Queima das bandeiras estaduais

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

O evento conhecido como “queima das bandeiras estaduais” foi uma cerimônia realizada na Praça Roosevelt no Rio de Janeiro (capital do Brasil àquela data) no dia 27 de novembro de 1937 pelo então presidente do Brasil, Getúlio Vargas (1882 – 1954), como parte das solenidades cívicas de comemoração da festa da bandeira. Nesta ocasião, as bandeiras representando os Estados do Brasil foram cremadas, pois, haviam sido abolidas pela constituição, vigorando a partir de então exclusivamente a bandeira do Brasil. Compareceram à festividade além do presidente da república, os ministros do estado, o corpo diplomático brasileiro e altas autoridades civis e militares.

Após a missa campal, Getúlio Vargas hasteou a bandeira do Brasil ao mesmo tempo em que 22 mastros eram hasteados com o pavilhão nacional simbolizando os 22 estados. Em uma pira, era feita a queima das bandeiras estaduais que desapareceram por um dispositivo da constituição para ser substituída por uma só bandeira: a nacional.

O então Ministro da Justiça, Francisco Campos, fez um discurso após a queima, afirmando que: "Bandeira do Brasil, és hoje a única. Hasteada a esta hora em todo o território nacional, única e só, não há lugar no coração dos brasileiros para outras flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez com determinação de não consentir que a discórdia volte novamente a dividi-lo, que o Brasil é uma só pátria e que não há lugar para outro pensamento do Brasil, nem espaço e devoção para outra bandeira que não seja esta, hoje hasteada por entre as bênçãos da Igreja e a continência das espadas e a veneração do povo e os cantos da juventude. Tu és a única, porque só há um Brasil ─ em torno de ti se refaz de novo a unidade do Brasil, a unidade de pensamento e de ação, a unidade que se conquista pela vontade e pelo coração, a unidade que somente pode reinar quando se instaura pelas decisões históricas, por entre as discórdias e as inimizades públicas, uma só ordem moral e política, a ordem soberana, feita de força e de ideal, a ordem de um único pensamento e de uma só autoridade, o pensamento e a autoridade do Brasil" (Correio da Manhã, 1937, p. 3).

A partir do discurso é possível observar a preocupação em consolidar a unidade política e social do Brasil. O golpe de 10 de novembro de 1937 que deu origem ao período conhecido como Estado Novo teve como justificativa inicial a descoberta de um suposto plano Comunista – o plano Cohen- que precisava ser combatido para evitar, entre outras coisas a fragmentação territorial. Buscou-se então medidas que reforçassem as noções de “Estado centralizado e forte” e “reconstrução nacional”. Sendo assim, ao banir na Constituição de 1937 todos os símbolos estaduais, juntamente com as casas legislativas e os partidos políticos, Vargas pretendia simbolizar a união do país sob o seu comando num movimento de exaltação ao nacionalismo.

Bibliografia:

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-cremacao-das-bandeiras-estaduais-no-estado-novo

http://www0.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas/conteudo/videos_filmes.html

http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/estado-novo

Arquivado em: Era Vargas
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: