Estado secreto polonês

Por Luisa Rita Cardoso

Doutora em História (UDESC, 2020)
Mestre em História (UDESC, 2015)
Pós-graduada em Direitos Humanos (Universidade de Coimbra, 2012)
Graduada em História (UDESC, 2010)

Categorias: Segunda Guerra Mundial
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Em resposta às ocupações nazistas, iniciada em 1º de setembro de 1939, poloneses organizaram um forte movimento de resistência, com mais de 300 grupos políticos e paramilitares envolvidos. Apesar da derrota militar, o governo polonês nunca se rendeu ou reconheceu a ocupação alemã. Apesar de ocupada, Varsóvia, capital do país, foi o centro da resistência polonesa. Em setembro de 1939, foi criado o Serviço Militar para a Vitória da Polónia (SZP), embrião do Estado secreto polonês, que era visto por seus apoiadores como a continuação do governo da República polonesa antes da guerra. Menos de um mês depois, em 17 de setembro, também o Exército Vermelho, soviético, invadiu a polônia e passou a disputar o território com os alemães.

O Estado Secreto Polonês foi formado pelo Comitê de Acordo Político, formado por representantes de diferentes partidos políticos poloneses. O principal objetivo era estabelecer diretrizes para serem implementadas quando do fim da Segunda Guerra. Em 1940, um governo no exílio foi estabelecido em Londres, já que naquele ano havia sido criada, na Inglaterra, a Executiva de Operações Especiais (Special Operations Executive - SOE), que dava assistência a todos os movimentos de resistência nas regiões europeias ocupadas pelo nazismo. Estava à frente desse governo, como primeiro-ministro, Wladyslaw Sikorski. Já o governo clandestino na Polônia, chamado Delegatura Rzadu, era dirigido por Jan Stanislaw Jankowski, que ficou no cargo até março de 1945, quando foi preso com outros membros do Delegatura pela polícia soviética.

Em janeiro de 1944, o Estado Secreto Polonês foi renomeado e passou a se chamar Krajowa Rada Narodowa, Conselho da Unidade. Em 15 de março do mesmo ano, uma declaração intitulada “Pelo que a nação polonesa luta” apresentou os objetivos econômicos, político e sociais do governo clandestino: Polônia livre e independente; a restauração da fronteira leste conforme estabelecido com os soviéticos em um acordo em 1921; sistema parlamentar e democrático com um governo centralizado; reforma agrária; desenvolvimento industrial com capital privado; e uma série de outros princípios que visavam uma sociedade mais igualitária. Dessa forma, grupos mais frágeis socialmente - crianças, jovens, camponeses e a classe trabalhadora - estariam juntos.

Dentre as ações do Estado secreto estavam a oferta de educação em diferentes níveis - do ensino escolar ao universitário, com cursos organizados clandestinamente nas grandes universidades do país. As ações de propaganda, através de imprensa clandestina, foram fundamentais para a disseminação das ideias e ações do governo. Estima-se que cerca de 1.500 diferentes materiais - panfletos, jornais - tenham sido produzidos no período.

O Parlamento clandestino tinha representantes dos partidos políticos mais importantes, como o Partido dos camponeses, o Partido socialista polonês, o Partido nacional e outros menores. O Partido dos trabalhadores poloneses não participou desse parlamento. Atrelado aos interesses soviéticos, recusava-se a reconhecer o governo constitucional da Polônia.

Derrotados os nazistas, os comunistas, apoiados pelos soviéticos, chegaram ao poder no país. Membros do Estado secreto foram processados como traidores. As forças Aliadas, evitando conflito com a União Soviética, não intervieram na questão. Em 1945, o Estado secreto polonês se desfez, evitando, dessa forma, uma guerra civil com os comunistas.

Referências:

http://www.warsawuprising.com/state.htm

https://www.ushmm.org/learn/students/learning-materials-and-resources/poles-victims-of-the-nazi-era/polish-resistance-and-conclusions

http://www.polishgreatness.com/secretundergroundstate.html

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