Otorragia

Mestre em Ciências Biológicas (Universidade de Aveiro-SP, 2013)
Graduada em Biologia (Universidade Santa Cecília-SP, 2003)

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A otorreia é uma secreção purulenta, mucosa, hemática ou transparente, de abundância variável que é exteriorizada pelo canal auditivo externo e está relacionada com uma lesão na orelha média. Existem três tipos: (1) otorreia purulenta e mucopurulenta, causada por otites (externa, média aguda, crônica), colesteatoma, drenagens transtimpânicos, secreções serosa (vermelho/alaranjada), cremosa, mucopurulenta, cremosa, purulenta fétida; (2) otorreia aquosa, saída de líquido cefalorraquidiano devido a fratura da base do crânio; (3) otorragia.

Causas

Na otorragia, a substância secretada pelo canal auditivo externo é o sangue. Sua origem pode ser por traumas (sofridos ou provocados) e espontânea. Pode ocorrer pelas seguintes causas:

  • Traumatismo local – uso inadequado de objetos (como o cotonete) ou presença de corpos estranhos animados (insetos, por exemplo), diferenças de pressão (viagem de avião, mergulho, etc.) dentro do canal auditivo, ocasionando uma lesão na membrana timpânica.
  • Fratura petrosa (porção do osso temporal) – presença de sangue forma parcial ou total na cavidade timpânica, o hemotímpano. A coloração do sangue pode ser vermelha brilhante ou azul-escuro. Pode ocorrer a plenitude auricular (sons abafados ou sensação de orelha “cheia”) e a perda de audição na orelha afetada.
  • Fratura do osso timpânico – rompimento da membrana timpânica, onde o fluxosanguíneo emerge pelo meato acústico externo. São três tipos de traumatismos em relação às estruturas do sistema auditivo: Traumatismos crânicos com fratura do rochedo, traumatismos crânicos sem fratura do rochedo e concussões labirínticas. Algumas estruturas podem sofrer algum tipo de lesão no sistema tímpano-ossicular (levando à hemorragia), no nervo facial (causando paralisia) e órgãos da orelha interna (perturbações no sentido do equilíbrio e dinacusia neuro-sensorial). Pode provocar a perda da audição.
  • Traumatismo cranioencefálico – pode ocorrer lesão no sistema vestibular resultante de fraturas de base do crânio, que é um trauma no cérebro causado por uma força física externa.
  • Miringite bolhosa – inflamação da camada epitelial da mucosa da membrana timpânica e do epitélio adjacente, formando vesículas hemorrágicas. É causada pelo vírus sincicial respiratório.

Outras patologias que podem levar a uma situação de otorragia:

  • Doenças hipertensivas como o Doença de Bright.
  • Afecções hemorragíparas (doença de Werlhoff, hemogenia, etc.).
  • Afecções crônicas da orelha média.
  • Processos neoplásticos da orelha média e da orelha externa (otite média com degeneração poliposa, osteíte tuberculosa do temporal, etc.).
  • Afecções vasculares da membrana timpânica.
  • Afecções nervosas (histeria) e disendocrionoses, casos mais raros.

O diagnóstico é realizado pelo médico oftalmologista, através de exames clínicos como a otoscopia, para verificar o estado da membrana timpânica e a origem da lesão: anamnese, com o paciente ou com os pais de crianças acometidas pelo enfermidade.

A miringite bolhosa pode ser prevenida com vacinação contra infecções do trato respiratório, pode ser indicada ruptura das bolhas para aliviar a dor. Para as fraturas traumáticas do osso temporal, é indicado o uso de antibióticos e descongestionantes locais e sistêmicos, e em alguns casos é indicado a miringotomia para a drenagem o acúmulo de sangue.

Referências:

DE AMORIM, D. S. et al. Otite média aguda. Revista Clínica e Terapêutica, Jan. 04, V. 30, N. 1, 2003.

LANG, R. et al. Fraturas do Osso Temporal. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 37, ed.1, 1971.

MAIA, B. G. et al. Perfil clínico-epidemiológico das ocorrências de traumatismo cranioencefálico. Rev Neurocienc, v. 21, n. 1, p. 43-52, 2013.

Mangabeira-Albernaz, P. Otorragia e ovário. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 19, ed. 5, 1951.

MIMOUNI-BENABU, O.; TRIGLIA, J. M. Otorrea en la infancia. EMC-Tratado de Medicina, v. 20, n. 1, p. 1-4, 2016.

YAZICI, Z. M. et al. Trombastenia de Glanzmann: um caso raro de hemotímpano bilateral espontâneo. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 81, n. 2, p. 224-225, 2015.

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Arquivado em: Audição, Doenças, Medicina
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