Satíricon

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Satíricon é o nome de uma obra literária de autoria de Gaio Petrônio Árbitro (27(?) d.C - Roma, 66 d.C.), um cortesão romano à época do Imperador Nero. Algumas fontes afirmam, porém, que no manuscrito original consta o nome de um certo Tito Petrônio como verdadeiro autor. Escrito há aproximadamente 2000 anos (não há data exata conhecida da sua composição), seu principal objetivo era ridicularizar a corte de Nero e a alta sociedade romana.

Clássico da literatura universal e importante testemunho da vida na antiga Roma, boa parte de seu texto chegou aos nossos dias, mas não a sua totalidade. Ao longo do anos, a partir da análise do texto restante, foi possível deduzir algumas passagens perdidas. Além disso, alguns fragmentos do Satíricon são encontradas em obras de autores contemporâneos como Mauro Sérvio Honorato e Sidônio Apolinário.

As partes remanescentes do texto narram as desventuras do narrador Encólpio em meio às viagens que realiza pela Itália, junto a seu amigo e ex-amante Ascilto e seu escravo e amante, um menino de 16 anos de nome Giton. Ao longo da história, Encólpio enfrenta dificuldades em manter Gíton fiel à relação, pois este é constantemente seduzido por outros personagens.

Petrônio consegue criar situações absurdas e ridículas que, de forma natural, se transformam em tragédias, sem perder o humor absolutamente negro. A maioria dos personagens do Satíricon são desprovidos de pudor. É muito interessante notar a completa amoralidade dos cidadãos, uma vez que o cristianismo ainda não tinha "purificado" a todos. Não existe repressão, tampouco vergonha com relação à sexualidade. A história narrada por Encólpio vai citar as práticas orgíacas, heterossexuais e homossexuais das sociedades que este e seus dois companheiros de viagem vão encontrando. Há um total desprendimento moral nas pessoas, já que a visão de mundo cristão que "castraria" o sexo como elemento essencial do e para o ser humano ainda não ameaçava o "estilo de vida" do mundo pagão. Desse modo, não existem pecados capitais para podar as vontades de homens e mulheres, jovens ou velhos.

O Satíricon é considerado o primeiro romance realista da literatura universal, sendo possível identificar em seu conteúdo temas que seriam explorados com maior riqueza somente na literatura do fim do século XIX, em meio ao movimento do Realismo, como por exemplo a exploração social e a hipocrisia. Como todo clássico universal, o texto de Petrônio descreve cenas que podem ser identificadas ainda no comportamento humano de nossos dias. Neste caso, as observações sobre as grandes metrópoles e a alta sociedade ainda retêm uma identificação impressionante com seus equivalentes atuais.

Bibliografia:
Satíricon - Petrônio. Disponível em <http://literaturacaracomum.blogspot.com.br/2011/04/satiricon-petronio.html>. Acesso em: 04 abr. 2012.

A.M. FILHO, Sérgio. O Hedonismo de Petrônio. Disponível em <http://literatura.interativo.org/livros/2005/12/o-hedonismo-de-petronio>. Acesso em: 04 abr. 2012.

Arquivado em: Literatura
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