Coito interrompido

Por Nayane Peixoto Soares

Doutora em Ciência Animal (UFG, 2020)
Mestrado em Ciências Veterinárias (UFU, 2013)
Graduação em Ciências Biológicas (UEG, 2010)

Categorias: Reprodução, Sexualidade
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O coito interrompido é um método contraceptivo comportamental, que consiste em retirar o pênis da vagina momentos antes da ejaculação, durante a relação sexual. Esse é um método utilizado desde a antiguidade até os dias atuais. No entanto, apresenta eficácia de 15 a 28% quando usado como método principal de forma eventual, a menor entre os contraceptivos atuais. Sua eficácia aumenta quando seu uso é contínuo por mais de um ano ou quando associado a outros métodos.

Como funciona o método

Os altos índices de falha na utilização eventual do coito interrompido estão relacionados às suas características, que são:

No entanto, o mais preocupante desse método é o fato de não proteger contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e o HIV, já que os fluidos pré-ejaculatórios e a superfície da pele contém bactérias, células de defesa e vírions, as partículas virais capazes de infectar os tecidos.

Quando utilizar esse método

A utilização do coito interrompido como método anticoncepcional principal deve ser desencorajado, principalmente pelos riscos de contaminação por ISTs. Mas, essa é uma forma de prevenir gestação mais eficaz do que nenhum método, ou seja, deve ser utilizado momentaneamente apenas quando não houver a possibilidade de outro método mais ativo e a relação sexual não puder ser evitada.

Em contrapartida, quando utilizado como método secundário combinado ao uso do preservativo pode ser eficiente. Do mesmo modo, a taxa de falha do seu uso perfeito é de 4% em comparação a 3% para preservativos. Para isso, é necessário que o homem tenha perfeito autocontrole durante as relações sexuais e ejacule longe da vulva. Isso pode ser alcançado com a prática protegida até o usuário sentir-se seguro.

No que concerne o risco de infecção alto nesse método, esse fato pode ser minimizado pela prática sexual monogâmica, ou seja, a redução no número de parceiros mútuo pelos casais reduz o risco de infecções. Mas, vale lembrar que muitas ISTs são veiculadas por outras vias, como o contato com sangue contaminado e podem gerar disseminação entre casais.

Vantagens e Desvantagens

As vantagens envolvem a falta de efeitos colaterais observados em métodos contraceptivos hormonais, pode ser utilizado a qualquer momento e sem custos. Além de que envolvem os parceiros na adesão do método, exige comunicação entre eles e aumenta o autoconhecimento do corpo pelos homens.

Mas, as desvantagens envolvem o desconforto e a frustração que a interrupção do coito causa para os parceiros. Além de que oferece riscos à saúde.

Referências:

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico/Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher – 4a edição – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

JONES, Rachel K.; LINDBERG, Laura D.; HIGGINS, Jenny A. Pull and pray or extra protection? Contraceptive strategies involving withdrawal among US adult women. Contraception, v. 90, n. 4, p. 416-421, 2014.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. DEPARTAMENTO DE SAÚDE REPRODUTIVA E PESQUISAS. Planejamento Familiar: Um Manual Global para Profissionais e Serviços de Saúde. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/44028/9780978856304_por.pdf;jsessionid=3037EF3B1119DF74E8C2B131B54AB46E?sequence=6. Acesso em 27/12/2019.

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