Arte assíria

Mestre em História da Arte (Unicamp, 2019)
Bacharel e licenciado em História (USP, 2004)

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O Império assírio se estruturou principalmente nos reinados de Sargão II (722-705 a.C.), responsável pela conquista da Síria e a destruição de Samaria, capital do reino de Israel, e de Senaquerib (705-681 a.C.), que superou seu pai, atacando a Ásia Menor (portos gregos, fenícios e destruição da Babilônia).

Os assírios tinham uma estrutura de poder centralizada nas mãos do rei, que era divinizado, sendo visto como o próprio deus Assur. A manutenção do império se dava pelo pagamento de pesados tributos (principalmente para o contentamento do exército) e também pela intensa violência aplicada sobre os povos subjugados. A expansão prosseguiu no reinado de Assurbanipal (668-626 a.C.), com a invasão do Egito e das cidades de Elam e Susa .

Na forma de um animal mítico, o lamassu, corpo musculoso erguido sobre patas firmes e dotado de grandes asas erguidas, era o ser fantástico esculpido na pedra com 3 m de altura, portando-se como um sentinela perante as portas do Palácio Real. Numa composição simétrica, um de cada lado, o par de lamassu se colocava como uma representação mágica do próprio poder real: o rosto firme do rei , tendo sobre sua cabeça o típico chapéu, circundado de chifres, mais um elemento que ressaltaria seu poder e proteção dada pelos deuses, o corpo de um leão e as asas de um pássaro. Dentre as características mais marcantes, podemos observar o grau de realismo ao se reproduzir a musculatura do leão, os detalhes da penugem das asas ou mesmo o delicado penteado da barba do rei.

Lamassu – Os guardiões do rei – Museu Britânico - Londres. Foto: Elias Feitosa de Amorim Junior / InfoEscola.com

No Museu Britânico, encontra-se um conjunto de relevos que expressam de modo figurativo e bastante naturalista as ações do rei assírio Assurnasirpal II, datado de 883-859 a.C.

No processo de glorificação do soberano, a prática da caça era uma forma de exaltar a destreza do rei no uso do arco, bem como a exibir sua coragem, ao enfrentar leões selvagens e tal gesto era uma forma também de representar a proteção do rei para com seu povo. Junto deste relevo encontra-se uma inscrição na qual este rei afirma ter matado quatrocentos e cinquenta leões.

Cena de caça aos leões do rei Assurnasirpal. Foto: Andrea Izzotti / Shutterstock.com

Em outro relevo, datado de 645 a.C. e também presente no Museu Britânico, a vida palaciana é retratada num banquete, onde o rei Assurbanipal aparece comendo e bebendo, cercado de cortesãos num jardim rico em árvores e plantas ornamentais, contando também com a presença de pássaros.

Através de alguns fragmentos de pintura remanescentes e hoje resguardadas no museu de Aleppo na Síria, identificam-se cenas de batalhas navais ou de um cortejo de dignitários em visita ao governador de uma província e todas são dotadas do mesmo sistema iconográfico que se observa nas esculturas em relevo.

Outros materiais como a cerâmica, a metalurgia voltada para o cotidiano e a guerra, além da ourivesaria, mostram a sofisticação dos trabalhos dos artesãos assírios. Também no Museu Britânico, há um exemplo disto é a famosa placa de marfim policromado, datada do séc. VIII a.C., que registra o ataque de uma leoa a um jovem junto à uma paisagem de papiros. A crueza da cena se junta com a precisão do traço e o grau de realismo que a figuração naturalista atinge.

Inimigos em fuga para outro lado do rio - Museu Britânico - Londres. Foto: Elias Feitosa Amorim Junior / InfoEscola.com

Fontes:

ROAF, Michael. Mesopotâmia. Grandes civilizações do Passado. Folio Editora, 2006.

REDE, Marcelo. Família e patrimônio da Mesopotâmia antiga. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2007.

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