Terraformação

Mestre em Astronomia (Observatório Nacional, 2016)
Graduado em Física (UFRPE, 2014)

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Terraformação ou geoengenharia é o nome dado ao processo de adaptação de um corpo celeste sólido (planeta ou lua) para conseguir desenvolver e abrigar vida, alterando suas condições atmosféricas (como pressão e gases tóxicos), temperatura, solo e ecologia. Esse termo foi utilizado pela primeira vez em 1942 por Jack Williamson em uma história de ficção científica publicada na revista Astounding Science Fiction.

A terraformação sugerida para Marte é de em melhorar sua atmosfera, alterando uma parcela dos 95% de dióxido de carbono (CO2) presentes na fina atmosfera marciana em oxigênio, através de cianobactérias e fitoplânctons; alterar a temperatura média da superfície, já que o planeta é bastante seco e frio, utilizando o mesmo aquecimento global que é feito na Terra, à base da queima de combustível fóssil. Simultaneamente a isso, aumentar sua densidade/pressão atmosférica, de modo que proteja melhor contra a radiação solar e a cósmica, e manter a água líquida fixa no planeta, sem evaporar rapidamente como faria se houvesse baixa pressão, pois a pressão dificulta o escape das moléculas da interface líquido-ar.

Paisagem marciana é extremamente árida e quente de dia, fria a noite, por conta de sua atmosfera muito estreita e incapaz de reter o calor durante a noite. Foto: Robô Curiosity / NASA.

Resultados da NASA sugerem que a fina camada CO2 envolta ao planeta não é suficiente para fornecer acréscimo significativo no efeito estufa, de modo a segurar mais calor, nem mesmo se o gás sair das partes dificilmente acessíveis, como as calotas polares. Assim, a tecnologia atual ainda não está produzindo opções realistas para esta terraformação. Neste sentido, são necessários que os avanços tecnológicos superem essas dificuldades para que possamos um dia terraformar e colonizar outros planetas. Muitas ideias estão sendo discutidas para alavancar o processo de terraformação de Marte, entre elas está a possibilidade de implantação de indústrias e/ou de espelhos de modo estático em posições estratégicas que direcionem a luz solar para as calotas polares. Isso acarretaria na elevação da temperatura do planeta e, consequentemente, promoveria a sublimação do gelo de CO2 presentes na superfície e nas calotas polares de Marte, contribuindo assim para aumentar a pressão atmosférica e o efeito estufa do planeta.

Existem supostas possibilidades entre planetas e luas no sistema solar que possam ser terraformados: Vênus, luas Galileanas, luas de Saturno e a própria Lua. Estudou-se a possibilidade das luas Galileanas da seguinte forma:

Inicialmente ajusta-se a interação das luas com o campo magnético de Júpiter, criando uma atmosfera respirável. O aquecimento para sublimação da superfície gélida das luas pode ser feito a partir de espelhos orbitais focando a luz solar no gelo, ou detonadores nucleares etc.

Uma vez derretido o gelo, o gás proveniente formará densas nuvens de vapor d'água e gases voláteis (como dióxido de carbono, metano e amônia). Tais gases, iniciaram um efeito estufa capaz de segurar o calor gerado propositalmente, aquecendo ainda mais a superfície e desencadeando um processo conhecido como radiólise (a dissociação de moléculas pela exposição à radiação nuclear vinda do Sol).

Assim que o vapor d'água for exposto à radiação de Júpiter, haverá a criação de hidrogênio e oxigênio, as moléculas mais afastadas da superfície facilmente escaparão para o espaço, porém as mais internas permanecerão, formando uma fina camada de atmosfera composta por tais elementos. A existência da amônia poderia ser extinguida predominantemente na conversão dela para nitrogênios avulsos (N2), a partir da introdução de certas cepas de bactérias, membros das espécies como Nitrosomonas, Pseudodomonas e Clostridium, capazes de converter amônia em nitrito (NO2) e de nitrito para nitrogênio. Toda esta mudança faria as atmosferas serem bem parecidas com a da Terra. O nitrogênio serviria para preencher a atmosfera, fornecendo pressão suficiente para sustentar a vida humana (o nitrogênio corresponde a 78% da atmosfera terrestre).

A terraformação de Io seria bem desafiadora e a base da energia geotérmica. Esta lua é rochosa e já tivera intensa atividade vulcânica. Utilizando a energia disponível, seria possível gerar um campo eletromagnético para proteger a colônia da da radiação de Júpiter. Esta energia poderia substituir o Sol, que está significativamente longe.

Já Ganimedes, é considerada a lua mais atrativa para terraformação, depois da Lua (pela comodidade). Ela possui indícios de água líquida sob a superfície, uma forte magnetosfera além da de Júpiter, sendo esse um forte motivo para a manutenção de atmosfera que ocorre lá. Para torná-la respirável, o gelo na superfície poderia ser convertido em oxigênio.

Referências:

MARS-TERRAFORMING NOT POSSIBLE USING PRESENT-DAY TECHNOLOGY. NASA, 2018. Disponível em: <https://www.nasa.gov/press-release/goddard/2018/mars-terraforming>. Acesso em: 11 de nov. de 2019.

HOW DO WE TERRAFORM JUPITER’S MOONS?. Universe Today, 2016. Disponível em: <https://www.universetoday.com/128530/how-do-we-terraform-jupiters-moons/>. Acesso em: 11 de nov. de 2019.

HOW DO WE COLONIZE MARS?. Universe Today, 2015. Disponível em: <https://www.universetoday.com/14883/mars-colonizing/>. Acesso em: 11 de nov. de 2019.

IO. Terraforming Wiki. Disponível em: <https://terraforming.fandom.com/wiki/Io>. Acesso em: 11 de nov. de 2019.

GANYMEDE. Terraforming Wiki. Disponível em: <https://terraforming.fandom.com/wiki/Ganymede>. Acesso em: 11 de nov. de 2019.

Arquivado em: Exploração Espacial
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