Fenilcetonúria

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A fenilcetonúria trata-se de um erro inato do metabolismo, de caráter genético (autossômico recessivo), caracterizada pelo acúmulo de fenilalanina (FAL) na corrente sanguínea e aumento da excreção urinária de ácido fenilpirúvico e FAL, em decorrência da ausência da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH). Esta última está envolvida na hidroxilização da FAL em tirosina que, por sua vez, participa da síntese de melanina.

Esta doença acomete aproximadamente 1 em cada 10.000 indivíduos nascidos vivos da população caucasiana. Portadores da fenilcetonúria apresentam uma mutação no gene PAH que altera a estrutura da mesma em qualquer uma das diversas bases de DNA do gene. Deste modo, os efeitos podem ser distintos, havendo três formas de apresentação reconhecidas, que são:

  • Fenilcetonúria clássica: quando a atividade da PAH é quase ausente (abaixo de 1%) e, em consequência, os níveis plasmáticos de FAL encontram-se acima de 20mg/dl.
  • Fenilcetonúria leve: quando a atividade da PAH é de 1% a 3% e os níveis plasmáticos de FAL encontram-se entre 10mg/dl a 20mg/dl.
  • Hiperfehilalninemia transitória ou permanente: quando a atividade da PAH é superior a 3% e os níveis de FAL encontram-se entre 4mg/dl a 10mg/dl. Este quadro é considerado benigno não levando a qualquer manifestação clínica.

Crianças, especialmente do sexo feminino, que apresentam quadros de hiperfehilalninemia permanente devem receber atenção especial, uma vez que, durante o período gestacional, as elevadas quantidades de FAL materna (acima de 4mg/dl) resultam em uma incidência maior de deficiência mental, microcefalia e baixo peso ao nascimento. Estas pacientes, quando em idade fértil, devem receber orientação para iniciarem uma dieta para pacientes fenilcetonúricos para manterem níveis iguais ou inferiores a 4mg/dl anteriormente à concepção e durante a gravidez.

Além do atraso mental, outras manifestações que surgem após a introdução de outros alimentos à dieta do bebê, além do leite materno, que são: lesões cutâneas semelhantes ao eczema, odor corporal característico, náuseas, vômito, convulsões, hiperatividade, tremor e atraso do desenvolvimento psicomotor.

O diagnóstico da fenilcetonúria ideal é o realizado durante a triagem neonatal, por possibilitar um tratamento precoce e a prevenção do desenvolvimento do quadro clínico. Esta, por sua vez, é feita através do teste do pezinho, no qual é feita a dosagem quantitativa de FAL sanguínea.

Para um diagnóstico precoce, a triagem da fenilcetonúria por meio de metabólitos na urina não é adequado. É possível detectar alterações na urina somente após haver alterações sanguíneas e, em muitos casos, nesse ponto já estão presentes os primeiros sinais de lesão no sistema nervoso.

O correto é não esperar até a fase de manifestações clínicas, pois podem ocorrer lesões irreversíveis. Contudo, quando esta doença não for identificada no período neonatal, algumas manifestações apontam para uma provável presença de fenilcetonúria. São elas:

  • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor;
  • Deficiência mental;
  • Comportamento agitado, agressivo ou padrão autista;
  • Presença de convulsão sem etiologia definida.

Para o diagnóstico laboratorial, diferentes testes podem ser empregados, como a fluorimetria, o enzimático-clorimétrico ou a espectometria de massa, sendo que o valor de referência da FAL é igual ou inferior a 4mg/dl. Já o valor de referência para o diagnóstico da fenilcetonúria clássica ou leve deve ser acima de 10mg/dl em, no mínimo, duas amostras laboratoriais diferentes.

O tratamento da fenicetonúrira é feito com base na alteração da dieta, com restrição da FAL, que deve ser seguida por toda a vida do indivíduo para que não haja comprometimento neurológico. Pesquisas apontam que uma dieta adequada reduz níveis séricos de FAL, melhora o quociente de inteligência e problemas neuropsicomotores.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fenilceton%C3%BAria
http://www.tuasaude.com/fenilcetonuria/
http://www.uff.br/disicamep/fenil.htm
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/dsra/protocolos/do_f20_01.pdf

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Arquivado em: Doenças genéticas
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