorrência do processo colonizador iniciado com a chegada dos europeus no século XV. No entanto, a herança cultural indígena permanece caracterizando os países americanos até o tempo presente.

O historiador Ciro Flamarion Cardoso sinaliza “não ser possível para qualquer período pré-colombiano a construção de um saber histórico comparável ao que possuímos acerca da Grécia ou Roma antigas, já que estas são civilizações para as quais podemos dispor de documentação escrita”, o que possibilita a uma compreensão mais detalhada dos processos históricos.

Muitos dos documentos anteriores à colonização europeia foram destruídos, e os relatos que chegaram até nossos tempos são fundamentalmente de origem europeia. Apesar disso, tem-se observado um esforço cada vez mais crescente da arqueologia em pesquisas que busquem preencher as lacunas em relação à cultura dos primeiros habitantes da América.

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Referências:

CARDOSO, Ciro Flamarion. América pré-colombiana. Coleção Tudo é história, 1ª edição. Brasiliense. São Paulo, 1981.

Fragmentos do Crânio de Luzia são encontrados em escombros do Museu Nacional. Redação Nacional Geographic Brasil. Publicado em: 19 de outubro de 2018. Disponível em:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/museu-nacional-do-rio-de-janeiro/2018/10/fragmentos-cranio-de-luzia-encontrado-escombros-museu-nacional-depois-incendio-rio-de-janeiro

Arquivado em: Pré-História
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