Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade

Por Paula Farias Akkari

Psicóloga (CRP 06/178290), graduada pela PUC-SP.
Mestranda em Psicologia Social na mesma instituição.
Pós-graduanda no Instituto Dasein.

Categorias: Psicologia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica com importantes componentes genéticos. Seus sintomas tem início na infância e podem persistir na vida adulta. Estes podem ser de três ordens:

Foto: Antonio Guillem / Shutterstock.com

Consequentemente, a pessoa com TDAH comumente enfrenta dificuldades relacionadas a direcionar e manter a atenção, com prejuízos relacionados à filtragem de estímulos irrelevantes à tarefa que estão realizando.

Como descreve o psiquiatra e autor Paulo Delgalarrondo, o sujeito com este diagnóstico tem de organizar e completar tarefas prejudicada, assim como possui dificuldade em controlar seus comportamentos e impulsos. Por mais, esses impasses seriam maiores quando se faria necessário um estado de vigilância para detectar informações infrequentes, sobretudo quando não sejam interessantes para o indivíduo.

Entretanto é importante ressaltar que identificar-se com esta descrição não significa apresentar TDAH. O diagnóstico só pode ser dado por profissionais após a inferência de que os sintomas estejam causando desvantagens competitivas e desconfortos funcionais ao sujeito. Ademais, é essencial a verificação de que estes não sejam provocados por outro transtorno (como dificuldades sensoriais ou quadros ansiosos).

Bases neurológicas

Apesar de não haver exames que detectem o transtorno, algumas evidências norteiam a pesquisa de seus componentes biológicos.

Estudos de imagem cerebral revelam, em pessoas com TDAH, alterações no córtex frontal e em suas conexões (DELGALARRONDO, 2000, p. 88). Por mais, afirma-se que o principal componente neurológico relacionado a atenção seja o circuito atencional cíngulo-frontal-parietal, sobre o qual um considerável número de estudos confirma disfunção (Bush, 2011).

Há também hipóteses relacionadas à perturbação de inibição de respostas. O déficit que leva à impulsividade envolve disfunção nas funções executivas frontais, que também são relacionadas à atenção alternada (mudanças de contexto) e à atenção sustentada (capacidade de manter-se em uma tarefa). Por sua vez, o autocontrole, que é baixo no sujeito impulsivo e essencial para sua regulação emocional, é exercido pelos circuitos frontoestriatais e frontossubtalâmicos do cérebro.

Tratamento

Os recursos para a intervenção consistem em psicoterapia, medicação e terapias de apoio.

Os remédios só podem ser utilizados sob supervisão médica. Por mais, cada caso é único, portanto, a escolha do fármaco será feita de acordo com as particularidades de cada caso, sendo a presença de comorbidades (associação com outros transtornos) uma variável relevante para sua definição.

O tempo do tratamento pode variar, desde que seja suficiente para controle dos sintomas e melhora da qualidade de vida do sujeito. Ademais, é frequente que a conscientização acerca das dificuldades, junto ao aprendizado de estratégias comportamentais que as minimizem, signifique alta do paciente.

Panorama de pensamento

A educação é importante para a promoção de qualidade de vida ao sujeito com TDAH e às pessoas com quem ele convive.

Com o acesso à informação, além da melhora na autoestima dos sujeitos, o estigma atribuído ao transtorno é combatido. Como consequências, haverá diminuição dos problemas relacionados à autovaloração e do tratamento do assunto como tabu.

Por mais, é importante não utilizar termos como “déficit de atenção” e “hiperatividade” de maneira pejorativa. O uso errôneo dessas palavras pode menosprezar os sentimentos das pessoas que possuem estes diagnósticos.

Referências bibliográficas:

RAFIA: 1. Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!