Brasil cai de posição em ranking mundial que avalia educação nas áreas de Ciências, Leitura e Matemática

08/12/2016 - 16h52 - Por Thaís Ferraz

Nesta semana, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). O levantamento, realizado por meio de provas aplicadas em 70 países, indicou que os estudantes brasileiros tiveram desempenho significativamente inferior à média dos estudantes que residem em países membros da OCDE, como Reino Unido, França e Dinamarca. O estudo é realizado uma vez a cada três anos e avalia as áreas de Ciências, Leitura e Matemática.


O desempenho médio dos estudantes brasileiros foi de 401 pontos, enquanto a média dos países membros da OCDE foi 493. Os alunos
da rede estadual brasileira fizeram 394 pontos. Com o resultado, o Brasil ficou na 63ª posição em Ciências, 59ª em Leitura e 66ª em Matemática - todos resultados inferiores aos de 2012, quando a prova foi realizada pela última vez. O resultado também indica que o Brasil está há dez anos entre os países com pior desempenho no levantamento.de

Cingapura atingiu o primeiro lugar do ranking nas três áreas testadas. Finlândia, Japão, Hong Kong e Taipei Chinesa também ficaram entre os cinco primeiros colocados. Entre os países da América Latina, os melhores colocados foram Argentina, Chile e Uruguai - apesar disso, eles também obtiveram desempenho abaixo da média dos países da OCDE.

Visão geral do desempenho brasileiro

O relatório da OCDE, disponível neste link, destaca os resultados principais que o Programa detectou no Brasil. De acordo com o documento, apesar do baixo desempenho, a média do país se manteve estável na área de Ciências desde 2006 e na área de leitura desde 2000. Na área de Matemática, houve um aumento significativo de 21 pontos na média dos alunos entre 2003 e 2015, mas o resultado deste ano é 11 pontos inferior ao da média em 2012, último ano de realização da prova. Neste ano, 23.141 estudantes de 841 diferentes escolas fizeram o exame. O número é equivalente a 73% dos adolescentes brasileiros que estudam e possuem 15 anos.

Ciências

Cada edição do PISA tem ênfase em uma área - em 2015, foi a vez de Ciências. Os alunos foram avaliados em três competências: explicação científica de fenômenos; avaliação e planejamento de experimentos científicos; e interpretação científica de dados e evidências. As perguntas possuíam três níveis de dificuldade (baixo, médio e alto) e variavam entre os modelos de múltipla escolha simples, múltipla escolha complexa e dissertativa. Os estudantes brasileiros obtiveram 401 pontos; 56,6% dos avaliados ficaram
abaixo do nível básico de proficiência.

Leitura

Na área de Leitura, a prova avalia três competências: capacidade de localizar e recuperar informação; integração e interpretação; e pioresreflexão e análise. A prova apresentou textos descritivos, narrativos e argumentativos. Além disso, os estudantes também se depararam com textos que apresentavam situações gerais, como pessoais e educacionais. A média de desempenho brasileira na área de Leitura foi 407 pontos; 50,99% dos estudantes ficaram abaixo do nível básico de proficiência.

Matemática

A área de Matemática obteve a pior pontuação. Nesta prova, o PISA avaliou as competências relacionadas a quantidade; incerteza e dados; mudanças e relações; espaço e forma. Os estudantes brasileiros atingiram 377 pontos, mais de 100 abaixo da média dos países da OCDE. 70, 25% dos estudantes ficaram  abaixo do nível básico de proficiência.

Dados sócio-econômicos e de educação

Além de avaliar o desempenho dos estudantes nas áreas de Ciências, Leitura e Matemática, o PISA também faz um levantamento de dados sociais, econômicos e de educação dos países participantes.

De acordo com o relatório do PISA, o PIB per capita do Brasil corresponde a menos da metade da média do PIB per capita dos países que são membros da OCDE. O gasto acumulado por estudante no país é de 38.190 dólares americanos, equivalente a 42% do investimento em estudantes dos países da OCDE. Países como a Colômbia, o México, o Uruguai e o Chile, que possuem gastos inferiores ou próximos ao do Brasil, tiveram resultados melhores do que o país.

O estudo aponta uma "ampliação notável de escolarização": 71% dos jovens brasileiros que estão na faixa de 15 anos de idade estão matriculados na escola a partir da 7ª série. De acordo com o relatório, "o fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo".

Apesar disso, o país ainda tem uma série de marcadores negativos na educação: 43% dos alunos brasileiros estão na faixa dos 20% estudantes mais desfavorecidos na escala internacional de níveis sócioeconômicos do PISA. Esse dado é bastante significativo, uma vez que o desempenho em ciências de um aluno de nível sócio-econômico mais elevado é em média 27 pontos superior ao de um aluno com nível sócioeconômico menor. Essa diferença equivale aproximadamente ao aprendizado de um ano letivo.

O relatório ainda destaca que a maioria dos pais dos alunos brasileiros não possui nível superior: menos de 15% dos adultos na faixa etária de 35 a 44 anos têm um diploma universitário. Entre os países do PISA, o Brasil é o penúltimo colocado no ranking de adultos com nível superior, ficando atrás apenas da Indonésia.

Para acessar mais informações e o ranking completo do PISA, clique aqui.

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