#InfoAtualidades: Entenda o Brexit

08/04/2017 - 14h47 - Por Thaís Ferraz

Nesta semana, o Parlamento Europeu (também conhecido como Eurocâmara) estabeleceu condições para as negociações do Brexit. As diretrizes foram concebidas após o Reino Unido oficializar a saída da União Européia por intermédio de uma carta, que foi entregue ao presidente do Conselho Europeu no dia 29 de março.

A previsão é de que o processo de separação dure no mínimo dois anos. As consequências ainda são desconhecidas, já que esta é a primeira vez que um país do bloco europeu pede para deixar o grupo.

Entenda os principais pontos do Brexit:

O que é o Brexit?

A palavra "Brexit" tem origem na junção das palavras Britain (Grã-Bretanha) e Exit (Saída). O termo Brexit representa o processo de desligamento da União Européia iniciado pelo Reino Unido no ano passado.

Em 2015, o ex-Primeiro Ministro David Cameron prometeu realizar um plebiscito sobre a permanência do Reino Unido na União Européia caso vencesse as eleições parlamentares. Diversos atores políticos, como o Partido Conservador e o partido nacionalista Ukip, já exerciam pressão para que esse debate fosse levado ao voto popular. No plebiscito, realizado em 2016, 51,9% dos britânicos votaram pela saída do Reino Unido e 48,1% defenderam a permanência do país na União Européia.

Quais foram os motivos da saída?

O Brexit tem bases históricas, mas é também uma resposta a uma série de questões políticas atuais.

O Reino Unido sempre manteve ressalvas em relação à União Européia. O país ingressou na então Comunidade Econômica Européia (CEE) em 1973, mas já no ano seguinte a população travou debates acirrados sobre a permanência ou não no bloco econômico. Em 1975, o Reino Unido realizou um plebiscito sobre a permanência do país na CEE: 67,2% da população foi favorável à permanência. Apesar da vitória, a decisão estava longe de ser unânime.

Nas décadas seguintes, muitos políticos e setores da imprensa manifestaram alguma forma de ceticismo ou discordância em relação à União Européia, visão que era também compartilhada por muitos cidadãos britânicos. Temas como economia e centralização x controle nacional tensionavam a relação entre o país e a UE.

Além das questões históricas, uma série de fatores foram decisivos no resultado do plebiscito. A BBC listou oito: O peso da economia; A promessa de dinheiro para a saúde; A questão da imigração; A baixa popularidade do primeiro ministro; As falhas do Partido Trabalhista; As Estrelas do "Leave"; Os eleitores mais velhos; e as questões históricas já citadas anteriormente.

Bremain x Brexit

O plebiscito continha uma única pergunta: "deve o Reino Unido permanecer como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?". Na cédula, só haviam duas opções: "Permancer" (Remain) e "Sair" (Exit).

Entre os principais defensores do"Bremain" (permanência do Reino Unido na União Européia) estavam o então primeiro ministro David Cameron (Partido Conservador), os partidos Trabalhista, Liberal Democrata, Nacionalista Escocês (SNP) e Plaid Dymru (País de Gales) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Brexit, por sua vez, foi defendido principalmente pelos membros do partido nacionalista Ukip, cujo líder, Nigel Farage, tornou-se uma figura determinante na discussão. Além disso, metade dos parlamentares conservadores apoiaram a saída. Uma parcela da esquerda também defendeu o Brexit, principalmente por discordar das políticas liberais executadas pela UE.

As urnas mostraram um país bastante dividido por regiões: enquanto Londres votou pela permanência, a maioria das outras cidades foi a favor do Brexit. A Escócia e a Irlanda do Norte também votaram a favor da permanência, enquanto o País de Gales defendeu a saída.

O resultado da votação também trouxe à tona uma diferença fundamental entre as gerações. Os jovens de 18 a 24 anos votaram pela permanência (64%), enquanto os maiores de 65 defenderam o Brexit (77%).

Quais podem ser as consequências do Brexit?

As consequências do Brexit, tanto para o Reino Unido quanto para a UE, ainda são desconhecidas. O desenrolar das negociações entre o país e o bloco também será decisivo para isso.

Por enquanto, sabe-se que o Reino Unido perderá o direito de participar do mercado único europeu. O livre movimento de bens, pessoas e capitais entre os países da UE também ficará fora de alcance. No entanto, é possível que o país possa fazer parte do mercado único mesmo fora da UE, como no caso da Noruega.

A UE também poderá ser afetada, perdendo poder e se tornando menos atraente economicamente. Além disso, há o temor de que o Brexit incentive a saída de outros países do bloco, o que poderia resultar em seu fim.

Próximos passos

A negociação será bastante complexa, já que os outros 27 membros do bloco deverão participar dela. Além disso, a saída do Reino Unido exigirá a rescisão de vários tratados internacionais.

Nesta semana, a Eurocâmara estabeleceu suas exigências para a negociação, que terá início nos próximos meses. A estimativa é de que o Reino Unido consiga oficialmente deixar o bloco europeu a partir de 2019.

Fontes:
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36555376
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36609225
http://www.bbc.com/news/uk-politics-32810887
http://www.dw.com/pt-br/1975-ingleses-aprovam-ingresso-na-ue/a-1226088
http://g1.globo.com/mundo/noticia/brexit-reino-unido-entrega-carta-e-da-inicio-a-saida-da-uniao-europeia.ghtml
http://g1.globo.com/mundo/noticia/eurocamara-adota-diretrizes-para-negociacoes-do-brexit.ghtml
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-37702329

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