Povo Griqua

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Griqua ou Griekwa é o nome de um grupo multirracial da África do Sul, que surgiu a partir da união entre os colonos europeus e membros da etnia khoikhoi (um dos vários grupos khoisan do sul do continente) entre os séculos XVII e XVIII. Atualmente, sua população é estimada entre 2 e 5 milhões de pessoas, que usam como principal língua o africâner e seguem a chamada Igreja Griqua, de rito protestante como religião principal. Os griqua contribuíram bastante para a formação da África do Sul, chegando mesmo a fundarem estados independentes.

O surgimento deste povo está ligado ao início da colonização europeia da África do Sul, que se deu principalmente na área da Cidade do Cabo. Nesta região viviam vários grupos khoikhoi, dominados e assimilados pelos ocupantes holandeses. Assim surgiam várias populações mestiças diferentes, que se denominavam "bastaards", "basters", "korana", "oorlam" ou "griqua". O nome "Griqua" ou "Grigriqua", de origem khoisan, surge em documentos pela primeira vez em 1730, numa referência a uma comunidade que vivia a nordeste da Colônia do Cabo, em Piketberg, formada por nativos khoikhoi e mestiços. Com a colonização britânica, o termo “bastaard” (de conotação ofensiva em inglês) cai em desuso, sendo gradualmente substituído por “griqua”.

Os griqua eram fortemente influenciados pela cultura africâner, especialmente na língua e religião. Eram cidadãos livres, tendo mais garantias que os nativos (geralmente escravizados), mas de status inferior aos europeus. Quando os britânicos começam a ocupar as áreas colonizadas pelos holandeses, a maior parte destes mestiços não encontra uma posição confortável dentro da administração britânica, e ao mesmo tempo decidem que não querem seguir com o papel de subordinação aos colonos africâneres. Assim, os griquas migram para o centro do atual território sul-africano, próximo ao rio Orange, buscando fundar um estado independente onde pudessem viver livre de preconceito. Disputas internas dão origem a duas repúblicas, Griqualand East e Griqualand West, além de duas comunidades independentes, Philippolis e Griquastad.

Estes estados independentes formados por grupos mestiços teriam vida breve. Logo, a área se tornou importante polo de extração de diamantes, e a cobiça pelas riquezas da terra levou os britânicos a anexarem as repúblicas Griqua. Um processo similar ocorreria mais tarde também os colonos bôeres, que como os Griqua, fundaram repúblicas independentes mais ao norte e a leste.

Durante o regime de apartheid na África do Sul, os griqua eram considerados “coloured”, ou seja, africanos negros, nativos, apesar de muitos traços de sua cultura serem europeus. Hoje, a maior parte reside na província do Cabo Setentrional, na região da antiga república de Griqualand West. Muitos migraram para outras regiões ou foram assimilados pela população xhosa local.

Bibliografia:
Griqua (em inglês). Disponível em: < http://www.sahistory.org.za/people-south-africa/griqua >.
History of the Griqua Nation and Nomansland (em inglês). Disponível em: < http://www.gwb.com.au/gwb/strachan/griqua.html >.

Arquivado em: Sociologia
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