Diabo-da-tasmânia

Por Yanna Dias Costa

Graduação em Ciências Biológicas (Unicamp, 2012)
Mestrado Profissional em Conservação da Fauna Silvestre (UFSCar e Fundação Parque Zoológico de São Paulo, 2015).

Categorias: Mamíferos
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O diabo ou demônio-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) é um mamífero da infraclasse dos marsupiais, família Dasyuridae. É encontrado na Ilha da Tasmânia, mas há registros fósseis de que ele já existiu em outros lugares da Austrália, há milhares de anos. Estão distribuídos por toda Tasmânia, principalmente em áreas de pastagem e regiões costeiras saudáveis. Mas ocorrem também nas áreas urbanas, florestas secas, mistas e úmidas. São animais que usam tocas, ocos de árvore e cavernas.

É um animal símbolo da ilha da Tasmânia, muito conhecido pelo personagem Taz, da Looney Tunes.

Características

O diabo da tasmânia tem coloração preta, com coloração branca nas bochechas, no dorso e uma faixa em forma de colar. Lembra o físico de um urso, mas possui rabo. Tem concentração de gordura na cauda, que ajuda no equilíbrio de movimentos. Indivíduos mais saudáveis, possuem caudas mais grossas. A sua mandíbula é forte e têm molares adaptados para esmagar ossos e rasgar carnes. O peso pode variar de 5 a 12 kg, dependendo da disponibilidade de recursos, tipo de habitat e idade do animal. Geralmente os machos são maiores. O marsúpio permanece fechado durante toda a reprodução e as fêmeas possuem 4 mamas. Pode chegar a medir 80 cm de comprimento.

Diabo-da-tasmânia. Foto: David Steele / Shutterstock.com

São animais noturnos e geralmente solitários, mas não são territorialistas, apesar de haver brigas e disputas agressivas quando dividem uma carniça. Podem tomar banhos de sol durante o dia, em tocas que eles mesmos cavam e constroem, com folhas e galhos. São onívoros e se alimentam de vegetação, insetos, larvas, pequenos vertebrados, mas não são considerados bons caçadores, normalmente se alimentam de carniça de animais maiores. Usam bem a audição e olfato para forragearem na busca de alimentos. Quando encontram um animal grande morto, podem juntar-se em mais de um indivíduo, apresentando comportamentos agressivos específicos, um contra o outro, como vocalização, postura do corpo, etc.

Poucos predadores comem indivíduos adultos desta espécie, seu predador natural é o lobo da Tasmânia, segundo registros. A predação ocorre mais em jovens e filhotes, por aves rapinantes grandes. É o segundo maior predador da ilha, contribuindo para o controle populacional de suas presas e tem um importante papel ecológico importante no ecossistema, já que é um grande consumidor de carniças.

Reprodução

O período reprodutivo é de maio a junho, com pico geralmente entre março e abril. São promíscuos e os machos disputam as fêmeas para se acasalarem. Nascem de 2 a 4 filhotes, depois de uma gestação de até 22 dias. Os filhotes sobem para a bolsa, para acabar de se desenvolverem, onde ficam por 4 a 5 meses. Entre o 6° e 8° mês um demônio da Tasmânia se torna independente e alcança a maturidade sexual por volta dos 2 anos de idade. A taxa de mortalidade de jovens é bem alta, mas os que conseguem chegar à vida adulta, vivem, em média, 5 anos na natureza.

Na base da cauda há presença de glândulas que secretam substâncias para comunicação social e demarcação, lhe dando um cheiro bem característico.

Ameaças

É interessante lembrar que por ser uma espécie insular, sofre com efeito fundador e tem baixa diversidade genética. Essas características podem deixar essa população mais frágil e menos resistente a doenças.

Durante a colonização da ilha, as populações de diabos da Tasmânia reduziram drasticamente, por perseguição de humanos. Acreditava-se que ele era responsável por morte de animais de criação. Na década de 40, deram início a projetos de proteção desta espécie, que voltou a ser ameaçada após ser atingida fortemente com uma doença neoplásica. É um tipo de tumor transmissível, que se desenvolve por toda a face e leva à morte, em 100% dos casos. Existem projetos de manejo em cativeiro para ajudar na manutenção desta espécie.

Atropelamento, perda de habitat e perseguição são as maiores ameaças a estes animais. Atualmente, a introdução de raposas vermelhas no mesmo habitat, tem aumentado a competição com o diabo da Tasmânia, o que pode dificultar seu restabelecimento.

Referências:

https://animaldiversity.org/accounts/Sarcophilus_harrisii/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Diabo-da-tasm%C3%A2nia

MILLER, W.; et al. (2011). «Genetic diversity and population structure of the endangered marsupial Sarcophilus harrisii (Tasmanian devil)». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 108 (30): 12348-12353.

JONES, M. (2003). JONES, M.; DICKMAN, C.; ARCHER, M. (eds.), ed. Predators with Pouches. The Biology of Carnivorous Marsupials. Collingwood, Victoria: CSIRO Publishing. pp. 285–296

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