Bugio

Graduada em Ciências Biológicas (USU, 2009)

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O bugio, também chamado de guariba e macaco barbado, faz parte do grupo dos macacos do gênero Alouatta: arborícolas, de hábitos herbívoros, corpo forte e cauda longa. Sua característica mais marcante é o som emitido pelos machos que pode ser escutado a longas distâncias. A classificação do Bugio é:

A vocalização destes animais varia conforme a informação que deseja ser passada, o filhote emite sons curtos e prolongados, enquanto dos jovens e das fêmeas são entrecortados e graves. Podem indicar que está na hora de andar, alimentar-se, ficar em alerta ou chamar a fêmea para o acasalamento. Os sons emitidos podem se assemelhar a gritos, latidos, rugidos e ao roar.

Macaco bugio. Foto: reisegraf.ch / Shutterstock.com

O macaco bugio pode ser encontrado no Brasil desde o sul da Bahia até Rio Grande do Sul sempre próximo a regiões florestais. No exterior é visto ao norte da Argentina, na região de Misiones. Alguns estudos indicam a presença do grupo no México e até mesmo região de savana.

Seu comprimento pode variar entre 30 a 75 cm e sua pelagem consiste em tons de marrom e ruivo. Durante o deslocamento utilizam a cauda preênsil para auxiliar, andam de forma vagarosa e utilizam metade do seu dia para o repouso. São animais sociais, vivendo em grupos familiares, geralmente, de 3 a 15 indivíduos, mas podendo chegar a 40 indivíduos, sempre liderados por um macho. Das relações sociais praticam a catação entre os indivíduos como forma de estreitar laços e demonstrar submissão. A reprodução acontece o ano inteiro e a gestação dura, aproximadamente, 5 meses, nascendo normalmente apenas 1 filhote. Este filhote ficará sob os cuidados da mãe até tornar-se independente. Os machos podem ser expulsos do bando pelo líder e passam a viver sozinhos. Caso encontrem uma fêmea, poderão formar um novo grupo, mas geralmente fêmeas não saem dos grupos e não são expulsas. A alimentação é basicamente de folhas, mas ingerem flores e frutos.

Os bugios estão descritos na literatura em 4 espécies. Duas delas apresentam risco de extinção. A principal causa para a extinção destes animais é a caça predatória por causa da carne, utilização de sua pele, o desmatamento e a morte dos indivíduos por pessoas que moram próximas a áreas de proteção ambiental onde estes animais se encontram por considerar erroneamente que eles transmitem a febre amarela.

Os macacos bugio são animais suscetíveis a febre amarela, assim como o macaco prego. Diferente dos humanos, os macacos desenvolvem a doença em uma concentração do vírus muito inferior da necessária para os humanos e no caso dos bugios, com alta letalidade. Assim como no homem, o macaco bugio adquire a doença por meio da picada de insetos. Por demonstrarem a doença em concentrações baixas, são utilizados como indicadores de possíveis epidemias da doença. A febre amarela para o homem possui vacina, que engloba tanto a febre amarela silvestre quanto a urbana e é aplicada pelo governo gratuitamente nos postos de vacinação. Já para os macacos não existe vacina, da mesma forma que não é possível desenvolver vacina para ser aplicada nos macacos já que não existe nenhum estudo que indique, sequer de forma aproximada, o número de indivíduos no Brasil e na América do Sul.

Referência Bibliográfica:

ALBUQUERQUE, V. J. de. CODENOTTI,T.L. Etograma de um Grupo de Bugios-pretos, Alouatta caraya (Humboldt, 1812) (Primates, Atelidae) em um Habitat Fragmentado. Revista de Etologia 2006, Vol.8, N°2, 97-107. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1517-28052006000200006&script=sci_abstract&tlng=en. Acessado em: 16/01/2018.

POUGH, F.H; JANIS, C.M; HAISHER, J.B. A vida dos Vertebrados. Editora Atheneu, 4ª edição, São Paulo, 2006.

STEINMETZ, S. Vocalizações de Longo Alcance como Comunicação Intra-grupal nos Bugios (Alouatta guariba). Neotropical Primates 2005, págs. 11-15. Disponível em: http://www.bioone.org/doi/full/10.1896/1413-4705.13.2.11. Acessado em: 18/01/2018.

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