Kuhn, Piaget e Perrenoud no Ensino de Ciências

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

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Este texto propõe a breve apresentação de um conflito entre teoria de reestruturação científica proposta por Kuhn e teoria cognitiva de aprendizagem proposta por Piaget, com a perspectiva de uma consolidação na fundamentação curricular para o ensino de ciências, de nível fundamental e médio, em Habilidades e Competências, conforme proposição inicial de Perrenoud. De acordo com Thomas Kuhn, a ciência progride a partir de crises e mudanças de paradigmas; para Jean Piaget, o aluno tem uma idade apropriada para o início do raciocínio abstrato; para Philippe Perrenoud, um ensino mais eficiente é aquele que traz para o aluno situações-problema.

Tendo em vista a formação de professores para promoção de uma aprendizagem significativa em ciências que parta de situações contextuais e a partir delas se discuta temáticas apresentadas hoje como fundamentação curricular, pode-se utilizar os conceitos de habilidades e competências para o ensino científico, independentemente de seu nível.

Dessa forma, deve-se construir uma metodologia para ensino de ciências naturais, conjuntamente ao público alvo da unidade de ensino, com base no reconhecimento da ausência de possibilidades de protagonismo do aluno nas atuais apresentações das teorias em ciências e consequente necessidade de mudança de paradigmas para o ensino em ciências fundamentada em Thomas Kuhn, a partir de situações-problema, tendo em vista a proposição de Piaget em que o desenvolvimento cognitivo humano é consolidado no estágio Operatório Formal, onde as bases do pensamento científico aparecem, chegando, então, como propõe Perrenoud, na importância da utilização de ferramentas/concepções educacionais, tais como a interdisciplinaridade concreta, a adequação dos conteúdos à realidade do aluno, a valorização do conhecimento prévio do aluno, atividades experimentais e noções de cidadania, como aspectos imprescindíveis à consolidação do conhecimento científico, visando assim à formação de professores e a reestruturação curricular sob a forma de habilidades e competências.

Fundamenta-se essa proposta na necessidade presente de uma mudança de paradigmas na compreensão científica como critério imprescindível à sua aprendizagem significativa, apontada por Thomas Kuhn, e na pedagogia de aprendizagem cognitiva proposta por Jean Piaget, as quais convergem na estruturação de um currículo formatado por habilidades e competências, de acordo com Philippe Perrenoud. Assim, essa proposta está alicerçada no seguinte tripé: a atual crise existencial que enfrenta nas últimas décadas o ensino de ciências naturais, a necessidade emergente de uma mudança de paradigmas no que se refere à sua apresentação, e uma proposta para que isso se realize, capacitando os educadores ao ensino científico sob o modelo de habilidades e competências.

Referências:                                                                    
KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.
PIAGET, J.; A Equilibração das Estruturas Cognitivas, problema central do desenvolvimento, Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
PERRENOUD, P. 1999. Construir as competências desde a escola. Editora Artmed: Porto Alegre.       .                                                             

Arquivado em: Pedagogia
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