São Tomás de Aquino

Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)

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Um dos principais filósofos do período conhecido como escolástica, Tomás de Aquino foi um filósofo da idade média proponente da teologia natural, disciplina dedicada a provar a existência de Deus ou de seus atributos por modos puramente filosóficos, e originador do tomismo, uma tentativa de conciliar as posições e métodos de Aristóteles com o cristianismo, adotado como a principal corrente filosófica oficial da Igreja Católica. Diversos aspectos da filosofia ocidental floresceram como respostas a posicionamentos de Aquino, com influência na ética, teoria politica e metafísica.

Diferente de seus antecessores, Tomás de Aquino foi mais ligado à filosofia de Aristóteles do que a Platão e o platonismo, colocando a escolástica em uma nova fase, com maior enfase no uso da razão e ampliando o uso das novas fontes aristotélicas, novas transcrições e traduções dos escritos de Aristóteles, especialmente acerca de metafísica e epistemologia. Aquino promoveu, acompanhado por Alberto Magnus, uma síntese da doutrina cristã e da teoria aristotélica, ajudando a definir o que seria a filosofia da igreja Católica. Defendeu a razão e argumentação como base da filosofia, rejeitou o platonismo e agostinianismo, posições que dominaram os primeiros anos da escolástica.

Embora tenha defendido que o conhecimento da verdade é facultado ao homem pela graça divina, Aquino defendeu que há muitas coisas que os humanos podem conhecer, sem a necessidade de intervenção da divindade. Aquelas coisas que se pode aprender pelos sentidos, seriam passíveis de conhecimento por ser esta a característica humana. Aquino compara os humanos com a água, que não tem o poder de aquecer a si mesma, mas quando exposta ao fogo aquece-se, da mesma maneira, o humanos não teriam o poder de revelar a verdade a si mesmos, mas quando expostos aquelas coisa feitas para serem conhecidas pelos sentidos, inteligíveis, são capazes de conhece-las.

No campo da ética, defendeu que a razão de cada pessoa dita que esta aja de maneira virtuosa, pois são prescritos pela lei natural. Por outro lado, aceita que nem todos os atos virtuosos sejam contidos na lei natural, quando consideramos o ato em si mesmo, como ele aparece no contexto. Esta lei natural seria, segundo ele, identificada com os princípios primeiros da ação humana. Definiu ainda, baseado na Ética a Nicômaco, de Aristóteles, quatro virtudes cardinais a prudência, temperança justiça e coragem. Virtudes estas naturais e inerentes a todos. Por outro lado, definiu um outro conjunto de três virtudes que seriam sobrenaturais, as quais chamou "virtudes teológicas", seriam elas a fé, esperança e caridade.

Na teoria da guerra justa que Agostinho de Hipona desenvolvera séculos antes, definiu ainda os três condições para uma guerra justa. Aquino não apresentou conclusões diferentes daquelas apresentadas por Agostinho, mas procurou definir os critérios de modo mais claro e objetivo. Embora defende-se o pacifismo filosófico, a posição de que as pessoas deveriam evitar a guerra tanto quanto possível, acreditava que as pessoas deveriam aderir a guerra, se esta fosse necessária para manter a paz no longo prazo. Em primeiro lugar deve-se analisar se a guerra é levada a cabo por uma boa causa, caso seu objetivo seja o poder ou a riqueza, a adesão a tal guerra deve ser rejeitada. Em seguida, verificar se a guerra foi declarada por uma autoridade legítima. Por ultimo, em meio a violência, característica da guerra, a paz como motivação central deve ser o objetivo a todo o tempo.

Aquino dedicou-se ainda a apontar o que considerou erros de interpretação do comentador Averróis, importante pensador islâmico, permitindo a incorporação da filosofia de Aristóteles. O aristotelianismo cristão promovido a partir de seu trabalho seria criticado posteriormente por Maquiavel e discutido por diversos filósofos modernos e contemporâneos.

Referências bibliográficas:
ALARCÓN, E.; FAITANIN, P. "Atualidade do tomismo". Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2008.

Faitanin, Paulo. A Sabedoria do Amor: iniciação à filosofia de Santo Tomás de Aquino [Love’s philosophy: initiation to Saint Thomas Aquinas’ philosophy] Instituto Aquinate. 2008.

HIRSCHBERGER, Johannes. História da Filosofia na Idade Média. Trad. Alexandre Correia. São Paulo: Herder, 1966.

McGrath, Alister. 1998. Historical Theology: An Introduction to the History of Christian Thought. Oxford: Blackwell Publishers. Chapter 1 'The Patristic Period, c. 100-451.

Arquivado em: Biografias, Filósofos
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