Jatobá

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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Jatobá (Hymenaea courbaril L.) é uma árvore de grande porte pertencente à família Fabaceae, cuja casca e resina são utilizadas ne medicina popular. Jatobá, jutaí, jutaí-açu, jutaí-bravo, jutaí-grande, jutaí-peba, jutaí-uba, jutaí-uva, jataíba, jataúba estão entre os seus nomes populares.

O jatobá possui ocorrência na América do Sul e América Central, México e Paraguai. No Brasil, está presente em alguns estados das regiões norte, nordeste, centro-oeste, sudeste e sul, indo pelos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, em áreas antrópica, de cerrado (lato sensu), em floresta ciliar ou galera, floresta de terra firme, floresta ombrófila e restinga, frequente em solos pobres e argilosos. O jatobá compõe a floresta secundária tardia e de clímax na dinâmica sucessional.

A árvore possui tronco reto, cilíndrico e casca lisa. A casca é grossa e vermelho-escura. As folhas são lanceoladas pontiagudas, com nervura principal bem aparente. As flores são de cor branca a creme-alaranjado. O fruto é uma vagem, lenhosa, de cor verde quando imaturo, marrom-escuro quando maduro e preto quando passado. A coloração marrom-escura dos frutos indica a época ideal para a coleta que pode ser feita no chão, após a queda espontânea, ou diretamente na árvore. Caças como o veado, a cutia e o macaco comem os frutos de jatobá. A polpa tem um aspecto de farinha, é comestível e adocicada, de cor amarelo-claro. A semente é grande, oval e de coloração marrom-avermelhada. A paca e a anta espalham as sementes ajudando a espécie a se dispersar.

Sementes de Jatobá. Foto: Luis Echeverri Urrea / Shutterstock.com

O jatobá é muito confundido com o jutaí comum (Hymenaea parvifolia) e o jutaí-da-folha-grande (Hymaneae longifolia). O jutái comum possui folhas coriáceas, seu tronco é menos avermelhado e sua casca é mais fina que a do jatobá. É mais fácil diferenciar o jutaí-da-folha-grande do jatobá. Suas folhas são bem maiores e seu tronco é mais avermelhado.

O jatobá é uma planta que possui muitas utilidades. A casca é usada em algumas regiões para fazer chá contra gripe, bronquite, cistite, catarro no peito, diarreia, vermes, fraqueza, cólicas, infecções na bexiga, para ajudar na digestão e no tratamento do câncer de próstata. Além disso, a casca da árvore ou mesmo do fruto pode combater a tosse: é só mastigar e chupar a casca como se fosse uma bala. O fruto pode ser ingerido in natura ou, da polpa fazer farinha. O valor proteico da farinha de jatobá é semelhante ao do fubá de milho e superior ao da farinha de mandioca. A seiva se transforma em resina quando entra em contato com o oxigênio. A resina é chamada jutaicica, ela escorre das “feridas” que os insetos abrem na casca do tronco e é encontrada no solo da floresta ao pé da árvore ou em forma de bolas que caem das árvores arrebentadas. A jutaicica é queimada para fazer inalação no caso de resfriados e dores de cabeça. A resina também serve na medicina popular para aliviar as dores no estômago e flatulências. É utilizada artesanalmente nas louças de barro como verniz vegetal. A madeira é muito valorizada por causa da durabilidade, pela resistência, por ser dura e pesada e por isso serve na construção civil e para fazer canoas. A folha é repelente de saúvas e lagartas e mata fungos por possuir o elemento químico terpenoide. O pó da semente de jatobá pode ser usado como coagulador no processo de transformar látex de seringa em borracha pois o pó concentra o líquido, separando o soro e deixando apenas o creme que vira a borracha.

O jatobá tem habilidade de se desenvolver bem em ambientes com diferentes características edafoclimáticas apresentando estratégias adaptativas em sua fisiologia e bioquímica. Está melhor adaptado para formações florestais mais secas do que as formações úmidas.

Referência bibliográfica:

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Shanley, P. Frutíferas e plantas úteis na vida amazônica. Belém: CIFOR, Imazon, 300p. 2005.

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