Marvin, o Andróide Paranóide

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“Eu estava muito entediado e deprimido, aí me liguei na entrada externa do computador. Conversei por muito tempo com ele e expliquei a minha concepção do Universo. E o que aconteceu? Ele se suicidou”.

Marvin, o Andróide Paranóide, é o personagem mais famoso da série de livros lançados por Douglas Adams, O Guia do Mochileiro das Galáxias. A primeira aparição de Marvin no livro acontece dentro da espaçonave Coração de Ouro. Ele, na verdade, é um protótipo GPP (genuína personalidade humana) fracassado da Sirius Cybernetics Corporation. Sempre deprimido, aflito e entediado, o dilema do robô é ter um cérebro do tamanho de um planeta e, ao mesmo tempo, ter que realizar tarefas que não exigem nem 1% de seu QI, que é 50.000 vezes mais inteligente do que qualquer ser humano.

De acordo com Geoffrey Perkins, produtor da série no rádio, Marvin “é provavelmente o personagem mais popular do Mochileiro das Galáxias”. A criação do robôzinho teve diversas influências: “Marvin veio de Andrew Marshall. Ele é outro escritor de comédias, e é exatamente como ele”, disse Douglas Adams. Além disso, Adams admite que Marvin é uma criatura deprimida como diversas outras existentes na literatura como Eeyore, de A. A. Milnes e Jacques, da obra de Shakespeare, As You Like It. Fora as inspirações literárias, o robô também reflete os períodos de depressão de Adams.

De acordo com uma autobiografia lida na segunda fase das séries de rádio, Marvin foi construído contra seus próprios desejos. Nas palavras amargas do próprio robô. “Eu nunca pedi para ser feito: ninguém me consultou ou considerou meus sentimentos sobre isso. Eu acho que nunca ocorreu a eles que eu poderia ter sentimentos. Depois de terem me fabricado, fui deixado em um quarto escuro por seis meses (…) Eu pedi socorro na minha solidão, mas alguém veio? Meu primeiro e único amigo foi um ratinho”, trecho retirado da segunda fase da série de rádio Fit the Twelfth.

No livro, quando a nave Coração de Ouro chega no planeta de Magrathea, Marvin é abandonado e espera pacientemente o retorno de seus companheiros durante 576.000.003.579 anos, os quais ele faz questão de contar religiosamente. De acordo com Marvin, “os primeiros dez milhões de anos foram os piores, quanto aos segundos 10 milhões de anos, foram os piores também. Os terceiros dez milhões de anos eu também não gostei”. Neste período de solidão, Marvin diz que a melhor conversa que conseguiu ter foi com uma máquina de café.

Apesar do pessimismo e da personalidade amarga de Marvin, ele possui muitos fãs. Chegou a receber uma menção na música Paranoid Android, da banda Radiohead, no álbum Ok Computer, um dos mais aclamados do grupo.

Fontes:
http://pt.wikiquote.org/wiki/Marvin,_o_Andr%C3%B3ide_Paran%C3%B3ide
http://obviousmag.org/archives/2007/06/marvin_o_androi.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_the_Paranoid_Android

Arquivado em: Literatura
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