Antissemitismo

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Caracteriza-se por antissemitismo a discriminação ou agressão relacionada aos judeus. Esta hostilidade pode ser de cunho racial ou religioso. Sua origem tem data em 1879, quando o jornalista e agitador alemão Wilhelm Marr utilizou o termo como eufemismo para a palavra Júdenhass (ódios aos judeus).

O antissemitismo causou a perseguição e assassinato de judeus, realizados de forma sistemática pelo nazismo. Foram exterminados cerca de seis milhões de judeus e este processo ficou conhecido como Holocausto.

A utilização do termo antissemitismo gera discussão devido a sua abrangência. Isso acontece porque os árabes, além de outros povos, também são considerados semitas. Porém, dificilmente a utilização do vocábulo refere-se a estes povos. Ou seja, o antissemitismo é a corrente que direciona o preconceito aos judeus. O vocábulo não é utilizado para se referir ao ódio aos árabes e outros representantes de comunidades semitas.

A especificidade de um ódio direcionado aos judeus ocorre antes da Idade Moderna e precede a própria criação do antissemitismo. Esta repulsa pode ser observada em movimentações que ficaram conhecidas como pogroms, termo de origem russa. Eram ataques violentos contra israelitas, por vezes apoiados pelo governo. Ocorriam a partir de agressões físicas da população contra os judeus e eram vistos não somente no Império Russo, mas também em outras nações. Estas manifestações davam-se a partir da crença nos “libelos de sangue”, notícias falsas indicando que judeus realizavam rituais com sangue de crianças cristãs.

A partir do ano de 1870, na Idade Moderna, o antissemitismo ganhou uma concepção de viés político e ideológico. Foram criados na Alemanha, na Áustria e na França os partidos anti-judaicos. Para legitimar e apoiar essa causa, houve a publicação de obras como Os Protocolos dos Sábios de Sião, mentiras a respeito de judeus no sentido de incriminá-los pelos males sociais. Este tipo de panfleto legitimava teorias falsas sobre uma conspiração mundial do povo judeu.

Ainda no século XIX, artistas, filósofos e membros da academia alemã criaram o movimento Voelkisch, de cunho xenófobo. Os membros deste grupo consideravam o espírito alemão superior ao judaico. Com isso, influenciaram a opinião pública indicando que os judeus, mesmo os nascidos em território da Alemanha, não eram compatriotas legítimos. Isso se estendia também para os seus descendentes. Atrelado a este pensamento estava o racismo biológico, teoria racial sem embasamento científico que rotulava indivíduos pelas características físicas.

A partir do século XX, o Partido Nazista tornou políticas as ideias propagadas pelo Voelkisch. Com isso, deu propulsão ao potencial antissemitismo alemão. Após ganhar popularidade, o Partido, que tinha Adolf Hitler como fundador e líder, passou a disseminar este preconceito como forma de propaganda política. Outro livro antissemita importante neste processo foi o “Minha Luta” (Mein Kampf), escrito por Hitler. A publicação clamava para que o povo judeu fosse expulso da Alemanha.

Lojas de proprietários judeus eram vandalizadas e identificadas, para que a população as evitassem. Foto de autor desconhecido, aproximadamente 1935.

No começo da década de 1930, o Nazismo chega ao poder na Alemanha. A partir deste momento, utilizando-se da força proveniente da estrutura do Estado e do apoio popular, os nazistas ordenaram boicotes aos judeus. Estas ações poderiam ser de cunho econômico ou chegar as vias de fato como no episódio da Grande Queima de Livros, no qual estudantes queimaram mais de 25.000 livros vistos como não pertencentes à cultura alemã.

A antissemitismo foi regulamentado juridicamente com as Leis de Nuremberg, de 1935. A partir de deste conjunto de prescrições, os judeus foram definidos por meio de termos raciais e pelo sangue. Foi ordenada a separação completa entre os os alemães que eram considerados arianos (supostamente pertencentes a uma linhagem quase pura) dos não-arianos. Assim, ocorreu a legalização do racismo hierarquizado que colocava o povo alemão em seu cume de superioridade em relação aos outros povos. Em 1938, grupos de nazistas iniciaram a destruição de lojas e sinagogas de judeus. Este episódio ficou conhecido como Noite dos Cristais e ocorreu tanto na Alemanha como na Áustria.

Entre outros indivíduos perseguidos pelos nazistas estão os deficientes mentais e físicos, os ciganos e os eslavos. O Partido Nazista era contrário também aos homossexuais, negros, Testemunhas de Jeová, socialistas e comunistas.

Fontes:

AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

http://diversitas.fflch.usp.br/holocausto-e-anti-semitismo

http://obeco.planetaclix.pt/rkurz164.htm

https://www.publico.pt/2018/11/27/mundo/noticia/antisemitismo-vivo-europa-sondagem-cnn-1852694

Arquivado em: Filosofia, Política, Sociedade
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