Arte germânica

Mestre em História da Arte (Unicamp, 2019)
Bacharel e licenciado em História (USP, 2004)

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A arte germânica pode ser caracterizada pela confluência de elementos europeus e asiáticos, pois os contatos entre as tribos, seja pelos fluxos migratórios, seja pelo comércio entre diferentes culturas.

Francos, teutos, godos, saxões, burgúndios, alamanos, hérulos, vândalos e outros grupos compõem a variedade cultural dos povos que entre os séculos V e IX , invadiram a Europa a qual sofreu um acentuado processo de ruralização, cujos desdobramentos foram uma das causas as invasões bárbaras.

Ao longo deste período, ocorreu a fusão dos valores romanos remanescentes (principalmente o cristianismo) com a cultura dos invasores, os quais trouxeram vários elementos para as representações artísticas, por exemplo, os trabalhos em ourivesaria com a predominância de elementos entrelaçados, geométricos e de animais estilizados (conceituais), sendo estes últimos uma forte influência para as representações do românico.

Pode-se observar nas peças relacionadas à arte germânica a presença de um bestiário que apresenta animais estilizados, buscando uma visão mais abstrata dos corpos. As principais representações encontram-se em adornos, joias e instrumentos.

As joias eram um elemento de importância muito grande, uma vez que serviam de elementos de diferenciação social e daí, uma variedade de broches, fivelas, fíbulas, anéis e brincos trabalhados em diferentes tipos de metais e ligas metálicas.

No Museu Britânico, o tesouro encontrado na necrópole de Sutton Hoo (perto de Suffolk no leste da Inglaterra), datado do século VII d.C., trazia uma barca de 25m de extensão, provavelmente destinada ao sepultamento e a simbólica passagem para o além de um rei ou governante local.

Fecho da bolsa de Sutton Hoo. Foto: Geni / via Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

Entre os diversos objetos ali presentes, como armas, elmos e objetos do cotidiano, estavam delicadas fíbulas de ouro com a incrustação de pedras ou decoração com esmaltes e uma bolsa cheia de moedas de ouro. No entanto, esta bolsa tinha uma tampa com vidro e animais desenhados em ouro com a presença de granada e esmaltes, portando figuras antropomórficas, zoomórficas, os entrelaçados abstratos e figuras geométricas.

Réplica de Elmo de guerreiro saxão – Sutton Hoo. Foto: Flik47 / Shutterstock.com

 

O Elmo original de Sutton Hoo. Foto: Geni / Wikimedia Commons / CC-BY-SA 4.0

O processo de conversão ao cristianismo, bem como, a sedentarização a partir da tomada dos territórios do Império Romano do Ocidente, favoreceu a construção de uma rede de reinos de matriz cultural germânica e entre eles ocorrera o destaque para o reino dos Francos.

Sob a liderança de Carlos Magno (771-814) ocorreu a fusão dos elementos germânicos e romanos, seja do ponto de vista político e jurídico, seja sociocultural, tendo Carlos Magno sua coroação em Roma, no ano de 800, pelo papa Leão III. O patrocínio na construção de igrejas, mosteiros e escolas, bem como a elaboração de uma suntuosa corte em Aix-la-Chapelle (atual Aachen na Alemanha) moldaram um período na Europa que ficou conhecido como o “Renascimento Carolíngio”.

Fontes:

DUBY, Georges. A Idade Média – Coleção História Artística da Europa. Editora Paz e Terra. 2002.

JANSON, J.W. & JANSON, Anthony F. Iniciação à História da Arte - Editora Martins Fontes. 1996.

Arquivado em: Artes, Povos Germânicos
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