Dependência física

Por Juliana Pires

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

Categorias: Drogas, Saúde
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Dependência física e dependência química se atrelam a indivíduos que fazem o uso constante de determinadas drogas. Em menor ou maior grau, ambas precisam estar presentes para que um diagnóstico de dependência seja confirmado. O uso constante associado a altas doses da droga leva o organismo a modificar seu sistema, se estabelecendo um novo equilíbrio, adaptando-se à substância em questão. Ao parar de fazer o uso de certas drogas, o indivíduo tende a sentir sintomas físicos, relacionados à falta da substância química em seu organismo. Com isto, há um estímulo para que continue a utilizar a droga, que se mantendo constante no corpo acaba por eliminar os desconfortos. Esses sintomas são conhecidos como “Síndrome da Abstinência”, que aparecem a cada vez em que a concentração da substância química diminui no organismo. Com o uso crônico dessas drogas, o indivíduo também tende a requerer doses cada vez maiores, a fim de alcançar os mesmo resultados observados em doses ora menores. Este mecanismo é definido como tolerância, que associado à síndrome da abstinência acaba por levar a um quadro de dependência física.

A síndrome da abstinência é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas resultantes da falta da droga no organismo de um dependente químico. Como essas substâncias agem no Sistema Nervoso Central, são conhecidas como drogas psicoativas, e tendem a modificar o gradiente químico normal do sistema. Desta forma, essas manifestações são reflexos do desequilíbrio metabólico provocados pela interrupção do uso da substância química. Envolve sensações de mal-estar e sofrimento físico e mental, em diferentes graus, diferindo para cada indivíduo e tipo de droga. Podem aparecer algumas horas depois que fez o uso, ou até dias depois de que foi consumida pela última vez. As manifestações mais graves podem levar o indivíduo à morte, como àquelas observadas ao uso de heroína e álcool. Em relação aos dependentes de álcool, os sintomas da abstinência podem incluir de um simples tremor nas mãos, até sintomas mais intensos como os gastrointestinais, incluindo náuseas e vômitos, e confusão mental conhecida como “delirium tremens”, em que o indivíduo perde a percepção do ambiente, manifestando alucinações e ilusões que parecem reais, associados a tremores marcantes, arritmia cardíaca e sudorese excessiva, colocando em risco a vida do usuário. Sintomas semelhantes podem ser observados em indivíduos que fazem uso de fármacos pertencentes às classes dos benzodiazepínicos e barbitúricos.

Aproximadamente metade dos indivíduos que fazem o uso do álcool irão sentir os sintomas da abstinência, ao cessarem ou diminuírem o seu uso. Também, cerca de 3% a 5% desenvolverão o “delirium tremens”. Sem o devido tratamento, a taxa de mortalidade desses indivíduos pode chegar a até 40%, sendo de suma importância a correta avaliação e tratamento.

Felizmente, com os medicamentos disponíveis atualmente grande parte dos indivíduos que sofrem de dependência física podem ser tratados. Contudo, outro fator preocupante deste estado é a dependência psicológica presente na maioria dos pacientes. Essa dependência, que também surge com a interrupção do uso da droga, está associada a um estado de grande mal-estar e desconforto, envolvendo sintomas de ansiedade, falta de atenção e sensação de vazio, variando em grau de pessoa a pessoa. Por ser mais difícil de ser tratada, é a dependência psicológica que, na maioria das vezes, acaba por fazer com que o indivíduo volte a consumir a droga.

O tratamento frequentemente envolve o uso de medicamentos, como os benzodiazepínicos, barbitúricos e metadona, que devem ser utilizados com cautela e sob supervisão médica, por também poder resultar em dependência.

Referências bibliográficas:

Dependência. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. Universidade Federal de São Paulo. Disponível em http://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/dependencia.html. Acesso em 11/11/2016.

Álcool e Drogas sem Distorção. NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein. Disponível em <http://www.einstein.br/alcooledrogas>. Acesso em 11/11/2016.

Delirium tremens. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Delirium_tremens>. Acesso em 12/11/2016.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!