Caetés

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Graciliano Ramos estreia na senda literária com o romance Caetés, lançado em 1933 e narrado na primeira pessoa pelo protagonista, João Valério, psicologicamente caracterizado por seu recolhimento interior e sua tendência ao devaneio. Romântico, ele descobre que está caído de amores pela esposa de Adrião, seu patrão na empresa comercial em que trabalha.


A trama se desenrola em Palmeira dos Índios; nesta pequena cidade de Alagoas, gerida por Graciliano entre 1928 e 1930, o adultério é logo descoberto pelo marido, através de uma carta enviada por um remetente anônimo. Deprimido, Adrião toma uma trágica decisão e dá fim à própria vida. João, consumido pelo remorso, abandona sua amada, mas preserva sua posição de sócio da empresa.

Graciliano escolhe o título de seu livro ao realizar uma analogia metafórica entre o nativo caeté consumindo antropofagicamente o Bispo Sardinha, no século XVII, e o lado selvagem de João Valério ao tragar avidamente, no amor, o adversário Adrião. O próprio protagonista, ao fazer uma auto-análise, se vê como um ser dominado pelos instintos.

O leitor, ao percorrer as páginas deste livro, poderá perceber que o autor, nesta sua primeira tentativa literária, realiza, na verdade, uma intencional preparação para as demais obras, como Vidas Secas e Angústia, mais conhecidas e bem-acabadas. Ele é elaborado com menos esmero, mais rapidez e sem o cuidado com que as publicações posteriores serão agraciadas.

Caetés é como um fruto tardio de uma árvore já consumida pelo tempo, neste caso, o movimento naturalista em seus últimos estertores. É possível encontrar, em seu enredo, ingredientes típicos da literatura realista convencional, não só na forma, mas também no conteúdo.

O escritor retrata, em suas páginas, o dia-a-dia da cidade que, por um breve tempo, administrou. As características mais triviais de sua rotina, nada sublimes e heróicas, são representadas nesta história. Graciliano se preocupa em refletir, na sua obra, as interações sociais que se estabelecem no perímetro deste município.

As tintas que delineiam os personagens, com exceção do protagonista, são apenas superficiais, destacando somente suas características externas. Mais que a maneira de agir de cada um, destacam-se seus aspectos físicos e as virtudes corporais, tais como as feições, tiques nervosos, o formato das mãos, entre outros sinais.

Graciliano Ramos de Oliveira nasceu na cidade de Quebrangulo, em Alagoas, no dia 27 de outubro de 1892. Ele atuou como escritor, cronista, contista, jornalista, político e memorialista ao longo do século XX. Antes de escrever Caetés, elaborou várias descrições sobre os eventos que marcavam o cotidiano de Palmeira dos Índios, a cuja prefeitura ele renunciou em 1930. O poeta Augusto Frederico Schmidt, ao ler estas narrativas, estimulou Graciliano a criar sua primeira obra.

Fontes:
https://web.archive.org/web/20190127082849/http://jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Modernismo30/Prosa_de_30/Graciliano_Ramos_Caetes_resumo.htm
http://www.oyo.com.br/livros/literatura-e-ficcao/caetes/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Palmeira_dos_%C3%8Dndios
http://pt.wikipedia.org/wiki/Graciliano_Ramos

Arquivado em: Livros
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