Lutas sociais no Brasil

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Lutas sociais, ou movimentos sociais, são ações coletivas de caráter sociopolítico realizadas pelos homens na história. Estas ações implicam tanto um pensar, quanto um fazer. Um pensar no sentido de se relacionar a um conjunto de ideias que motivam e fundamentam a ação, e um fazer envolvendo um conjunto de práticas sociais. O discurso passa para ação politica reafirmando sua própria identidade e buscando seus direitos na sociedade democrática Sendo assim, podemos afirmar que as lutas sociais se relacionam diretamente com o exercício da cidadania dentro de determinada sociedade.

Para o educador brasileiro Demerval Saviani ser cidadão significa ser sujeito de direitos e deveres: “Cidadão é, pois, aquele que está capacitado a participar da vida da cidade e, extensivamente, da vida da sociedade”. À medida que os indivíduos se conscientizam do seu papel fundamental na organização social reivindicando direitos e contestando certas normas sociais, eles podem se organizam em movimentos sociais de caráter políticos, étnicos, raciais e sexuais, etc. No Brasil, desde os tempos de colônia ao tempo presente a sociedade se organiza em lutas e movimentos sociais com diversas motivações.

Deve-se reforçar que não basta ter determinada insatisfação para que exista um movimento. É necessário que a situação de insatisfação seja traduzida em demandas que se transformarão em reinvindicações através de uma ação coletiva. Por exemplo, a desigualdade de condições salariais existentes entre os sexos não configura em si um movimento social. É necessário que exista um grupo de pessoas que se organizem com o objetivo de politizar essa demanda e transformem em luta pela igualdade de salários.

Além do já citado movimento feminista, temos diversos casos de organização em movimentos sociais como: movimentos dos trabalhadores (que utilizam a greve como elemento central de negociação), grupos lutando pelo acesso à moradia/terra (como os movimentos sem-teto e sem-terra), movimentos étnicos (como movimento negro), movimentos ambientais, estudantis, dentre outros. Há também os denominados movimentos conjunturais que são aqueles que têm uma demanda específica em determinado momento e desaparecem ao atingirem seu objetivo. Na história do Brasil temos como exemplo o movimento pelo impeachment do então presidente Fernando Collor em 1992, conhecido como “caras-pintadas”.

Alguns movimentos têm como objetivo o desenvolvimento de ações que proporcionem a diminuição de preconceitos e discriminações. A partir da difusão de visões de mundo, ideia e valores procura-se o reconhecimento do outro. Busca-se, assim, o direito do cidadão de expressar suas opiniões e identidades sem ser desrespeitado física ou moralmente, e ser tratado de forma igual perante a lei. Atraindo um grande número de participantes em diversas cidades brasileiras, a Parada Gay luta pela garantia de direitos civis e luta contra o preconceito em relação à orientação sexual.

Cabe destacar que embora os discursos e práticas em situações de conflito e luta busquem denotar ideia de totalidade do grupo, os movimentos sociais nem sempre são homogêneos em si. Um exemplo na história do Brasil foram as manifestações dos estudantes em 2013 que inicialmente motivada pelo aumento do preço das passagens, tinham outras reivindicações e englobava pessoas de partidos políticos e motivações diversas.

Em uma democracia, a sociedade está em permanente construção, sendo elaborada a partir da participação cidadã. Dessa forma, as lutas sociais tanto no Brasil como no mundo, expressam esse esforço de construção social a partir da participação de indivíduos agindo coletivamente.

Bibliografia:

Gohn, Maria da Gloria. 500 anos de lutas sociais no Brasil: terceiro setor, ONGs e terceiro setor. Rec Mediações, Londrina, v.5, n1. , pag. 11 - 40, jan./jun. 2011

Oliveira, Persio Santos de. Introdução a sociologia. São Paulo 2001. Editora Ática

Tomazi, Nelson Dacio. Conecte – Sociologia para o Ensino Médio. Editora Saraiva

Tempos moderno, tempos de sociologia: ensino médio: volume único/ Helena Bomeny...[et al.]. – 4.ed. – São Paulo: Editora do Brasil, 2016; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2016. (Série Brasil: ensino médio)

Arquivado em: Sociologia
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: