Zona pelúcida

Mestre em Dinâmica dos Oceanos e da Terra (UFF, 2016)
Graduada em Biologia (UNIRIO, 2014)

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A zona pelúcida corresponde a uma grossa camada glicoproteica que envolve o ovócito (gameta feminino) de mamíferos, e desempenha um importante papel durante a fecundação.

Características e funções

O óvulo, ou ovócito secundário (II), é composto por três estruturas comuns à todas as células: núcleo, citoplasma e membrana plasmática. Em mamíferos, encontra-se também uma membrana protetora conhecida como zona pelúcida, que reveste o gameta feminino. Esta membrana é formada a partir de secreções realizadas pelo próprio ovócito e por células foliculares presentes no ovário, e sua composição tem como base filamentos glicoproteicos, que podem ser classificados em quatro tipos de proteínas: ZP1, ZP2, ZP3 e ZP4.

Cada uma dessas proteínas desempenha um diferente papel durante a fecundação do óvulo pelo gameta masculino (espermatozoide), entre as quais destacam-se a ZP2 e ZP3. A primeira (ZP2) atua como um receptor secundário que se liga ao espermatozoide somente após a indução da reação acrossômica pela proteína ZP3 (quebra da membrana do acrossomo e de filamentos da zona pelúcida), a qual é o receptor primário deste gameta (ou seja, se liga ao espermatozoide antes da reação acrossômica). Desta forma, a proteína ZP3 é responsável por assegurar a ligação espécie-específica durante a fecundação, isto é, a fusão de material genético de indivíduos de diferentes sexos pertencentes à uma mesma espécie.

Localização da zona pelúcida no ovócito. Ilustração: Betty Ray / Shutterstock.com

A zona pelúcida também se encontra revestida pela corona radiata, uma estrutura formada por células foliculares presentes no ovário, e cuja função principal consiste em fornecer nutrientes essenciais para o óvulo. No momento da fecundação, a corona radiata é separada da zona pelúcida através da ação da enzima hialuronidase, liberada pelo espermatozoide. Já a zona pelúcida se desintegra entre 4 a 6 dias após a fecundação do óvulo, quando o zigoto recém-formado alcança o estágio de blastocisto. Neste estágio, a zona pelúcida é substituída pela camada externa de células epiteliais do zigoto conhecida como trofoblasto, a qual posteriormente dará origem à placenta.

Além de promover a ligação espécie-específica, adesão e transferência de material genético do espermatozoide para o óvulo, a zona pelúcida também previne a polispermia. Este processo é definido como a fecundação de um óvulo por dois ou mais gametas masculinos, e geralmente resulta na formação de embriões inviáveis, tornando necessária a interrupção da gestação. Neste sentido, a mudança estrutural da zona pelúcida após a ligação de um único espermatozoide representa um eficaz mecanismo para a prevenção da polispermia.

Membrana protetora em outros grupos de animais

A zona pelúcida recebe esse nome quando reveste o óvulo de mamíferos, mas uma membrana protetora também pode ser observada em outros grupos de animais. Em rãs e aves, há formação de uma fina membrana vitelínica ao redor dos ovos, que é posteriormente revestida por uma camada gelatinosa (rãs) e várias camadas secundárias, incluindo uma concha calcária (aves).

Referências:

Britannica. Animal development. Reproduction and development. Preparatory Events. Disponível em: https://www.britannica.com/science/animal-development/Embryo-formation

Embryology. Zona Pellucida. Disponível em: https://embryology.med.unsw.edu.au/embryology/index.php/Zona_pellucida

Arquivado em: Embriologia, Reprodução
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