Lobotomia

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

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Em meados de 1930 chegou ao Brasil uma técnica muito promissora de cirurgia para tratamento de diversas patologias cerebrais chamada de Lobotomia ou mais adequadamente denominada leucotomia. A lobotomia, é uma técnica psicocirúrgica onde há a intenção de eliminar doenças mentais ou modificar os comportamentos ditos inadequados através da extração da área cerebral afetada, ou seja, é uma intervenção cirúrgica, onde são seccionadas as vias que comunicam os lobos frontais ao tálamo e outras vias frontais associadas.

A decisão da secção desse era defendida pelo criador da técnica, Moniz, pois o lobo frontal, segundo estudos, era responsável pelo comportamento e atividade psíquica, e pacientes que sofriam com tumores nessas áreas tinham tendência a desencadear psicopatologias. Esta técnica fora muito utilizada para tratamentos de distúrbios psicóticos e depressão profunda porém durou apenas até o aparecimento de medicamentos chamados psicofármacos em 1950.

Cerca de 2% a 8% dos pacientes entravam em óbito devido aos perigos desta técnica por ser extremamente invasiva, dentre as complicações estavam as hemorragias intracranianas, altos riscos de infecções, sequelas inúmeras, inflamação das meninges e paraplegia nos casos em que as áreas motoras cerebrais eram atingidas durante o procedimento, e apesar de todos os cuidados esses problemas, eram frequentes entre os pacientes que passavam por estas cirurgias.

Essas técnicas duraram cerca de 20 anos no Brasil, e segundo estudos mais de mil pacientes se submeteram a esses procedimentos, porém em 1950 com a descoberta de fármacos psicoativos esses procedimentos não foram mais utilizados.

A utilização da lobotomia tinha como finalidade a modificação ou eliminação de comportamentos e/ou sintomas psicopatológicos, e eram indicadas aos pacientes que não obtinham resultados com outros tipos de tratamentos como a eletroconvulsoterapia. Na época já se tinha conhecimento de que problemas cerebrais como infecções, derrames e isquemia eram capazes de dar progresso a sintomas de patologias psíquicas e por esse motivo esse procedimento sempre enfrentou críticas da comunidade médica e científica, pois ao contrário do que a medicina comum tem como objetivo que é a reparação das áreas doentes essa técnica tinha como objetivo modificá-lo. Porém para defensores da lobotomia essas cirurgias tinham como função tornar essas disfunções mentais e de comportamento mais brandas.

Ao longo dos anos outras técnicas surgiram com o intuito de facilitar o acesso aos lobos frontais . Em 1937 Fiamberti, neurologista italiano, desenvolveu uma nova via de acesso pela órbita ocular nesta ele introduzia uma agulha pelo globo ocular até o cérebro onde injetava formol em pequenas quantidades porém essa também foi esquecida.

Atualmente a leucotomia não é mais utilizada, porém algumas técnicas foram criadas com base nas utilizadas pela leucotomia original, onde são feitas lesões em regiões delimitadas, entretanto por se tratar de alterações cerebrais irreversíveis essas técnicas são pouco utilizadas atualmente pois provocam alterações na personalidade dos pacientes.

Referências bibliográficas:
Barreto, Antonio Carlos dez. 1945 'Lobotomia pré-frontal'. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, III: 4, pp. 420-7.

MASIERO, André Luis. A lobotomia e a leucotomia nos manicômios brasileiros. Hist. cienc. saude-Manguinhos,  Rio de Janeiro ,  v. 10, n. 2, p. 549-572,  Aug.  2003 .

http://www.cerebromente.org.br/n02/historia/lobotomy.htm

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