Pessoal de Apoio na Escola: Invisíveis que Alicerçam o Processo de Ensino-Aprendizagem

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Quanto mais se debate sobre a educação, mais se gera temas para debates futuros. Muitos são os temas e vertentes que podemos discutir e tentar chegar a um entendimento global capaz de trazer consigo os diagnósticos necessários aos problemas em ação, bem como as respectivas soluções.

Vários temas foram – e ainda são – amplamente discutidos nesse cenário de incertezas, fracassos, mas também de muitas vitórias. Dentre eles estão os jogos didáticos, teorias e práticas da avaliação da aprendizagem, as didáticas específicas de cada disciplina, políticas educacionais e outras. Porém, pouco se fala sobre os detalhes funcionais das escolas, suas formas de gerenciamento, seus atores implícitos ao processo, as infraestruturas e o transporte escolar. Neste trabalho abordarei apenas um desses tópicos, talvez com pinceladas em alguns outros, baseado na observação que a experiência da coordenação pedagógica me levou a concluir.

Escolhi os atores implícitos da educação e o seu papel fundamental no suporte ao processo de ensino e na promoção de um ambiente receptivo e com condições de uso, isto é, um espaço verdadeiramente preparado para receber os atores explícitos do processo ensino – aprendizagem: professores, alunos, coordenação pedagógica, equipe diretiva e administrativa.

O termo “atores implícitos” é utilizado para designar o Pessoal de Apoio tais como: merendeiras, serventes, vigilantes, etc. Essas pessoas, esquecidas pelos divulgadores dos resultados escolares, essas que não recebem nenhum mérito pelas vitórias da educação, são de grande importância para que a magia do ensinar e do aprender aconteça.

Algumas divisões de opiniões serão formadas pelos leitores deste trabalho, de um lado estarão os sensíveis e observadores: pessoas atentas aos pequenos, mas importantes detalhes ao seu redor, pessoas que tratam o seu semelhante como igual independente de sua condição e status social, estes enxergarão o papel decisivo do pessoal de apoio nas escolas, os verão como promotores do bem-estar e das condições necessárias para a ocorrência do processo de ensino-aprendizagem; do outro estarão os egoístas-prepotentes[1], pessoas que se acham, por estarem ou possuírem cargos “mais elevados”, no direito de se colocarem em evidência e neutralizarem a valia que outros profissionais, talvez em cargos “mais baixos” representam. Em ambos os casos o debate sobre o tema é muito necessário e oportuno.

È importante ressaltar que a educação não se define pela transmissão (professor) e recepção de conteúdos (aluno), mas sim por diversos fatores que influenciam direta ou indiretamente a sua efetivação. Para que possamos desenvolver uma boa aula é preciso contar com condições de trabalho que não são somente os materiais pedagógicos. Os alunos, para que se concretize uma aprendizagem significativa, não necessitam apenas de infraestrutura e professores capacitados. A equipe diretiva e administrativa não necessita apenas de professores e alunos para conduzir as atividades escolares corriqueiras. Existem fatores implícitos que ocorrem diariamente no âmbito escolar que tornam-nas atribuições escolares possíveis de se efetivarem. É exatamente sobre eles que passarei a discorrer.

Todos os dias (letivos), ao adentrarem no espaço escolar, os atores explícitos da educação deparam-se com um ambiente higienizado, organizado e pronto para sediar as atividades pedagógicas. As salas exibem carteiras devidamente distribuídas, o pátio apresenta-se limpo e espaçoso, os laboratórios com equipamentos organizados e estrutura higienizada, diretoria e secretaria mostram-se com ares de zelo, os banheiros estão prontos para o uso, e, ao longe, sente-se o cheiro da merenda que já começa a ser preparada, pois logo mais será servida para manter o corpo sustentado e alerta às atividades posteriores.

Não há possibilidade de se realizar aulas num ambiente sujo e maltratado. Se todas as vezes que os professores chegassem à sala de aula tivessem que zelar o espaço para, só após, iniciarem as aulas, não existiria tempo apropriado para as atividades pedagógicas. Da mesma forma, os alunos ficariam dispersos e desfocados do objetivo de aprender. Tudo isso acrescido do fator fome, causador de sequelas que conduzem a falta de atenção no que se é ensinado e, posteriormente, ao fracasso da aprendizagem.

Fica claro, que se aluno fracassa, a escola inteira fracassa, também. Não existe escola sem clientela (alunos), pois a ela é oferecido o produto final dessa empresa de formação: a aprendizagem.

Certo de que o processo de ensino-aprendizagem só se concretiza com a colaboração de todos os componentes da escola, sejam eles explícitos ou implícitos, trago essa reflexão a fim de abordar a importância do Pessoal de Apoio das escolas como alicerce que sustenta todo o processo de ensino com ações primordiais de suporte e preparo de todo o ambiente onde, posteriormente, acontecerá a magia do aprender. Não só na higienização e organização do espaço escolar, mas também na preservação deste patrimônio e na promoção da segurança e do controle de entrada e saída no ambiente escolar.

Todos somos importantes e necessários à educação, juntos a formamos, a organizamos e mantemo-la ativa. Ninguém é mais ou menos importante no cenário educacional, todos desempenham papeis fundamentais na sua promoção. Sem essa união, reconhecimento e valorização dos profissionais implícitos da educação, seremos levados inevitavelmente, ao fracasso.

“A educação é um corpo gigante composto de pequenas partículas indispensáveis para si”. (Robison Sá)


[1] Os termos utilizados não representam uma crítica pessoal, e sim uma abordagem dessas características tão presentes em considerável parcela da sociedade.

Arquivado em: Educação, Pedagogia
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