Pretérito imperfeito do indicativo

Por Cynthia Cordeiro Chalegre

Graduada em Letras-Português (USP, 2011)

Categorias: Português
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Os tempos verbais são formados a partir da referência ao momento em que se realiza a enunciação. Referem-se, assim, ao momento em que se fala (presente); a um momento anterior ao da fala (passado ou pretérito); ou a um momento posterior ao momento em que se fala (futuro).

Com isso, temos que o pretérito imperfeito do indicativo designa um fato passado, mas não concluído (imperfeito = não perfeito, inacabado). Transmite uma ideia de continuidade e duração, podendo indicar, por exemplo, uma ação que se configurou como hábito.

Com relação à conjugação, os verbos no pretérito imperfeito do indicativo seguem os seguintes paradigmas:

Verbo falar (-ar, 1ª conjugação)
1ª pessoa – singular Eu falava
2ª pessoa – singular Tu falavas
3ª pessoa – singular Ele/ela falava
1ª pessoa – plural Nós falávamos
2ª pessoa – plural Vós faláveis
3ª pessoa – plural Eles/elas falavam

 

Verbos comer e partir
(-er / -ir, 2ª e 3ª conjugações), respectivamente
1ª pessoa – singular Eu comia / partia
2ª pessoa – singular Tu comias / partias
3ª pessoa – singular Ele/ela comia / partia
1ª pessoa – plural Nós comíamos / partíamos
2ª pessoa – plural Vós comíeis / partíeis
3ª pessoa – plural Eles/elas comiam / partiam

Os modelos fixos de conjugação dos verbos correspondem à terminação dos verbos na forma nominal do infinitivo e, logo, à sua vogal temática. Assim, dentre os verbos regulares*, temos os de 1ª, 2ª e 3ª conjugações, conforme exemplos:

* Verbos regulares são aqueles que seguem um paradigma comum de conjugação, sem alteração do radical. Exemplo: cantar, radical: cant- (a conjugação acontece sem que essa partícula se altere).

Vejamos alguns exemplos de usos do pretérito imperfeito do indicativo:

1. Expressa fatos em uma época passada, descrevendo o que então era presente:

Aos fins de tarde, sentava-me ao pé da jabuticabeira para fumar e contemplar o sol que se deitava no horizonte.

2. Indica ações simultâneas, quando uma se sobrepõe à outra:

Enquanto cantava alto, algumas pessoas na casa acordaram.

3. Denota ação habitual, recorrente:

Quando mamãe chamava, nós atendíamos prontamente.

4. Indica fatos passados dando ideia de continuidade e permanência:

Pela janela que dava para a rua, viam-se as crianças brincarem na calçada.

5. Pode aparecer no lugar do futuro do pretérito, quando há um fato que seria consequência certa de outro que, no entanto, não ocorreu ou não poderia ocorrer:

O trabalhador não tem força. Se tivesse, a greve se instalava (=instalaria).

6. Pode, também, ser usado no lugar do presente do indicativo, como forma de atenuar um pedido, de uma forma mais polida:

Carlos, eu vinha (=vim) exclusivamente tratar da situação da sua mãe.

7. Situa no tempo contos, lendas, fábulas etc.:

Era uma vez, uma floresta encantada onde vivia um lobo.

Bibliografia:

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.

CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2009. 696 p.

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