Baleia comum

Mestre em Dinâmica dos Oceanos e da Terra (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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A Baleia Comum (Balaenoptera physalus), também conhecida como Baleia Fin (Fin whale em inglês), é um mamífero marinho que pertence a ordem dos cetáceos, subordem Mysticeti. A principal característica destes animais é a presença de numerosas placas de queratina denominadas barbatanas, no lugar de dentes. Estas placas atuam como um poderoso filtro, extraindo da água grandes quantidades de zooplâncton e krill. O alimento retido nestas estruturas é, então, removido com o auxílio da língua e levado ao estômago de três câmaras dos Misticetos. Cardumes de peixes relativamente pequenos como arenques e sardinhas, pequenos polvos e crustáceos da subclasse Copepoda, também compõem a dieta das Baleias Fin.

A Baleia Comum é uma espécie cosmopolita, ou seja, encontra-se distribuída por todos os oceanos, habitando regiões tropicais e polares, porém com maiores densidades em águas frias e temperadas. Estes animais realizam grandes migrações sazonais a fim de completar seu ciclo de vida: durante o inverno, concebem seus filhotes nas águas quentes dos trópicos, dirigindo-se à zona polar no verão, em busca de alimento. Estas migrações são realizadas por grupos de 6 a 15 indivíduos, de acordo com o comportamento sociável da espécie, sendo comum a presença de filhotes, que percorrem as rotas migratórias junto às suas mães.

Baleia comum. Foto: Juan Gracia / Shutterstock.com

Caracterizada por seu corpo longilíneo e aerodinâmico, a Baleia Comum é o segundo maior animal já observado na natureza, atrás apenas da Baleia Azul. Registros indicam que este cetáceo pode alcançar até 27 metros de comprimento, com peso médio de 70 toneladas, ao passo que seus filhotes nascem com aproximadamente 6,5 m de comprimento, e peso médio de 2 toneladas. Entretanto, o peso destes animais pode variar até 50% ao longo do ano, devido ao acúmulo de gordura. As Baleias Comum destacam-se pela sua coloração assimétrica, exibindo um gradiente cinza-claro a partir da região dorsal até as laterais do corpo, caracterizadas por tons mais escuros e amarronzados. Já a região ventral de seu corpo, suas nadadeiras e os lóbulos inferiores da nadadeira caudal, são brancos. Além disso, a parte inferior da mandíbula destes animais também apresenta coloração assimétrica, que permite uma fácil identificação da espécie: o lado esquerdo apresenta tons de cinza e preto, enquanto o lado direito é predominantemente branco. As Baleias Fin também são caracterizadas por sua cabeça de topo achatado e uma única nadadeira dorsal, além de apresentarem sulcos na garganta que se expandem durante sua alimentação. A alta velocidade destes cetáceos também pode ser destacada (até 37km/h), visto que auxilia tanto em migrações, quanto na caça de alimento, já que é comum observar estas baleias circundando cardumes de peixes antes de seu ataque.

As Baleias Fin mergulham a profundidades de até 250 m, e os machos emitem sons de baixa frequência para atrair fêmeas durante a época reprodutiva. Quando bem-sucedida, a cópula pode gerar até 6 fetos, geralmente culminando no nascimento de apenas um filhote após 11-12 meses de gestação. Entretanto, o acréscimo de ruídos no oceano pode estar atrapalhando a comunicação entre machos e fêmeas, freando o crescimento da espécie. A partir da década de 20, uma queda drástica na abundância de Baleias Fin foi registrada, devido à modernização dos aparatos de pesca que permitiram a captura desta espécie em escala industrial. O óleo, gordura e placas de queratina (ou barbatanas bucais) das Baleias Fin são os principais recursos que motivam sua caça, atualmente considerada ilegal pela Comissão Baleeira Internacional. Entretanto, além da caça ilegal, outros fatores ameaçam estas baleias como a redução do krill devido às mudanças climáticas globais, colisões com navios, poluição por metais pesados e perda de habitat. Atualmente, esta espécie encontra-se classificada como ameaçada de extinção pela IUCN, e cada vez menos indivíduos alcançam a maturação sexual.

Referências:

American Cetacean Society. https://acsonline.org/fact-sheets/fin-whale/

Biologia Marinha. Pereira, R. C., & Soares-Gomes, A. (2002). Rio de Janeiro: Interciência, 2, 608.

The IUCN Red List of Threatened Species. http://www.iucnredlist.org/details/2478/0

The Society for Marine Mammalogy. https://www.marinemammalscience.org/facts/balaenoptera-physalus/

WWF Global. http://wwf.panda.org/what_we_do/endangered_species/cetaceans/about/fin_whale/

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