Armadura de Placas Medieval

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A armadura de placas foi uma armadura de grande importância histórica, feita com chapas de ferro ou aço. Apesar de existirem armaduras parecidas já Roma Antiga, como a lorica segmentada, armaduras completas de placas se desenvolveram de fato apenas na parte final da Idade Média, notadamente no contexto da Guerra dos Cem Anos, com um casaco de chapas vestidas sobre uma cota de malha, durante o século XIII. Na Europa, a armadura de placas alcançou seu apogeu entre os séculos XV e XVI, quando os soldados já vestiam armaduras que lhes cobriam o corpo por completo.

Armaduras de placas que cobriam parcialmente o corpo, protegendo principalmente o peito e os membros inferiores, eram usados pelos gregos e romanos antigos, mas logo essa ferramente entrou em declínio depois do colapso do Império Romano, por causa do alto custo e quantidade de tempo de trabalho envolvido na produção de uma peça de metal ou de couraça. Armaduras de chapas só voltaram a ser usadas no fim do século XIII em diante, usadas para proteger as articulações e as pernas, sendo colocadas sobre uma cota de malha.

No fim do século XIV, armaduras completas de placas começaram a ser desenvolvidas. No começo do século XVI, os projetos de capacete e as proteções do pescoço foram redesenhados para criar a chamada Armadura de Nurembergue, muitas delas obras-primas em acabamento e design. Os melhores criadores de armaduras de placas nesse período europeu foram os italianos e os alemães, que deram origem aos estilos milanês e gótico, do Sacro Império Romano-Germânico. Ingleses também produziram grande número de armaduras, principalmente em Greenwich, usando um estilo único. Turco-otomanos também fizeram uso dessa armadura, mas incorporando à peça grandes quantidades de malha. Esse modelo foi amplamente utilizado por tropas de choque, como os tropas de elite, os Janízaros. Até o Renascimento, armaduras de placas elaboradamente decoradas foram criadas para a realeza. Por exemplo, a armadura de Henrique II, da França, de 1555, foi coberta com um relevo meticulosamente trabalhado, além de ser submetida a banhos de prata e ouro.

A armadura de placas era, virtualmente, invulnerável a golpes de espada, a não ser que fosse atacada por uma fortíssima estocada. Ela também era capaz de proteger seu usuário contra golpes de lança, além de oferecer proteção contra trauma de armas de impacto maiores, como maças.

A evolução desse tipo de armadura acabou por desencadear uma profunda evolução no desenho das armas. Enquanto ela era eficaz contra cortes, seus pontos fracos podiam ser explorados por espadas longas, como os estoques, ou outras armas concebidos para esse fim, como as alabardas. Arcos longos e bestas também eram capazes de perfurar armaduras em distâncias de até 200 metros, mas mesmo assim, com muita sorte. A evolução das armaduras do século XIV, também provocou a desenvolvimento de diversas armas de haste. Elas foram concebidos para proporcionar um impacto forte e concentrado, que produzisse energia sobre uma área pequena, suficiente para provocar danos através da placa. Os martelos de guerra ficaram famosos por funcionarem efetivamente contra esse tipo de armadura. O uso de cotas de malha mais resistentes se tornou uma questão de sobrevivência, além disso, as armaduras também passaram a ter placas arrendondadas chamadas besagues, usadas para proteger as axilas e outras articulações.

No período do Renascimento, as Armaduras Maximilianas eram famosas por seus estilo decorativo, ao contrário do acabamento mais liso presente nas armaduras do século XV. Além disso, foi nesse período que surgiram os capacetes fechados. Essas armaduras eram formadas pelo capacete, um gorjeira (ou barbote), brafoneira (ou espaldares), protetores para os cotovelos (inclusive na parte interna), protetores para o antebraço, luvas e um corselete (para as costas e para o peito), protetores para as coxas, joelhos, tornozelos e pés. Essa armadura completa pesava em torno de 20kg, mas como o peso era bem distribuído por todo o corpo, o usuário ainda era capaz de conservar sua agilidade, sendo capaz de se movimentar livremente, além de poder de correr e pular. Mercenários costumavam usar uma armadura chamada almain rivet, uma versão com menos peças dessa armadura, mas eram, geralmente, feitas com materiais de péssima qualidade.

Armaduras feitas para batalhas de justas começaram a ser produzidas entre os séculos XV e XVI. Elas eram bem mais pesadas que as convencionais, chegando a 50kg, já que não era projetada para um combate livre, não sendo necessário que ela permitisse o livre movimento do usuário, sendo limitada apenas pela quantidade de peso que os cavalos eram capazes e suportar. Até o século XVII, a maior parte dos exércitos já usavam as armaduras de placas, tanto para infantaria quanto a cavalaria. Armaduras completas de placas eram bastante custosas, sendo uma regalia restrita aos indivíduos socialmente superiores. Muitos trajes eram ricamente decoradas no século XVIII, usadas por nobres e generais, mesmo muito depois de terem se tornado obsoletas no campo de batalha devido ao advento de mosquetes de baixo custo.

Com o desenvolvimento desses rifles poderosos, tornou todas as armaduras de placas obsoletas, excetuando-se aquelas mais pesadas. O aumento do poder das armas de fogo, além da sua grande disponibilidade, foram responsáveis pelo gradual abandono das armaduras de placas, em prol do uso de tropas mais baratas e ágeis. As peças dos membros inferiores foram as primeiras a serem dispensadas, substituídas por longas botas de couro. Já na primeira metade do século XVIII apenas soldados de alta patentes, comandantes e membros da realeza usavam armaduras completas no campo de batalha, mais como um sinal da patente do que por um objetivo prático.

A armadura continuou como um acessório de moda para os retratos dos monarcas durante o resto do século, mas até mesmo essa tradição acabou se tornando obsoleta. Apesar disso, um retrato de Frederico II da Prússia, como príncipe coroado, de 1739, onde ele aparece usando uma armadura. Numa pintura posterior, ele aparece usando uniforme e um tricórnio numa vitória durante a Guerra dos Sete Anos. Muitas peças da armadura de placas continuaram sendo usadas em batalha através do século XVIII, principalmente pela cavalaria, que era mais propensa a participar de embates corpo a corpo, principalmente os couraceiros.

Fonte:
http://www.oakeshott.org/metal.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Plate_armour
http://medieval.stormthecastle.com/essays/the-history-of-medieval-armor.htm

Arquivado em: Idade Média
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