Fisiologia cardíaca

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

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O coração é uma bomba capaz de bombear cinco litros de sangue por minuto em um adulto com débito cardíaco típico, e tem aproximadamente o tamanho de uma mão adulta fechada (punho) e pesando entre 250 e 350 gramas . O coração está centralizado na cavidade torácica entre os dois pulmões em um espaço denominado como mediastino.

Anatomia do coração humano. Ilustração: BlueRingMedia / Shutterstock.com

A ritmicidade cardíaca é fundamental para o controle da pressão arterial e nutrição adequada de todas as células do corpo humano. As contrações musculares ocorrem devido à despolarização (passagem de cargas positivas pela membrana) das células cardíacas, e essa despolarização é causada pela ação do nó Sino Atrial e sua frequência é mantida por ação do sistema nervoso autônomo. Essas ondas de despolarização são propagadas com facilidade pelas células graças ao tipo de junção presente entre as células do tecido cardíaco, chamadas de junções comunicantes. A descarga elétrica se propaga através do tecido atrial cardíaco promovendo sua contração e termina no nó atrioventricular.

O nó atrioventricular dará sequência na sinalização permitindo a passagem de cargas elétricas e através do fascículo atrioventricular nos feixes direito e esquerdo em sequência o sinal elétrico passa pelo ramo subendocárdico, massa ventricular, miocárdio causando a contração dos ventrículos e por fim a onda despolarizante segue para o epicárdio.

Enquanto há sístole atrial, contração do átrio, os ventrículos permanecem em recuperação, relaxados, preparando-se para a contração e se enchendo de sangue por conta de sua dilatação, esse fenômeno é chamado de diástole. Quando a onda de despolarização chega ao ventrículo há contração desse tecido e concomitante relaxamento atrial.

As células do nosso corpo precisam, para preservar suas funções, de fornecimento de água, nutrientes em geral e oxigênio a todo momento e algumas células dependem de ofertas maiores desses nutrientes de acordo com a intensidade de suas atividades naquele momento, como o caso de células da musculatura esquelética durante a prática de atividades físicas. Para que isso aconteça o coração precisa bombear uma quantidade específica de sangue, suprindo a demanda do sistema, se isso não ocorrer as células apresentarão dificuldades no desenvolvimento pleno de suas atividades. A quantidade de sangue que o coração consegue ejetar de seus ventrículos é calculada por minuto sendo chamada de débito cardíaco.

Esse débito cardíaco é composto por fatores variáveis sendo a quantidade do volume que o ventrículo é capaz de ejetar por cada batimento (o volume sistólico) calculado em mililitros e o número de batimentos por unidade de tempo denominada Frequência cardíaca, geralmente marcada em minutos. Como fórmula para esses fatores temos; Débito Cardíaco = Volume de sangue ejetado em mililitros x frequência de batimentos cardíacos por minuto. A variação do débito cardíaco influenciará diretamente na quantidade de nutrientes ofertados a determinados órgãos ou tecidos, o que pode levar a danos irreversíveis, como por exemplo na insuficiência cardíaca congestiva, onde o coração não é capaz de bombear quantidade suficiente de sangue para o restante do corpo diminuindo assim o suprimento das necessidades corpóreas.

É possível analisar o débito cardíaco com diversos exames entre eles; bioimpedância, eletrocardiografia transeofágica, ultrassonografia doppler esofágica entre outros. E a propagação dos impulsos elétricos que passam pelas células cardíacas através de exames como o eletrocardiograma de repouso ou ECG e Holter que é uma espécie de eletrocardiograma de longa duração. A alteração no formato padrão das ondas ou na duração de uma onda específicas podem indicar se há alterações nos músculos ou nervos cardíacos, doenças arteriais coronarianas ou arritmias cardíacas. Outro exame que também é possível avaliar o rendimento cardíaco é o teste ergométrico que tem ampla visão do funcionamento cardiovascular quando submetido a esforços físicos em escalas diferentes de intensidade, esse exame é feito em uma esteira rolante onde o paciente deve acompanhar os ritmos introduzidos de forma crescente para avaliação da frequência cardíaca, pressão arterial e eletrocardiograma antes, durante e após o exercício físico.

Bibliografia:

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JUNIOR, Roberto Cardoso Bessa; DE LEÃO, Bruno Carvalho Cunha. Monitorização do débito cardíaco: vantagens e desvantagens dos métodos disponíveis. Rev Med Minas Gerais, v. 20, n. 2 Supl 3, p. S29-S45, 2010.

PINI, MC. Fisiologia Esportiva. 2ª Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1983.

TORTORA, GJ. Corpo Humano: Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Ward, J. Linden, R. Fisiologia Básica: Guia ilustrado de conceitos fundamentais. 2ª Ed. São Paulo: Manole, 2014.

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