Consequencialismo

Doutorado em andamento em Filosofia (UERJ, 2018)
Mestre em Filosofia (UERJ, 2017)
Graduado em Filosofia (UERJ, 2015)

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O consequencialismo é uma doutrina do âmbito da filosofia moral e da ética que afirma que o valor moral de um ato é determinado exclusivamente por suas consequências. Sua visão é que não se deve preocupar com as ações e seus valores no passado, tendo em vista que nada se pode fazer a respeito do que já passou, mas que deve-se, antes, buscar olhar para frente, para o futuro, tomando como motivação a escolha de ações que maximizem suas boas consequências e que reduzam ao máximo suas más consequências. Seu principal representante na filosofia moral e na ética é, certamente, o utilitarismo, de modo a tornar-se um paradigma do consequencialismo.

São diversas as formas de pensamento que podem ser consideradas consequencialistas, de modo que seria muito extenso tratar de todas neste artigo. Apresenta-se, assim, apenas alguns deles para demonstração: o consequencialismo de regras, onde um número determinado de regras é selecionado com a finalidade de apontar para as melhores consequências e, assim, são capazes de determinar que tipos de ação são consideradas moralmente erradas; o consequencialismo de ato, segundo o qual um ato é considerado moralmente correto unicamente no caso de eele provocar o máximo de bem para todos, quer dizer, quando um ato em particular produz consequências melhores para todos do que qualquer outra alternativa disponível para o agente, ou seja, para o sujeito que realiza a ação. Uma outra forma que também pode ser considerada consequencialista é o hedonismo, doutrina filosófica segundo a qual um ato é bom ou mal de acordo com a quantidade de prazer ou dor que ele produz.

Algumas versões do consequencialismo são relativas de acordo com o agente, isto é, em uma situação onde há dois ou mais agente envolvidos, são dados a cada agente diferentes objetivos, de modo que alguns destes objetivos podem entrar em conflito. É o caso, por exemplo, do chamado dilema do prisioneiro, onde um certo número de possibilidades com diferentes recompensas é apresentado a todos os agentes envolvidos, de modo a comprometer e, ao mesmo tempo, despertar o interesse particular de cada agente envolvido. Nesse caso, diferentes versões do consequencialismo provocariam resultados diferentes. De acordo com o consequencialismo egoísta, por exemplo, a melhor decisão a ser tomada é aquela que gera as melhores consequências para aquele agente particular. Contudo, a maioria das versões do consequencialismo consideram o agente em condição neutra, isto é, cada agente recebe o mesmo objetivo final, de modo que os diferentes objetivos dos agentes não entrem em conflito. O próprio utilitarismo é um exemplo de consequencialismo que considera o agente neutro, pois defende que uma ação é moralmente correta exclusivamente se ela produz mais felicidade para cada um dos seres sencientes aos quais ela afeta (e, neste caso, estão envolvidos não somente seres humanos mas, também os animais) do que qualquer outra opção possível. Neste caso, o objetivo final é produzir mais felicidade para todos, o que evita qualquer conflito e faz com que os agentes envolvidos sejam neutros.

Outra questão que varia entre as diferentes versões do consequencialismo diz respeito a quais fatores determinam a bondade de um ato. Nesse caso, as versões utilitaristas, por exemplo, sustentam que o que dá valor de bondade a um ato é a sua capacidade de produzir felicitada para os seres sencientes.

As teorias consequencialistas sempre aparecem em contraste com as doutrinas chamadas deontológicas, sendo a doutrina de Kant a que dentre elas tem o maior destaque. Tais doutrinas sustentam que o valor de uma ação é determinado por uma certa normatividade e que há ações que são moralmente reprováveis, ainda que seus resultados sejam moralmente bons.

Referências:

AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.

BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004.

STANFORD ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY. Consequentialism. Disponível em: https://plato.stanford.edu/entries/consequentialism/. Acesso em: 15 de jan. 2020.

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