Meteorito

Mestre em Astronomia (Observatório Nacional, 2016)
Graduado em Física (UFRPE, 2014)

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É muito fácil fazer confusão entre asteroide, meteorito, meteoro e meteoroide, por isso, primeiramente, vamos esclarecer a diferença entre esses quatro conceitos. Asteroide é uma rocha que orbita o Sol que, diferentemente do cometa, não possui gelo. Meteoroide é uma rocha que também orbita o Sol, porém menor que o asteroide. Meteoro é o nome dado ao meteoroide que entra na atmosfera e que causa o efeito visual de “estrela cadente”. Meteorito, por sua vez, é o nome do fragmento de meteoroide que atinge a superfície da Terra, cujo tamanho pode variar de grãos de poeira à metros de comprimento.

Conforme o meteoroide adentra a atmosfera terrestre, o material de sua superfície derrete e vaporiza, devido à sua alta velocidade, o faz com que a superfície dele seja removida e que marcas de voo aparecem no futuro meteorito. Essas marcas de voo costumam se parecem com impressões digitais empurradas para a superfície, então dessa forma é mais fácil diferir um meteorito de uma rocha terrestre.

Os meteoritos são extremamente importantes para a ciência, em especial para a astronomia, pois é através deles que conseguimos aprender sobre condições e processos iniciais do Sistema Solar. Com essas informações podemos concluir as temperaturas superficiais e interiores de asteroides e a composição e a idade de diferentes objetos do Sistema Solar.

“Este espécime de meteorito de Chelyabinsk mostra uma rede altamente desenvolvida de veias de fusão por impacto finas (linhas escuras) e bolsas de fusão por impacto (bolhas escuras). O material escuro ao redor do meteorito não é o derretimento por impacto, mas a crosta de fusão criada durante a entrada atmosférica; a presença de crosta de fusão indica que esta pedra se separou da massa principal durante a entrada¹.”
Crédito: Qingzhu Yin, Univ. Califórnia-Davis.

Já foram encontrados mais de 50 mil meteoritos na Terra, sendo 99,8% deles provenientes de asteroides e os outros 0,2%, de Marte e da Lua. Os meteoritos marcianos encontrados são constituídos de rocha cristalizada pelo magma e os lunares possuem uma composição semelhante às rochas obtidas diretamente na Lua pela missão Apollo, porém possuem certas características diferentes, as quais indicam que vieram de outra região da Lua.

Os três maiores grupos de meteoritos são os rochosos (que correspondem a 92,8% dos meteoritos encontrados), os ferrosos-rochosos (1,5%) e os ferrosos (5,7%). Os ferrosos são fáceis de diferenciar de rochas comuns pois possuem alta densidade e possuem interior metálico. Os rochosos-ferrosos, bastante raros, são compostos por rocha e aço. Os rochosos possuem um interior mais claro com presença de pintinhas de ferrugem e grãos de metal. São um tanto quanto difíceis de serem identificados pois são frágeis ao intemperismo, de forma que perdem suas características marcantes em pouco tempo. Dentre os rochososs, existe um subgrupo chamado chondrites (que corresponde a 85,7% dos meteoros) cuja datação é de 4,55 bilhões de anos, idade aproximada do Sistema Solar e, por isso são considerados amostras prístinas da matéria dos primórdios do Sistema Solar.

Meteorito rochoso. Créditos: University of Washington

 

Meteorito ferroso. Créditos: University of Washington.

 

Meteorito rochoso-ferroso. Créditos: University of Chicago

Quando um meteorito muito grande atinge a superfície da Terra, ele deixa uma cratera de impacto, assim como as crateras lunares. A maioria das crateras antigas foram “apagadas” devido à erosão e a outros processos geológicos, porém algumas ainda permanecem intactas e visíveis, como é o caso da Cratera de Chicxulub de 300 km de largura localizada na Península de Yucatán, no México. Ela é a consequência da queda de um meteorito que lá caiu, há 65 milhões de anos atrás, e causou a extinção de 75% dos animais terrestres e marinhos, inclusive dos dinossauros.

Meteorito marciano de massa 245,4 g encontrado 1999 em Los Angeles. O cubo de 1 cm é utilizado como escala. Crédito: Ron Baalke / NASA.

Referências:

¹ EVIDENCE FOR MOON-FORMING IMPACT FOUND INSIDE METEORITES. SERVI. Disponível em: <https://sservi.nasa.gov/articles/evidence-for-moon-forming-impact-found-inside-meteorites/>. Acesso em: 17 de mar. 2020

COMETAS, ASTEROIDES, METEOROIDES, METEOROS, METEORITOS. Disponível em: <http://www.astropt.org/2008/12/30/cometas-asteroides-meteoroides-meteoros-meteoritos/>. Acesso em: 17 de mar. de 2020

WHAT’S THE DIFFERENCE BETWEEN A METEOR, METEOROID AND METEORITE? NASA Solar System Exploration. Disponível em: <https://solarsystem.nasa.gov/asteroids-comets-and-meteors/meteors-and-meteorites/overview/?page=0&per_page=40&order=id+asc&search=&condition_1=meteor_shower%3Abody_type>. Acesso em: 17 de mar. de 2020

METEORS & METEORITES. NASA Solar System Exploration. Disponível em: < https://solarsystem.nasa.gov/asteroids-comets-and-meteors/meteors-and-meteorites/in-depth/>. Acesso em: 17 de mar. de 2020

METEORÓIDES E METEORITOS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://astro.if.ufrgs.br/solar/meteor.htm>. Acesso em 17 de mar. de 2020

WHAT IS A METEORITE? The Meteorite Exchange. Disponível em: <https://www.meteorite.com/>. Acesso em: 17 de mar. de 2020

É UM METEORITO? Meteorito Brasil. Disponível em: <https://meteoritosbrasil.weebly.com/identificaccedilatildeo.html>. Acesso em: 17 de mar. de 2020

Arquivado em: Astronomia
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