Novo relatório global da OMS revela que uma em cada três mulheres sofre violência; desigualdade social é o principal fator de risco

12/03/2021 - 17h33 - Por Karoline Figueiredo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Programa Especial de Pesquisa e Desenvolvimento do PNUD; UNFPA; UNICEF; OMS; Banco Mundial; e Treinamento em Pesquisa em Reprodução Humana (HRP), desenvolveu o Relatório Global, regional and national estimates for intimate partner violence against women and global and regional estimates for non-partner  sexual violence against women. O documento foi elaborado para o Grupo de Trabalho Interinstitucional das Nações Unidas sobre Violência contra a Mulher, Estimativa e Dados.

Segundo o relatório, uma em cada três mulheres no mundo, cerca de 736 milhões, sofre violência física ou sexual por parte do parceiro, ou violência sexual por parte de um não parceiro. O número de casos permanece o mesmo na última década.

A estatística mostra que mulheres jovens são as mais atingidas. Uma em cada quatro mulheres com idade entre 15 e 24 anos, que estiveram num relacionamento, já sofreram algum tipo de violência.

"A violência contra as mulheres é endêmica em todos os países e culturas, causando danos a milhões de mulheres e suas famílias, e foi agravada pela pandemia de Covid-19. Mas, ao contrário da Covid-19, a violência contra as mulheres não pode ser interrompida com uma vacina. Só podemos lutar contra isso com esforços sustentados e enraizados por governos, comunidades e indivíduos, para mudar atitudes prejudiciais, melhorar o acesso a oportunidades e serviços para mulheres e meninas e promover relacionamentos saudáveis e mutuamente respeitosos", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O relatório apresenta informações com base de dados de 2000 a 2018, atualizando estimativas anteriores divulgadas em 2013. A OMS e parceiros alertam que com a pandemia, houve um aumento significativo na exposição de mulheres à violência em decorrência de medidas como lockdowns e interrupções de serviços essenciais.

É constatado que situações de emergências intensificam a violência, aumentando a vulnerabilidade e os riscos. Apesar de muitos países terem um acréscimo nas denúncias de violência pelo parceiro para linhas de apoio, polícia, profissionais de saúde, professores e outros, o impacto total da pandemia na prevalência só será estabelecido quando as pesquisas forem retomadas, destaca o relatório.

De acordo com as pesquisas, desigualdades são o principal fator de risco para a violência contra as mulheres. A violência afeta desproporcionalmente mulheres que vivem em países de baixa e média-baixa renda. Segundo registros, 37% das mulheres que vivem em países mais pobres sofrem violência física e/ou sexual por parte do parceiro em sua vida. Alguns países inclusive, possui estimativa de uma a cada duas mulheres.

As regiões com maiores taxas de violência entre mulheres de 15 e 49 anos são Oceania, Sul da Ásia e África Subsaarina. As taxas mais baixas são encontradas na Europa, Ásia Central, Leste Asiático e Sudeste Asiático.

A violência pode ter um impacto na saúde e bem-estar de uma mulher pelo resto de sua vida, mesmo depois do término da violência. Podem ser citados exemplos como aumento de risco de lesões, depressão, transtornos de ansiedade, gravidez não planejada, infecções sexualmente transmissíveis como o HIV, e diversos outros problemas. As consequências também geram impactos na sociedade, com custos altos, refletindo inclusive nos orçamentos nacionais, além do desenvolvimento geral.

A prevenção da violência exige o enfrentamento das desigualdades econômicas e sociais sistêmicas, garantindo o acesso à educação e ao trabalho seguro, e mudando as normas e instituições discriminatórias de gênero. As intervenções bem sucedidas também incluem estratégias que garantam a disponibilidade de serviços essenciais e acessíveis às sobreviventes.

Para mais informações acesse o portal da OPAS.

 

 

 

 

 

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